Política

Abstenção não é desculpa para o que possa vir a acontecer

Ou a União Europeia e os moderados tomam juízo ou, então, estamos tramados. Este poderia ser um título para um artigo contra a abstenção nas eleições para o Parlamento Europeu para evitar a ascensão dos extremistas de direita. Os extremistas de esquerda ainda não são o perigo para a U.E.


Digo isto porque o Brexit, as migrações sem controle e solidariedade, os interesses nacionais desnecessariamente amplificados e o populismo são as ameaças à UE, o projeto político mais relevante e bem-sucedido da História Europeia, que têm conduzido à ascensão de minorias extremistas de direita, graças a discursos populistas eloquentes, mas não realistas.



Não é por acaso que os grupos unidos da extrema-direita europeia têm ao seu lado Steve Bannon, ex-conselheiro de Donald Trump na campanha eleitoral, procura ser o mentor do vírus extrema-direita europeia e, por isso, se tem visto ao lado de Marine Le Pen e de outros.


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Foto de France 24. Steve Bannon e Le Pen, Março de 2018 em Lille, França.


Bannon, poucos meses antes de assumir seu papel como chefe da campanha presidencial de Trump, sugeriu que Salvini, vice-presidente da Itália e líder do partido da Liga, partido da extrema-direita, deveria começar a visar abertamente o Papa Francisco, que enfrentou a situação. dos refugiados como uma pedra angular do seu papado. “Bannon aconselhou o próprio Salvini a considerar o papa atual como uma espécie de inimigo. Ele sugeriu, com certeza, atacar, frontalmente”, disse um importante membro da Liga numa entrevista ao site SourceMaterial .


Salvini anunciou em março deste ano que queria trazer a extrema-direita de toda a Europa para uma aliança com o lançamento de uma nova coligação de direita para as eleições parlamentares europeias de maio. Salvini revelou este projeto apenas alguns dias depois de se ter encontrado com Bannon em Roma em março, o que leva a acreditar que Bannon escolheu pessoalmente Salvini como o líder informal das forças populistas eurocéticas na Europa.


Em “O Povo contra a Democracia”, livro de Yascha Mounk, Docente do Departamento de Governo da Universidade de Harvard, escreve que estamos numa era de populistas e que estes já não são periféricos, são uma força que começa a ser dominante. Escreve ele que “quando as pessoas percebem que as promessas dos populistas são falsas, que eles são tão ou mais corruptos do que os políticos que vieram antes deles, muitas vezes não voltamos a eleger um político mais moderado.”. Quando é assim as pessoas procuram esperança no populista que se segue. Quando sai o tiro pela culatra desabafam: Ai que Deus que eu não sabia!…


Os eurocéticos e os populistas da extrema-direita andam em permanente guerrilha pelas atenções dos meios de comunicação tendo escrito na sua catecismo a instrumentalização pelo medo e sobre dúvidas em relação ao futuro culpando o problema da imigração e a U.E. por quase todos os males, aproveitam o descontentamento económico para prometerem o que sabem não poder dar e utilizam e abusam das redes sociais onde sabem que há incautos que podem cair na armadilha. Fazem uma espécie de governação pelo Facebook e pelo Twitter onde procuram ampliar as suas mensagens criando caos, mentiras e confusão. Serão a génese dos que poderão vir a iniciar, no futuro, uma nova guerra?


Afinal são os princípios da propaganda aplicados à comunicação política que não são novos e que são agora utilizados pelas extremas-direitas.


- Princípio da simplificação e do inimigo único, escolher um inimigo e conseguir acabar com ele.


- Princípio do contágio, mostrar como o presente e o futuro estão sendo contaminados por este inimigo.


- Princípio da transposição, transferir todos os males sociais a esse inimigo.


 - Princípio da exageração e da desfiguração, que é exagerar as más notícias, deturpá-las e modo desfigurá-las para transformar um delito em mil delitos criando assim um clima de profunda insegurança e temor na população que se irá questionar sobre o que nos vai acontecer.


- Princípio da vulgarização que consiste em tudo numa coisa torpe e de má índole.


- Princípio da orquestração que é fazer divulgar os boatos até que se transformem em notícias de modo a serem sendo replicadas pelos media.


- Princípio da renovação que consiste em lançar novas notícias (sobre o inimigo escolhido) para que o recetor não tenha tempo de pensar.


- Princípio do verossímil que é discutir a informação através de diversas interpretações de especialistas, mas sempre tendo em contra do alvo político escolhido para que o através desses debates o recetor não perceba que o assunto interpretado não é verdadeiro.


- Princípio do silêncio consiste em ocultar toda a informação que não seja conveniente.


- Princípio da transferência que se baseia em potenciar um facto presente com um facto passado. Sempre que se noticia um facto acrescentar com um facto que tenha acontecido antes.


 - Princípio de unanimidade que é a procura de convergência em assuntos de interesse geral apoderando-se do sentimento produzido por estes e colocá-los contra do inimigo alvo.

Abstenção não é desculpa para o que possa vir a acontecer

Abstenção e dispersão de votos abre as portas aos inimigos dos valores europeus

Há uma espécie de estado de emergência que justifica que deixemos de considerar as eleições para o Parlamento Europeu como sem interesse. Essa emergência é devido a tudo o que pode colocar em perigo a construção de uma Europa unida, democrática e aberta ao mundo. A U.E. foi considerada por outros povos ao longo de décadas como o melhor lugar do mundo e uma forte comunidade de povos diferentes com uma moeda única forte e credível em todo o mundo. A nova administração dos EUA chegada ao poder com as eleições de 2016 apontou como um dos seus tenebrosos objetivos a destruição da União Europeia.


Os fatores exógenos para a crise europeia são a nova geopolítica mundial com a emergência de novas potências. Os fatores endógenos foram os relacionado com a má gestão resultantes da crise financeira que fraturou a coesão entre países, nomeadamente os considerados ricos e os pobres, a crise das migrações e os sentimentos de raiva dos povos aproveitados e alastrados pelos partidos e movimentos populistas de extrema-direita e também por alguma direita que os aproveitaram para obterem dividendos eleitorais em vários países confirmados pela sua ascensão na última década.


Os sinais de perigo advieram do abrandamento da economia europeia, do aumento das desigualdades sociais e a retração da solidariedade. A solidariedade implícita nos países da União Europeia não só foi limitada como em alguns casos eliminada. A ideia do multiculturalismo abraçada e expandida durante os anos oitenta e noventa foi sendo lançada para segundo plano e até regrediu. As causas estão nas ideias lançadas por movimentos racistas e xenófobos aliados que aliados aos egocentrismos nacionalistas originados pela crise das dívidas soberanas que afetaram os países mais frágeis e com deficiente gestão das finanças públicas.


Outro dos fatores tem a ver com a dominância geoestratégica de lideranças nacionalistas em Washington, na China e em Moscovo. A União Europeia passou a ser cada vez um parceiro secundário a abater enquanto união. Os líderes europeus que viveram a Europa durante a crise de 2008, preocupados com o seu “umbigo” nacionalista que alimentaram a rivalidade entre os países do norte e os do sul perdulários e despesistas como alguns lhes chamavam. Ainda está presente a afirmação sobre Portugal quando o holandês Jeroen Dijsselbloem, em 2017, acusou os europeus do Sul de gastarem dinheiro em “copos e mulheres”.


Todos os cenários são agora alimentados por incertezas sobre o destino da U.E. que são aproveitados por aqueles que sempre a quiseram destruir e se encontram agora a caminho para uma possibilidade de vitória. O seu objetivo é o de, e também em Portugal, contribuírem para a sua desagregação.


“Em vésperas de eleições europeias, o cenário mais preocupante é o da fragmentação política da Europa, com a ascensão dos partidos populistas e nacionalistas, na sua generalidade fortemente eurocépticos, e a queda das velhas famílias políticas que construíram a União Europeia desde a sua fundação.”, escreve Teresa de Sousa no jornal Público.


Estou convicto que ninguém deseja para a U.E. uma força unida de partidos da extrema-direita cujo lema é a destruição do projeto europeu que venham a ser Cavalos de Troia na Europa. Estes são os mesmos partidos que têm discursos de populistas e de mentiras que pretendem destruir a Europa. Com este tipo de discursos já existe um, embora de sinal contrário, que destruiu a Venezuela


Ao contrário do que diz o candidato Nuno Melo da direita CDS, (que agora parece também ser de extrema-direita), não é a extrema-esquerda que está a pôr a U.E. em perigo, que o está a fazer são os partidos como aquele que ele passou a defender.


Em Portugal não parecia existirem partidos da direita democrática que direta e ostensivamente se opusessem à Europa e se identificassem com a extrema-direita. Parece ter chegado o momento dessa aproximação da direita a esses partidos. Tal é o caso de Nuno Melo, cabeça de lista do CDS-PP às europeias para quem o partido espanhol Vox não é um partido de extrema-direita e admite que venha a integrar a mesma família política europeia do CDS e do PSD. Para Nuno Melo o Vox é um simples partido de Direita, que cabe perfeitamente na mesma família política do Partido Popular Europeu a que pertencem o CDS e o PSD.


 Esta posição de Nuno Melo foi comentada por Ana Sá Lopes num editorial do jornal Público co o título “Vox, o partido amigo do dr. Nuno Melo” onde escreve que Nuno Melo “Tem medo que o sr. Ventura de Loures lhe vá tirar votos? Mesmo sendo o CDS o partido mais à direita do espectro nacional, esta colagem ao Vox e ao orgulho franquista não deixa de ser uma aberração.”.


Na véspera de um encontro de líderes das principais formações europeias de extrema-direita a realizar hoje, sábado, o vice-primeiro-ministro e ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, proferiu declarações perante jornalistas estrangeiros em Milão, em que diz ser "Mais pró-europeu do que os pró-europeus” acrescentando que "Os eurocéticos são quem domina a Europa neste momento. Os antieuropeus são os socialistas o Partido Popular Europeu. Converteram um sonho num pesadelo, numa prisão.”. É este tipo de inversão de valores que os populistas da extrema-direita utilizam para captar apoiantes, sabendo eles que, se tiverem maiorias absolutas nos seus países revertem tudo quanto defendiam, como aconteceu por exemplo na Hungria e na Turquia, este último país não pertencendo à U.E.


A abstenção e a dispersão de votos nas eleições da próxima semana para o Parlamento Europeu podem resultar numa vitória da extrema-direita que critica e está contra tudo, e diz, ao mesmo tempo, tudo poder resolver. Não sabemos é como!


A extrema direita populista não faz parte da solução é a parte do problema.


Pode também ler aqui sobre a extrema-direita.

União Europeia e a escolha entre o tudo e o nada

A decisão destas eleições encontra-se em muito na mão da população mais jovem que terão de escolher entre uma União Europeia construída em liberdade e com sacrifício e a sua destruição a troco de nada. Uma das respostas é evitar a abstenção.


As eleições europeias apresentam-se mais importantes do que as do passado. Quem preza a democracia no seu país deve contribuir para a preservar também no contexto europeu onde nos inserimos.


Isto por causa do atual contexto político, e da possível saída do Reino Unido e, ainda, devido a problemas regionais, como é o caso da gestão das fronteiras externas da União Europeia.


A abstenção nas eleições não é a saída para os problemas da U.E., bem pelo contrário, eles apenas se resolvem com a votação em massa nos candidatos que os podem resolver para não deixarmos os que fazem afirmações populistas prometendo modificá-la por dentro criando entropias no seu funcionamento com objetivos tendentes à sua desagregação.


Os jovens que circulam livremente pela Europa, quer através do programa Erasmus, quer através de qualquer outra forma com motivações várias, devem ser os primeiros a tomar consciência da gravidade da situação que pode advir do Parlamento Europeu vir a ter maioria dos partidos que pretendem limitar essa liberdade de circulação ao conseguirem impor nacionalismos exacerbados e outras limitações à liberdade dos cidadãos.


O resultado destas eleições encontra-se em muito na mão da população mais jovem que terão de escolher entre uma União Europeia construída em liberdade e com sacrifício e a sua destruição a troco de nada.


Os mais velhos que viveram a nossa adesão à comunidade das nações europeias se forem honestos podem ver quanto o nosso país progrediu e as melhorias lhes lhes trouxe apesar de alguns saudosistas do passado , à esquerda e à direita, pretenderem que Portugal volte à política do orgulhosamente sós com a saída da U.E.


O referendo que trouxe o Brexit ao Reino Unido é o exemplo paradigmático do que aconteceu com um país rico e que está a braços com uma aguda crise política onde as sondagens dão a maioria a um partido o Brexit de Nigel Farage que nada tem para oferecer e que apenas aposta nos problemas que o Brexit tem trazido ao Reino Unido. E depois do Brexit que partido passa a ser este? O de oferecer soluções enganosamente simples para problemas complexos?


Passou a ser moda a imitação de Trump. Farage imita-o fazendo crer que vai tornar a Grã-Bretanha grande novamente. Um elevador direto da cartilha de Donald Trump.


Aquando do referendo “os mais jovens, 70% votaram pela permanência. Os eleitores mais velhos, que votaram pela saída, não estarão vivos para ver as consequências”. A decisão destas eleições encontra-se assim na mão da população mais jovem e de mentalidade aberta.


Os que tendo responsabilidades políticas falam contra aqueles a que chamam burocratas de Bruxelas, dos défices democráticos na U.E. e contra os que lá se encontram, dizem, não foram eleitos democraticamente são tudo mechas demagógicas e populistas. A estes, quando se lhes perguntam quais as alternativas atuais para alterar a situação nada dizem ou, então, dizem que concorrem às eleições para modificar por dentro a U.E. Sabemos bem o que significa, para eles, modificar a U.E. por dentro! O partido Brexit lança um fluxo de mentiras sobre traição e humilhação.


A desvalorização e a abstenção nas eleições europeias é como perdermos o nosso cartão de débito ou crédito com o código PIN escrito no próprio cartão. Mais tarde ou mais cedo alguém se irá aproveitar. Neste exemplo não sabemos que poderá vir a utilizá-lo, no caso das eleições sabemos bem que são os que se irão aproveitar. Não votar nas eleições europeias é uma espécie de cheques em branco passado aos partidos que se irão sentar no Parlamento Europeu.


O que temos de fazer é, com as eleições ajudar a bloquear a tentativa através dos meios democráticos disponíveis para que partidos radicais de direita se coloquem em maioria no Parlamento Europeu.


Em Portugal há dois partidos europeístas com representação relevante que poderão estar em linha para ganhar as próximas eleições são eles o PSD e o PS. O CDS será apenas uma ajuda à mão do PSD.


Na U.E. existem vários grupos ou famílias políticas onde os partidos europeus se incluem. Os grupos onde os dois partidos portugueses mais influentes estão incluídos são o PPE – Partido Popular Europeu* onde estão incluídos o PSD e o CDS e o S&D - Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas** onde se inclui o Partido Socialista.


Para contrabalançar o peso da extrema-direita e do populismo no Parlamento Europeu que é o órgão legislativo da EU e é diretamente eleito pelos cidadãos europeus de cinco em cinco anos  só partidos de esquerda e centro-esquerda como o PS - Partido Socialista poderão para tal contribuir, já que o PSD, em algumas circunstâncias, aproxima-se de algumas das posições tomadas no Parlamento Euroipeu estando do lado dos partidos da extrema-direita.PSD, em algumas circunstâncias, aproxima-se de algumas das posições de partidos da extrema-direita.


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*Reúne, no essencial, Eurodeputados do centro-direita, favoráveis ao aprofundamento da integração europeia, mitigado pela subsidiariedade na repartição de poderes (isto é, seguindo a máxima “a Deus o que é de Deus, a César o que é de César”, o PPE é favorável a que os Estados mantenham na sua mão a atuação numa série de domínios sobre o quais a UE não tem ação exclusiva) e ao equilíbrio das contas públicas. Sendo o maior grupo político – e partido – há muito tempo, o PPE tem dominado e direcionado grande parte das questões europeias fundamentais deste século. Internamente, o partido tem vindo a lidar com críticas pela “tímida” condenação das políticas de Viktor Órban, Primeiro-Ministro Húngaro e membro do partido. Manfred Weber, líder do grupo parlamentar, é o candidato do partido à presidência da Comissão. São membros os MEPs do PSD e do CDS-PP e ainda José Inácio Faria (inicialmente no ALDE).


**Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) – representam o contraponto do PPE à escala europeia e em grande parte dos Estados-membros, tendo conseguido a maior representação no Parlamento Europeu até 1999. Inclui membros de partidos sociais-democratas, principalmente de centro-esquerda. O partido político europeu a que pertencem é o Partido Socialista Europeu (PES). As principais prioridades são o aumento do emprego, a aplicação de um modelo redistributivo da economia e o desenvolvimento sustentável. Juntamente com o PPE formam o grande bloco decisor – e decisivo – das principais políticas europeias ao longo dos tempos. São membros os MEPs do PS.

O que ele quer o seu partido não lhe dá

Mário Nogueira da Fenprof, ao longo dos anos em que tem estado à frente desta organização sindical tem sido um dos que tem contribuído, e muito, para a degradação da imagem da escola pública que diz defender. É um revolucionário do tipo leninista aplicado ao grupo dos professores fazendo jus ao nome que lhe atribuo como sendo o “Pequeno Lenine dos Professores” e o “Grande Educador do Professorado”.


Mário Nogueira em nada tem contribuído através da sua ação sindical para a melhoria da qualidade do ensino por parte dos professores. É o herói do mais e do menos: mais dinheiro, única coisa que ele sabe que move os professores, mais regalias, mas menos tempo de trabalho, menos avaliação, menos horas de serviço, mais e menos etc., etc..  Lenine, personagem querida ao PCP, disse que “Se você não é parte da solução, você é parte do problema”, de facto, Mário Nogueira tem sido a parte do problema e não a parte da solução.


Mário Nogueira à semelhança dos partidos da direita tem acusado António Costa de ter feito um golpe de teatro. O que António Costa fez foi bater o pé com a ameaça da demissão fazendo com que o PSD e o CDS fossem obrigados a recuar. Se Costa fez um golpe de teatro, Cristas do CDS e o PSD mostraram a sua arte circense de fazer contorcionismo ao explicarem com incoerência e confusão que não voltaram atrás.  Mário Nogueira não faz teatro, prefere as artes circenses e a especialidade de trapezista, elevando-se no ar cada vez com mais risco e se pensava que tinha rede que lhe detivesse uma queda acidental, António Costa retirou-lha. E parece que o seu partido, o PCP, também.


Talvez, por isso, Nogueira, nos últimos tempos, tem andado numa agitação com a visibilidade com que os media o estão a contemplar. Mostra-se enervado por não ter o apoio das famílias que sofrem indiretamente na pele o descalabro da sua luta reivindicativa irrealista e prejudicial para as finanças sustentadas pelos nossos impostos.


As intervenções, comunicados, cartas aos professores, ameaças várias, ultimatos e, coisa espantosa, até a hipótese que considero remota, de “estar a pensar desfiliar-se do PCP devido à posição agora assumida por este partido”, tendo o líder da Fenprof comentado que ainda não teve “tempo para pensar nisso”, mas também não descartou esta possibilidade.” Esta afirmação veiculada pelo jornal Público foi ontem desmentida por Mário Nogueira.


O que Nogueira disse foi: “Pelo contrário, apesar de a pergunta ter sido feita, o que foi respondido foi que não estava a pensar nisso, pois enquanto eu estiver num partido com que concordo no essencial, apesar de haver posições com que possa não estar de acordo, não iria sair.” Que pode conferir aqui. O certo é que “também não afirmou, em nenhum momento da conversa que manteve com o PÚBLICO, que a possibilidade de se desfiliar do PCP estava posta de lado.”. Enfim, Nogueira, baralha e dá de novo.


Tudo isto porque o PCP recusa “enganar os professores” e aprovar propostas de PSD e CDS que “Mais cedo ou mais tarde, os professores vão assumir que fizemos bem”, como disse Jerónimo de Sousa.


Também em declarações à TSF nesta terça-feira, o antigo secretário-geral do PCP Carlos Carvalhas disse que só entende o apelo aos partidos de esquerda feito por Nogueira na véspera “pelo desespero”. “A certa altura, as pessoas agarram-se a qualquer coisa”, acrescentou.


Este afã de Nogueira faz-me lembrar o canto do cisne. Pressente que o seu ego de sindicalista revolucionário incentivado pelo seu partido pode vir a estar em causa caso venha a perder esta luta que tem travado como os seus fiéis cavaleiros, havidos por mais dinheiro, pela enorme contagem do tempo de serviço congelado, que arrasarão caso vá para a frente o erário público durante anos seguidos.


O que exaspera Mário Nogueira porquer o pode deixar fragilizado tem duas componentes: por um lado, a perda desta luta que o deixará sem força, tal como Sansão a quem Dalida cortou o cabelo, e, por outro, a votação do PCP e do BE contra as propostas da direita.

PSD, CDS, PCP, BE quando a união faz a força

Tal como os treinadores de futebol são os bodes expiatórios dos fracassos das equipas ou os maiores no caso das vitórias, a função da oposição de direita é permitir que possamos culpar alguém pelos seus próprios fracassos.


Parece-me ter sido Winston Churchill quem disse que “a arte da previsão consiste em antecipar o que acontecerá e depois explicar o porque não aconteceu”. Foi isto o que aconteceu quando António Costa ameaçou demitir-se e ao Governo. A sua capacidade de previsão e de antecipação.


A causa foi a oposição à esquerda e a oposição à direita que se uniram para fazerem passar a reivindicação da contagem de todo o tempo de serviço devido à congelação das carreiras que o radical Fernando Nogueira andava há muito a pedir mostrando uma posição inflexível e incompreensiva.


Se há uma inteligência política ela consiste mais do que num conhecimento profundo na capacidade de tomar conta da situação, coisa que a oposição de direita não conseguiu. Pelo contrário, a esquerda que se manteve coerente arrastou para o seu lado a direita com um voto comprometedor organizando-se numa chamada coligação negativa.


A direita, ao contrário da esquerda, não compreendeu que estava em jogo um pouco de coragem para poder correr o risco da perda de alguns votos dos professores, coisa que o partido no Governo, através de António Costa compreendeu preferindo perder alguns votos dos professores em nome da exigência orçamental futura. Isto é, optou por Portugal e pelos portugueses mostrando, ao contrário da coligação negativa que não tinha propósitos eleitoralistas como a direita dizia. Quem afinal tinha intenções eleitoralistas?


O PCP disse recusar “chantagens e ultimatos” e até acusou o PS de calculismo a que o “acorrentado” Mário Nogueira se juntou pegando no discurso da direita do golpe de teatro e da criação de crises artificiais.


Jerónimo de Sousa e o PCP parecem estar a esquecer-se das táticas leninistas. Então o calculismo não faz parte das estratégias políticas de qualquer partido em democracia. O que se observa do Paramento não são tudo estratégias bem calculadas?


António Costa fez chantagem? Claro que sim. E se não a fizesse o que aconteceria? Deixar-se-ia arrastar para uma espécie de abismo caso fosse governo na próxima legislatura mesmo que minoritário.


A estratégia eleitoralista do PSD e do CDS ao avançarem pelo caminho que seguiram de fazerem aprovar uma lei para a contagem integral de todo o tempo de serviço dos professores, (os tais 9 anos e mais), mesmo a partir de 2020, para além da captação de alguns votos dos professores, poderia levar ao seguinte raciocínio:


Há uma grande probabilidade de o próximo governo saído das próximas eleições legislativas ser do Partido Socialista.


Caso seja minoritário, poder vir a ter o apoio parlamentar do PCP e do BE.


Logo, o próximo governo irá encontrar dificuldades, devido aos encargos orçamentais provocados pela despesa aprovada e destinada aos professores e a outros grupos profissionais que, também tendo direito, se colocariam na fila reivindicativa, facilitaria à oposição de direita a argumentação necessário para acusar o governo de descontrole da despesa pública devido às esquerdas unida, termo este muito querido a Assunção Cristas.


Resta-nos perceber como é que a direita, se ganhasse as próximas eleições, iria resolver o problema da excessiva despesa para a qual teria contribuído. Será que iria novamente fazer cortes em salários e pensões e aumentar impostos?

O partido no fundo do poço

Será que o CDS “votou para descongelar, não votou para pagar”?


Paulo Portas ao sair da liderança e da vida política do partido deixou o CDS/PP com um défice de liderança efetivo e de coerência. O carisma da liderança de Paulo Portas opõe-se drasticamente à falta dela na atual liderança de Assunção Cristas.


Fazer oposição é saber estar, saber dizer, saber pensar, ter a capacidade de política da antevisão numa perspetiva estratégica. Assunção Crista ou nada percebe de política ou, então, tem maus conselheiros. Fazer oposição pela oposição é mostrar fraqueza nas suas convicções e falta de projeto político para o país.


Ter um programa cheio de propostas ocas não chega.


Procurar casos aqui e ali, numa espécie de correria de barata tonta, para fazer umas declarações vazias e sem conteúdo de facto a não ser a espuma do dia para aparecer nos canais de televisão não chega.


Dizer o que foi errado ou o que está mal não chega.


Regressar simplesmente ao passado que já não justifica o presente não chega.


Assunção Cristas irá fazer pagar o partido a sua fatura de incompetência enquanto líder da oposição de direita. Assunção procura aqui e ali os casos do dia para cavalgar a onda da oposição de direita que não lidera. Procura, sem olhar a meios, tudo onde possa fazer para buscar votinhos, mesmo que isso seja em prejuízo do país.


Clama de mentiroso a quem lhe desmonta as suas próprias mentiras. Viu-se no caso das declarações após a ameaça de demissão feita por António Costa. Há uma coisa que não pode negar é que o CDS votou as propostas sobre o descongelamento das carreiras dos professores juntamente com o BE e do PCP. No caso de Catarina Martins teve ainda o desplante de dizer que a proposta não custa um cêntimo ao país. Mas para Cristas a proposta do CDS era apenas uma questão de método. Pergunto-me se então tudo aquilo era fogo de vista e nada era para cumprir. Ou será que está a gozar com aquilo que os professores reivindicam? Ou será que o CDS pela voz de Assunção quis dizer que “votou para descongelar, não votou para pagar”?


Agora, para limpar a face, escreve cartas aos militantes a explicar o inexplicável, justificando o injustificável a votação dizendo mentiras e adulterando conteúdos por todos já reconhecidos. Apenas se justificaria se a sua declaração fosse baralhada, titubeante, com argumentos despropositados e incoerentes e pouco esclarecedora das posições do CDS que necessitasse agora de enviar cartas aos militantes. A carta de Assunção Cristas ao militante apenas confirma o desplante e a fraqueza das palavres da líder do CDS.


Na carta, segundo o jornal Público, diz a certa altura “Num último subtítulo – “as mentiras que correm” – a líder do CDS tenta contrariar um dos argumentos que poderia ser mais negativo para o partido – o de que foi o voto dos centristas que aprovou o “pagamento” de mais de nove anos de tempo de carreira congelado aos professores”.


Esperem lá! Então não foi aprovado e votado pelos partidos PSD, CDS, BE e PCP um documento final que vai ser apresentado para ser votado no Parlamento daqui a duas semanas para o pagamento aos professores? Mais tarde ou mais cedo, é claro, mas vai sair dos bolsos dos contribuintes!


Segundo o jornal Público “Assunção Cristas acaba a semana a dar explicações aos seus militantes depois de não ter secundado a posição do seu vice-presidente Nuno Melo sobre o Vox e de ter de desautorizar uma proposta do partido para pintar com as cores do arco-íris passadeiras em Lisboa como forma de assinalar o Dia Internacional da luta contra a Homofobia e Transfobia. É caso para dizer que foi uma semana horribilis para a líder do CDS-PP”.

As lições de Ressabiado Silva

O nome próprio “Ressabiado” não existe, é ficcionado. Tal nome próprio nunca terá sido posto a ninguém, a não ser como alcunha. Já viram com...