Política

A eleição de Bolsonaro nas primeiras páginas da imprensa portuguesa

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Quatro dos jornais diários em Portugal salientaram ontem nas suas primeiras páginas a notícia da eleição de Bolsonaro, cada um dando-lhe mais ou menos relevo o que pode mostrar maior ou menor simpatia pelo resultado de acordo com a sua tendência.


O Jornal de Notícias salienta que Bolsonaro promete resgatar o país e, em subtítulo menos evidente diz que Bolsonaro promete defender a democracia e a liberdade. Por sua vez o jornal i salienta com mais evidência a mesma frase do eleito Presidente. O Diário de Notícias em letras gordas


O jornal Público salientou que a extrema-direita chega à presidência num Brasil dividido.


O Diário de Notícias em letras gordas salienta apenas Brasil: Bolsonaro Presidente. O Correio da Manhã moderou na sua primeira página a importância da eleição de Bolsonaro colocando em lugar pouco destacado, no canto superior esquerdo da página, uma fotografia do eleito e a frase “Bolsonaro é o novo Presidente do Brasil”.


Através dos destaques podemos verificar o grau de apoio dado por estes órgãos de comunicação à fação que levou Bolsonaro a Presidente do Brasil.  As hipóteses a considerar é que:


Jornais diferentes encontram-se veiculados a ideias diferentes;


Consequente da anterior hipótese é de considerar que se façam juízos diferentes consoante os blocos;


Verifica-se a validade da existência dos juízos de valor diferentes sobre cada um desses blocos.


Assim, os critérios dos jornais analisados para os agrupamentos de blocos podem existir afinidades político-económicas e ideológicas e poder de intervenção e de potenciar influencia ideológica ao nível nacional.


Verifica-se então que, no que se refere à notícia em questão, o espaço ocupado pela respetiva notícia há disparidade no tratamento da notícia salientando-se o jornal Público como tratamento desfavorável e o Correio da Manhã apresentado neste caso uma certa neutralidade.


Por outro lado, há que referir ainda que são atribuídos juízos de valor diferente ao mesmo bloco dos jornais analisados em função da imagem ideológica que se possa ter de cada um dos jornais.

O ótimo inimigo do bom ou a transparência do raio que os parta

O conceito de transparência instalou-se, e bem, democracia, mas está a abranger um caminho sem limites.  A transparência em política tem a ver com a observação do poder e do controle dos cidadãos tendo em vista o controle da corrupção e tráfico de influências.


Mas a transparência tem de ser equilibrada e proceder com o bom senso e não servir para perseguições a cidadãos e políticos de que não gostamos ou nos possam fazer sombra política consoante os nossos desejos.


O entusiamo pela luta por determinada causa como a transparência não pode esconder os seus inconvenientes, as dificuldades ao seu exercício e os seus efeitos secundários, por isso deve ser equilibrado com outros instrumentos que não sejam apenas a transparência pela transparência.


Numa democracia requer-se transparência, mas esta deve ser promovida com peso conta e medida porque, a democracia, não a suporta em excesso. A democracia dispõe de múltiplos meios para observar e avaliar os governos e em paralelo e em demasia os órgãos de comunicação competem entre si pela venda da informação que vão recolhendo em nome da transparência.


Em democracia os cidadãos dispõem de vários meios para observação e avaliação dos governos tais como o controle parlamentar e judicial, o papel das agências de regulação e hoje em dia as redes sociais onde quem as frequenta acha que tudo o que se passa é objeto de observação e debate público, não raras vezes propositadamente distorcida e enviesada.


A transparência em democracia não é, por vezes, tão transparente quanto parece porque os partidos, quando estão na oposição, utilizam-na para destruir o caráter de quem esteja no poder governativo. A direita, com a ajuda de alguns órgãos de comunicação sob os mais variados pretextos procura algo que a possa ajudar a destruir ministros e detentores de outras funções públicas atuando com uma vigilância interesseira sobre os governantes.


É um facto que em política a sensação de controle melhora os comportamentos ou serve como dissuasão para não se cometerem erros que têm a sua origem no segredo e na opacidade, mas, para isso, a transparência tem que ter bom senso e não servir apenas como arma de arremesso a quem não interessa a determinado partido ou grupo político pelas mais diversas circunstâncias como, por exemplo, fazer simplesmente oposição política em substituição de contributos para a respetiva correção.


A observação, o controle e transparência exigida aos políticos tem efeitos secundários que anteriormente referi. A vigilância extremada sobre os políticos e os governantes leva-os a proteger excessivamente as suas ações e os seus discursos. Assim, políticos ao saberem que os seus mais pequenos atos e declarações são escrutinados e difundidos espartilham a sua comunicação.


A nossa democracia cada dia empobrece mais pelos discursos vazios do que pelo ocultamento expresso da informação quer pelos governantes quer pela oposição. O escrutínio da vida privada dos políticos e a exigência da transparência tende a exacerbar-se mais quando o governo está nas mãos de um partido de esquerda do que nas alturas em que é a direita que o detém.


O tal princípio da transparência tão apregoado não pode ser um poder absoluto visto que a vida política, mesmo que seja numa pequena parcela, requer espaços de discrição como em qualquer outra profissão como a dos jornalistas aos quais se reconhece o direito de não revelar as suas fontes sem o que não poderiam fazer o seu trabalho.


Até aqui referimo-nos à transparência política das decisões tomada e considero que nem tudo pode ser transmitido porque determinadas negociações se são divulgadas poderia não ser, com certeza, bem-sucedidas. Todavia, o controle das incompatibilidades sobre políticos para cargos governamentais deve ser transparente, mas como a do exercício do poder não pode ser em exagero fazendo com isso campanhas políticas destrutivas.


Se eu for um técnico e político competente e convidado para dar um contributo positivo ao meu país numa função governativa e, eventualmente, um elemento da minha família estiver a exercer funções de responsabilidade numa empresa ou instituição privada que esteja no domínio da pasta que me foi distribuída e se isso o obrigar a deixar esse posto de trabalho deverei, ou não, aceitar o lugar? Isto parece-me um absurdo da transparência. Há, decerto, outros meios de controle.


Analisemos numa perspetiva mais prática: quem for convidado para ministro de uma pasta de economia ou qualquer outra, e se alguém da família ocupar um lugar de responsabilidade numa grande empresa ou instituição que pertença à área da referida pasta há eventuais incompatibilidades, logo, há que demitir-se do emprego onde se encontra ou então não aceitar a pasta. Deverá então procurar-se alguém com competências políticas e técnicas que ande por aí sem trabalho e sem prática para se convidar para a função?


O raio que os partam com a transparência e com as eventuais incompatibilidades!

Eleitoralismo orçamental e pontos de vista

Comentadores liberais de direita têm afirmado que o Orçamento de Estado para 2019 é eleitoralista e não é amigo das empresas. Os de esquerda, em defesa do orçamento, lá vão dizendo que não, que é um orçamento que segue as pisadas dos anteriores, o que de certo modo é verdade, e que é amigo do crescimento.


É um orçamento de austeridade? Não, mas também não é expansionista. Como os anteriores é um orçamento que vai amenizando a austeridade severa que nos atingiu desde 2011 e que, não fosse a solução parlamentar encontrada ainda hoje estaríamos a amargar.


Se considerarmos o conceito de eleitoralismo como a ação política que tem como prioridade o sucesso eleitoral de um partido e não o interesse da comunidade, e se o aplicarmos a um qualquer orçamento então, sem dúvida, podemos afirmar que todos os orçamentos preparados antes de qualquer ação eleitoral poderão ser qualificados de eleitoralistas.


A coligação PSD-CDS de governo anterior, próximo das eleições de 2015, já numa saída de contexto de austeridade extrema, considerava no seu programa eleitoral, a constar no Orçamento de Estado para o ano seguinte, poder haver um alívio da austeridade em 2019 e a assim como a recuperação progressiva de rendimentos (que duvidamos fosse para cumprir). Podemos então dizer que eram também promessas eleitoralista a constar no Orçamento de Estado.


São evidentes as contradições dos liberais de direita quando criticam tão ferozmente todos os orçamentos que venham da esquerda. Como pode um orçamento ser mau e, ao mesmo tempo, ser eleitoralista? Ou é mau e o partido do governo perderá votos ou, então, é bom e apresenta pontos forte que lhe darão votos e aos partidos que o apoiam no parlamento. A menos que a direita considere como um bom orçamento o regresso aos orçamentos dos anos do diabo dos aumentos de impostos.


Caso se pretenda atrair através do Orçamento de Estado para o voto no partido que está no poder a coisa fica complicada porque é calcular que os eleitores quando vão às urnas pensam: “se não me “tocou nada” no orçamento não voto nos partidos que o aprovaram, se me “tocou algum”, então voto em um dos partidos que o fizeram aprovar”. Seria um raciocínio destituído de bom senso, porque poderia levar-nos a concluir que um eleitor que seja um convicto liberal de direita poderá votar em partidos de esquerda e um eleitor de esquerda se nada lhe calhou irá votar em partidos de direita.


Orçamentos eleitoralistas são todos e serão sempre quando forem elaborados próximo de eleições, seja por partidos de esquerda, seja por partidos de direita que estejam no poder. Sempre que um orçamento provenha de um governo de esquerda os comentadores com posicionamento ideológico de direita, e em consonância com a oposição, cantam o estribilho do orçamento prejudicial e eleitoralista, salientando apenas o que é negativo e omitindo o que é bom para o desacreditar.

O que procura a procuradora?

Regressei de São Vicente, Cabo Verde, onde estive durante duas semanas ausente das costumeiras notícias das televisões de Portugal. Foi um alívio que serviu para a manutenção da sanidade mental. Mas, não indo mais longe, logo no dia 8 do corrente, dia do meu regresso deparo-me com a desagradável surpresa da presença da Manuela Moura Guedes no noticiário da SIC como comentadora. O título pomposo de “A Procuradora” oportunisticamente escolhido, leva-nos a duvidar e a conjeturar sobre as intenções da SIC e da comentadora, ausente dos ecrãs por motivos que só alguns conhecem. Manuela Moura Guedes é um chamariz para quem gosta do jornalismo ao estilo dos  tabloides do escândalo numa pornográfica mistura entre entretenimento e comentário político.


A SIC tem vindo, nos últimos anos, a ser uma espécie de canal oficioso de uma certa direita em estado de decomposição com alguns laivos e combinações de pretensa isenção. São públicas as dificuldades financeiras do grupo Impresa a que o canal pertence. Assim, havia que mudar as regras do jogo substituindo o “interesse público” que sacrifica ao que é suposto ser o “interesse do público”, do negócio e do partido a que pertence o dono do grupo, deixando para trás a isenção e a deontologia.


Manuela Moura Guedes que foi deputada independente pelo CDS-PP entre 1995 e 1996, é uma dita jornalista digna de jornais como O Diabo, protótipo do mau jornalismo especializado na destruição de caráter, na condenação prévia sem julgamento fazendo o falso parecer verdade absoluta no mexerico para induzir distorcidos pontos de vista sob a capa da isenção e da credibilidade. Não informa, desinforma e nada acrescenta do que já foi dito que baralha e torna a dar. “A Procuradora” da SIC é um atentado ao comentário televisivo jornalístico e político de qualidade; é o comentário do facciosismo gerido por estados emocionais e pessoais como se de um qualquer blogue pessoal se tratasse. O próprio título escolhido pelo canal para o momento do comentário, sendo igual ao de um Grau hierárquico intermédio da magistratura do Ministério Público, é um atentado ao bom nome de uma instituição que deve ser credibilizada.



No Twitter foi dito: “Debitando banalidades genéricas, sem adicionar informação relevante aos temas que comenta, o espaço de Manuela Moura Guedes na SIC, hoje, destacou-se pela crítica às mulheres que se manifestaram contra Bolsonaro. Ao pescoço, usou um dos símbolos de campanha do fascista”.


“Manuela Moura Guedes acusou Pinto Monteiro e Cândida Almeida de "terem feito tudo para abafar" os casos que envolviam o antigo primeiro-ministro José Sócrates, que acusou de "controlar a Justiça" e solicitou uma investigação ao Ministério Público”. Apercebemo-nos logo da intencionalidade pessoal fazendo acusações sem prova denegrindo, sem direito a contraditório, imagens e carateres.


Quando ao serviço da TVI investigou vários casos relacionados com José Sócrates, acusando na altura sem provas que "tudo o que não era controlado era abafado". A vinda de Moura Guedes foi cirurgicamente escolhida pelo canal SIC, já que o próximo ano é decisivo na atividade política para no culminar de processos judiciais em curso. Ano em que as redes sociais irão instilar veneno, mentiras, insultos e notícias falsas que, a não serem validadas, poderão influenciar decisões através de campanhas negativas. Ser polémico não é sinónimo de mau jornalismo e do desvirtuar a ação jornalística com o intuito da obtenção de audiências.


Portugal já tem mau jornalismo que chegue e a SIC, em maus lençóis e desespero de causa, faz uma fuga para a frente para competir com a TVI na obtenção de audiências com um contrato como este para comentário político.


Manuela Moura Guedes recorre ao mau jornalismo para defensa de causas, as suas causas, para libertação das suas frustrações e ódios pessoais. Emerge do ostracismo para montar uma espécie de teatro burlesco onde, com pontos de vista que confinam o extremismo, pretende reorientar e reinterpretar a política. O comentário de Manuela Moura Guedes é o contrário do bom comentário político onde subjaz uma demência obsessiva-compulsiva provocada pelo revivalismo de mau caráter que faz transparecer.


Não gosto de utilizar as características fenotípicas de uma pessoa como arma de arremesso, mas, Manuela Moura Guedes, sugeriu-me, por analogia, a encarnação do Joker, também apelidado de “Príncipe palhaço”, personagem vilão da banda desenhada Batman. A analogia não se resume apenas ao fácies, mas aos objetivos perpetrados, centrados na destruição do Batman símbolo da justiça e da luta contra o mal. Ela consegue hipocritamente defender o “bem” que, com astúcia, transforma em “mal”. Para ela nada há de bom na democracia e na política e, assim, procura o enxovalho, a falta de ética que, com a sua errada falsa conceção de justiça, tudo reduz à noção de mau.  Moura Guedes faz política pela negativa e pela falsidade, não fosse ela uma grande defensora de Bolsonaro, resultado de ódios e frustrações do seu passado profissional e político que persistem no seu íntimo digno de um personagem maléfico como o Joker do Batman.


É disto que alguns dos seus fãs pertencentes ao seu espetro ideológico gostam: condenação prévia na praça pública e sem culpa formada, a denúncia fácil e falsa, o escândalo, a maledicência, o julgamento e condenação na praça pública, recorrendo até a factos, quaisquer que sejam e que sirvam os seus intentos e os do canal onde agora reza.


Se queremos um símbolo do que não deve ser o jornalismo e o cometário político ele está presente na Procuradora da SIC.

As lições de Ressabiado Silva

O nome próprio “Ressabiado” não existe, é ficcionado. Tal nome próprio nunca terá sido posto a ninguém, a não ser como alcunha. Já viram com...