Esta conjugação de
esforços entre a esquerda radical e a direita com o aconchego da comunicação
social chegaram depois da maioria absoluta do Partido Socialista acordando as
fontes e revelando o que já tinham de reserva.
Porra pá! Não acredito! E é tudo com o mesmo partido! Como é
que isto é possível? Será que não poderá e deverá haver mais controlo quando se
fazem convites para elementos dos governos, deputados, autarcas e outros cargos
políticos? São perguntas a que os vários partidos nos dão só respostas tímidas,
dúbias ou, simplesmente não dão. A solução apresentada por alguns pela direita
é a de que isso tem de ser da responsabilidade do primeiro-ministro como se
este tivesse a obrigação de ser investigador da vida privada de quem convida,
uma espécie de vigilante de ministros. Esta situação mina a política e os
políticos pelo que tem de haver outras soluções. Há que arranjar alternativas
que não passem apenas por questionários.
Os casos que têm vindo a público aparentam ser uma
combinação secreta de comprometimentos vários contribuindo para o descrédito
dos políticos e do regime democrático e que, segundo as últimas sondagens, estão
a ter efeito significativo na subida da extrema-direita (CHEGA) e pouco
significativa nos partidos à esquerda do PS que recuperaram embora pouco. Estes
partidos por conveniência partidária também têm contribuído para que a subida
da extrema-direita populista que aproveita e escavar até à exaustão todos os
casos que venham à rede. Excetua-se o LIVRE que conseguiu uma subida com algum
significado. À esquerda do PS poderá ser o regresso a uma maioria de esquerda
sem maioria absoluta daquele partido.
Nas últimas sondagens da Aximage de a cordo com o Público
que cita o DN, JN e TSF a realidade política portuguesa está hoje muito
fragmentada e não aponta para uma clara solução de Governo, caso houvesse
eleições legislativas antecipadas. Quem obteve vantagem? Claro, a
extrema-direita.
Sou pela transparência e contra todas as formas que contribuam
para o descrédito dos políticos e consequentemente da democracia e, quando haja
ilegalidades, corrupções várias e faltas de ética confirmadas que possam
contribuir para perverter a política e os políticos que se divulgue, se faça a
devida investigação judicial. O que acontece nos casos que se denunciam na
comunicação social muitos casos servem também para se fazerem títulos estrondosos
e exagerados que lançam suspeitas para a opinião pública, (quando ainda estão
em curso investigações preliminares), cuja consequência é a de manchar a imagem
e o bom nome de muitas pessoas.
As gerações após 25 de Abril desconheceram o regime de
ditadura em que se vivia. Os simpatizantes de partidos de extrema-direita, como
o CHEGA, que são das gerações mais novas desconhecem que naquele regime
ditatorial também havia compadrios e
corrupção quer era desconhecida devido à ocultação pela censura por que os
media estavam sob vigilância e controle permanente.
Se estivermos atentos e observarmos as notícias que nos
surgem nos media ao longo dos anos e meses e sob os vários governos, deputados
e autarcas dos vários partidos, a procura de casos e as investigações ditas
jornalísticas se centram sobretudo no Partido Socialista. Aconteceu agora um
caso no PSD, que veio a público, porventura para dar a ideia de alguma
independência, para, logo após se passar a falar com alguma timidez. Nova
pergunta se coloca: será que os 230 deputados da Assembleia de República são
todos sem macha e nada que se lhes aponte com exceção dos do Partido Socialista?
Não me recordo de nos governos de direita tenha havido um escrutínio tão insistente
e pretensamente rigoroso como o que se verifica durante o atual Governo.
Na altura o PSD e o CDS em aliança (2011-2015) estavam no
Governo com uma maioria de deputados, nada se procurou, nada surgiu, nada se
pesquizou, nada se divulgou, as fontes emudeceram e o que se divulgou deixou de
fazer parte das “agendas setting” dos órgãos de comunicação.
Como já escrevi num outro post deste blogue parece haver uma
premeditação na procura de casos e escândalos que possam afetar sobretudo o
Partido Socialista que se possam vir a refletir e traduzir nas sondagens. Funciona
do seguinte modo: lançam-se para a opinião pública casos polémicos, passado
tempo fazem-se sondagens e obtêm-se resultados adequados ao esperado que se possam
ajustar ou não ao pretendido. Desta estratégia todos os partidos na oposição poderão
tirar vantagens no sentido na subida das intenções de voto.
As notícias que fazem passar a para a opinião pública sobre
o envolvimento de elementos do Governo, autarcas ou ex-autarcas e deputados do
PS que revelam situações de compadrios, possíveis corrupções, ligações familiares,
ligações a empresas parece-me ser uma espécie de conspiração contra aquele
partido cujo objetivo passa por atingir e fragilizar o Governo.
Caso curioso que é o de que só agora e após seis anos com
Fernando Medina como Presidente da Câmara de Lisboa (2015 2021) surjam agora
casos dúbios nesta autarquia. Pois, há o tempo da investigação, o tempo da justiça
e o tempo da política. Por vezes coincidem!
Recentemente surgiu mais um caso que envolve Jamila Madeira,
deputada do Partido Socialista que o jornal Público divulgou como estando registada
como lobista ativa junto da União Europeia entre 2012 e 2013, note-se que era o
período do Governo do PSD-CDS. Segundo o
mesmo jornal “a REN assume que até há três semanas a deputada “trabalhava no
âmbito da Agenda Europeia da Energia, participando na ligação da REN com
agências europeias do sector que se dedicam a temas relacionados com a
transição elétrica e a sustentabilidade e assegurando contactos com a Comissão
[Europeia], diversos comités do Parlamento Europeu e várias outras
organizações”. Mais uma dúvida de coloca por que só agora veio para o domínio
da opinião pública se naquela altura já era deputada pelo Partido
Socialista?
Carmo Afonso, colunista do jornal Público, pessoa que não é
das minhas simpatias nem da área político-ideológica que defende, escreveu num
artigo de opinião naquele diário um ponto de vista com que concordo e sobre o
qual tenho refletido. A direita, quando está no Governo, segue a sua ação
governativa assente em lógicas e princípios que há muito defende e pratica, mas
que lhe foram retiradas desde que o PS está no poder e também durante o período
ao qual se chamou “geringonça”.
O Governo do PS, agora em maioria absoluta tem privilegiado contas
certas e de consolidação orçamental mesmo agora quando há perda de poder de
compra para a generalidade dos portugueses. Assim, fazer oposição a estas políticas
que a direita PSD ou outra que se estivesse no Governo também faria, e se
acrescentarmos que o líder do PSD tem a desvantagem, de ter mostrado não estar
preparado. Para a direita tradicional como é o PSD não é fácil ser alternativa.
Luís Montenegro nas suas intervenções tenta fazer um
discurso de esquerda, prometendo timidamente oferecer se for Governo mais do aquilo
que sabe não poder oferecer. Se recordarmos o tempo do último governo quando
José Sócrates como primeiro-ministro e o seu ministro das finanças desbarataram
os dinheiros públicos e endividaram o país para próximo da bancarrota causando
a vinda da troica.
Fica-nos a pergunta sobre a qual se espera uma resposta do
PSD: que pontos e objetivos e sob que
forma vai fazer oposição ao Governo? Que alternativa terá um futuro governo que
quer mudança apenas pela mudança.
Os otimistas da oposição, quer de direita, quer de esquerda,
afirmam que podem fazer melhor dizendo que são alternativas, mas não dizem
objetivamente quais e apresentam soluções pouco credíveis das quais se
desconhecem os possíveis resultados e o mais grave é que se sabe podem executar
o que prometem. À direita faltam propostas concretas e alternativas para se apresentar
como governo. A extrema-esquerda porque sabe que não o será vai fazendo propostas
demagógicas inexequíveis a curto prazo.
A direita apenas tem para fazer oposição os casos apresentados
pela comunicação social que têm sido graves devido à displicência e à falta de
controle e coordenação que grassa no Partido Socialista e no seu Governo a que os
media vão dando uma ajuda. Mas isto não pode servir apenas para fazer oposição.
Faltam propostas para uma alternativa consistente.
Um escândalo que envolva políticos deve sempre ser
denunciado e a comunicação social deve acompanhar o processo de investigação e informar
dos respetivos desenvolvimentos. Mas não podemos é conformar-nos com a atual
situação e não descararmos o que queremos como alternativa ao Governo e não nos
contentarmos apenas com a denúncia de irregularidades por parte de políticos no
exercício de funções que passou a ser o epicentro do debate político no país.
Confunde-se o escrutínio político, que deveria visar a transparência nos
processos políticos de decisão, com o mero escrutínio da transparência dos
próprios políticos - que a comunicação social vê como potenciais e apetecíveis objetos
de escândalo.
Como não há alternativas ao atual Governo nem as sondagens
indicam que em novas eleições alguma coisa se altere esquerdas e direitas,
unidas em prol do desgaste do Governo, fomentam instabilidade com greves, manifestações
reivindicando as mais diversas exigências com efeito imediato, a maior parte
irrealistas, o que, para os que têm impressões vividas e mais despertas parece
ser uma forma de pressão para que o partido que está no Governo cometa os mesmos
erros de outro tempo.
Penso não existirem dúvidas sobre a conjugação de esforços por
parte de diversas organizações tais como a Ordem dos Médicos, os sindicatos da
mesma profissão juntamente com os dos enfermeiros, mostra diária de casos nos
hospitais e maternidades, que sempre existiram, mas sobre os quais a
comunicação social esteve muda, o acordar dos professores vociferantes com uma
amálgama de reivindicações que ninguém chega a entender, sobretudo o dito STOP
que junta os auxiliares no mesmo saco sem qualquer critério e que mais parece a
verborreia debitada pelo partido CHEGA. Esta conjugação
de esforços entre a esquerda radical e a direita com o aconchego da comunicação
social chegaram depois da maioria absoluta do Partido Socialista acordando as
fontes e revelando o que já tinham de reserva.
Há aqui um fator que não pode ser ignorado: a direita não
consegue afirmar-se a fazer oposição ao Governo. É certo que o Governo lhe
dificulta muito a vida como já referi anteriormente e não está aqui contido um
elogio à governação.