Política

Catarina Martins e o Bloco de Esquerda vivem sempre em festa e numa realidade virtual


O Bloco de Esquerda não tem uma festa como a do Avante! mas, mesmo assim, fazem a sua festa virtual tendo na mira o próximo Orçamento de Estado cuja aprovação faz depender da sua aprovação ou não o programa da sua festa. Pode ser que até lá alterem a sua atitude, mas, até lá, críticas vão surgindo às posições da Catarina e do Bloco.





O Bloco de Esquerda parece ter vivido fora da realidade apesar de quando em vez ateste a sua presença quanto à epidemia que nos assolou, e ainda assola, sem sabermos o que virá a seguir. O que sabemos ao certo é que a crise nos bateu às portas desta vez a reboque da covid-19 que rebentou com a economia como há muito não se verificava. Contudo, para o BE parece que nada se passou e ameaça o Governo com turbulência política, não apenas este, mas o país, isto é, todos nós, mesmo os adeptos do BE porque a crise vai atingir-nos a todos apesar das canções de embalar da sua coordenadora.





Catarina Martins apesar da crise parece apostada na tentação de querer mostrar que tudo está bem e que é possível anunciar boas notícias para o orçamento do próximo ano 2021 ainda que o primeiro-ministro diga que será muito difícil cumprir todas as promessas feitas antes da pandemia.





Catarina engana-se e engana-nos porque a análise que faz da presente realidade é, para além de irrealista, perigosa.





Catarina engana-se e engana-nos porque deixa subentendido que cumprir o que foi acordado em 2019 depende apenas de um ato de vontade.





Catarina engana-se e engana-nos porque a economia registou a pior quebra desde há décadas e por isso há que haver cautelas com opções a tomar.





Catarina engana-se e engana-nos porque as receitas e despesas do Estado previstas tornaram-se uma ilusão devido à covid-19.





Catarina engana-se e engana-nos porque Portugal está a braços com uma crise que faz dos tempos da troika uma coisa de amadores.





Catarina engana-se e mente ao querer fazer-nos acreditar que presente quadro é possível anunciar boas notícias e porque no próximo ano, até que as recuperações se façam sentir, as escolhas serão difíceis e péssimas. Há que proteger os desempregados, os mais pobres, a educação ou a saúde pública e proteger empregos e rendimentos e que não pode haver grandes melhorias.





Catarina engana-se e engana-nos quando acha que a economia e as finanças públicas estão saudáveis quando estão à beira do abismo e que não podemos viver como no ano passado devido a de incertezas e aflição. O que Catarina nos faz crer é uma falácia.





Catarina engana-se e engana-nos porque nós, cidadãos, sentimos que estão em causa escolhas que exigem muita prudência e resistência necessárias para dias melhores e não estamos em tempo dos amanhãs que cantam e em que sol brilhará já no próximo orçamento.





Catarina desconhece que não queremos voltar a ouvir discursos e atos de fé como o de 2012 quando o ex-primeiro-ministro Passos Coelho escreveu no Facebook:





“A eles, e a todos vós, no fim deste ano tão difícil em que tanto já nos foi pedido, peço apenas que procurem a força para, quando olharem os vossos filhos e netos, o façam não com pesar mas com orgulho de quem sabe que os sacrifícios que fazemos hoje, as difíceis decisões que estamos a tomar, fazemo-lo para que os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor.”





Os sacrifícios de hoje, as decisões irrealistas do presente poderão ser o preço a pagar por um futuro próximo melhor que Catarina e o BE prometem.


Que viva o liberalismo do iniciativa a liberdade e a festa do Avante


Há alguns artigos de opinião escritos por profissionais jornalistas que são para mim de difícil compreensão. Goste-se ou não do que escrevem, concordemos, ou não, cada um pode escrever o que quiser sobre o que quiser e não os podemos criticar por isso.





Quando se trata de opiniões cujo tema venha em defesa de circunstâncias justificada por argumentos que, apesar de serem aceites como válidos, possam delinear em prejuízo da comunidade, pondo-a em perigo, parece-me inaceitável. Alguns dos argumentos são falaciosos e desajustados por comparações feitas entre diferentes realidades com características específicas. Comparar praias cheias em espaços largamente abertos e sem barreiras, que não sejam as barreiras de contacto social físico, onde pequenos grupos se dispersam, com eventos políticos, religiosos ou culturais de dezenas de milhar de pessoas realizados mesmo que em espaços restritos embora amplos e heterógenos, onde a tendência é o agrupamento inevitável, parece-me absurdo.  Quem leu o artigo de Henrique Raposo publicado no Expresso diário de 10 do corrente “Avante!: dez razões para a festa avançar” fica com essa impressão, e eu fiquei.





O artigo escrito pelo “liberal” de iniciativa, é ele que se define politicamente, não sou eu. Conforme com as suas próprias palavras: “Até vos digo uma coisa: se não tivesse a Iniciativa Liberal no boletim de voto, votaria PCP nas próximas eleições.”





Vemos que, de facto, o liberalismo, defende uma liberdade pela rebeldia, como escreve Henrique Raposo: “É urgente reforçar o lado da rebeldia e da liberdade numa sociedade tão paralisada, tão medrosa, tão obediente”. O que ele omite é que, na realidade, após instalada a rebeldia para reforço da liberdade, o novo Estado daí saído reforçaria de imediato a sua autoridade para depois exercer a repressão contra outra rebeldia instalada.  Nesse novo mundo da Liberdade neoliberal seria acionada para alcançar um “sol na terra”, nome com que em tempo o falecido Álvaro Cunhal designou a URSS em determinada altura, mas agora com sinal contrário.





Em tempos graves de epidemia quando na Europa se voltam a tomar medidas mais drástica para defesa da saúde pública o artigo está impregnado de inconsciência e desprezo pela saúde do próximo. Mais parecem argumentos de Trump e Bolsonaro, mas com mais sofisticadas palavras.





Henrique Raposo coloca a tónica sobretudo nos aspetos da economia ao longo de dez razões em que algumas mais me parecem ser conotadas com: morram muitos, adoeçam milhares, propague-se a doença, mas deixem-nos fazer o que quisermos para que tudo continue como foi no passado recente. Tudo ao molho e fez em Deus. É fazer saltar o simbólico Laissez-faire do liberalismo económico fundamentalista, na sua versão mais pura de capitalismo, para o Laissez-faire, Laissez-passer na saúde pública.





Henrique Raposo defende que a Festas do “Avante!” assim como qualquer outro evento cultural, desportivo e musical deveriam passar a deixar de ter quaisquer restrições. Leitura minha errada? Talvez, mas quem lê o artigo e não esteja na cabeça do autor é o que presume.





Há alguns, muitos, que não puderam, nem podem ficar em casa confinados (#ficaremcasa segundo o autor para seguir a moda do hashtag) porque têm de trabalhar. É certo. Entretanto ao ler o artigo uma dúvida me assaltou: será que Raposo não esteve confinado no acolhimento do seu lar escrevendo os seus artigos em segurança enquanto outros tiveram de sair de casa para os poder publicar, tratar da edição e fazer a impressão do jornal para onde escreve?





 Os argumentos utilizados pela direita radical liberal são argumentos semelhantes aos de alguma esquerda radical como o são, nesta matéria, alguns dos publicados por Raquel Varela que tive oportunidade de ler no seu blog durante março e abril. Defendem o mesmo contra as medidas de exceção, mas de sinal ideológico contrário. Aqui os extremos também se tocam.





Quando os da Iniciativa Liberal falam em Liberdade confundem o conceito para baralhar quem os escuta. O liberalismo económico sempre utilizou o conceito de liberdade absoluta para os da alta finança e, para outros, liberdade, mas pouca. Para isso, e se tal for necessário, coarta todas as outras liberdades e direitos. Os únicos direitos que defendem são a liberdade e o direito à obtenção de riqueza por qualquer meio, sem regulação, e o direito e a liberdade para a manutenção da pobreza e da liberalização do mercado de trabalho sem quaisquer restrições, porque deles depende a sua sobrevivência.  





Os neoliberais, ou aqueles que se intitulam de liberais, que nos seus discursos demagógicos e populistas usam a palavra liberdade e combatem a instituição do Estado democrático, porque querem que gaste pouco e cobre pouco, ou seja, que tenha pouco poder. Estes senhores ou não entenderam o que é o liberalismo e como temos de proteger as liberdades individuais no séc. XXI, combatendo os seus verdadeiros inimigos; ou só querem iludir as pessoas porque têm como cúmplices aquela pequena minoria que está a acumular todo o poder económico e financeiro para beneficiarem com o definhamento dos Estados democráticos.





Nas democracias liberais o Estado não é visto como um inimigo, é um catalisador e um regulador das liberdades individuais, isto é, de uma boa distribuição dessas liberdades por todos.





João Miguel Tavares, sendo de direita, também não entende a realização da Festa do “Avante!”  neste momento o que o leva a comentar no jornal Público: “Em bom rigor, até podemos dizer que esta Festa do Avante! é uma iniciativa antissistema; uma rebeldia contra a ditadura do medo na era covid. Infelizmente para o PCP, só mesmo os seus militantes e alguma direita (ler, por exemplo, o texto de Henrique Raposo no Expresso: “Avante! dez razões para a festa avançar”) é que conseguem ver a coisa dessa forma. O português comum olha para aquilo com o ar de que os comunistas se acham mais do que os outros e reclamam privilégios que estão vedados ao comum dos mortais. E assim, para o PCP ganhar mais umas massas, o Chega vai ganhar mais alguns votos. É um mau negócio.”





O autor Henrique Raposo é um dos que diz ser liberal que vem em defesa do PCP e da sua festa, que passou a ser, por conveniência, um evento político. Os liberais que apregoam serem contra o Estado social e são pela baixa de impostos e contra toda a espécie de estatização em nome dos sistemas financeiros e os outros que defendem o contrário em nome da justiça social. Vamos lá entender esta gente dos liberais. Há um motivo: atacar utilizando a pandemia o PS e o Governo.   





Enfim, os argumentos de alguma direita radical mais parecem estar a fazer oposição ao governo e às medidas que têm sido adotadas para combate e minimização da covid-19 e são os mesmo que defendem a total liberdade em tempo de pandemia e que, caso esta ficasse sem controle, atacariam o poder por este não ter tomado medidas. Conhecemos muito bem o jogo.


As duas unidades de medida de Nogueira


O pressuroso dirigente da Fenprof Mário Nogueira também afeto militante do PCP tem pelo menos duas unidades de medida no seu armazém de críticas consoante as conveniências. Estas serão mais pessoais e ideológicas do que as dos professores que ele diz defender. A sua federação serve como achas para lançar aos governos em função de estratégias e oportunidades.





Como é do senso comum a maioria dos professores que ele diz representar através daquela instituição sindical não pertencem nem são simpatizantes do PCP. Naquele grupo profissional há, decerto, várias tendências político-partidárias apesar de estarem debaixo da mão desta federação de professores.





Num vídeo publicado em 17 de julho no portal da Fenprof, o dirigente da maior estrutura representativa de professores sustentou que as medidas anunciadas pela tutela para o próximo ano letivo, que começa em setembro, “põem em causa o regresso à escola em condições de segurança sanitária”, bem como pedagógicas. Mário Nogueira enumerou a falta de professores e do distanciamento físico desejável nas salas de aula.





Vejam-se algumas intervenções feitas por Mário Nogueira recolhidos da imprensa:





“Não estão reunidas condições, do ponto de vista da saúde sanitária, para que as escolas e jardins-de-infância possam abrir. [As escolas] vão reabrir num quadro epidemiológico mais grave do que aquele que levou ao seu encerramento e num quadro epidemiológico que ainda está ativo e com risco”.





O sindicalista voltou a acusar o Ministério da Educação de se estar a “recusar a testar a comunidade escolar”, considerando “importantíssimo” que fossem feitos testes à covid-19 a toda a comunidade que vai regressar e não apenas a alguns sectores, como é o caso das educadoras de infância e funcionários afetos ao pré-escolar.





“Todos os profissionais, funcionários e alunos devem fazer [teste]. Não fazer aos alunos é uma decisão incompleta”, referiu o secretário-geral, apontando para “cerca de meio milhão de pessoas a regressar às escolas” entre crianças, adolescentes e adultos.





Tentemos perceber o pensamento de Mário Nogueira no que se refere a questões de segurança necessárias nas escolas, o que nos leva à festa do Avante que nem a covid-19 faz parar nem se deixa de gritar a palavra de ordem “Avante, camarada!”, doa a quem doer, contamine-se quem se contaminar.





Mário Nogueira não é o organizador da “festa do Avante” e a propaganda do PCP tenta, utilizando os meios ao seu dispor para passar a mensagem da máxima segurança de que vai ser objeto a dita festa. Considerando que o sindicalista é militante do PCP ele acha que controlar vários eventos simultâneos movimentando como dizem 100.000 pessoas em segurança sanitária em campo aberto é coisa simples e, por isso, não merece da parte dele qualquer comentário.





A preocupação com as pessoas naquele caso não importa. Importa isso sim é utilizar demagogicamente a pandemia para fazer críticas políticas ao ministério da educação gerando angústia nas famílias, ao proferir declarações que, em vez de esclarecer, "causam ruído" e desestabilizam como acusou no Porto Canal, o ministro da Educação que invocou que as escolas possuem “mais recursos humanos, mais 2.500 professores, mais 2.500 horários completos”.





Quando tantos eventos foram adiados, mesmo os políticos, quando se pedem tantos sacrifícios aos Portugueses, quando a economia ameaça colapsar, e por aí fora o PCP fala em coragem para aglomerar num recinto que diz ter sido ampliado aquele número de pessoas quem nem os concertos conseguem. Adiar um evento destes para o PCP seria um atentado às liberdades democráticas. Não nos façam de parvos! Não estamos a viver num regime autoritário comunista como os da Venezuela ou da Coreia do Norte.





Como não podia deixar de ser, os argumentos do PCP são sempre os mesmo quando o contrariam: “lançamento de campanha mistificatória para instrumentalizar reais e naturais fatores de preocupação”; “uma ofensiva reacionária que passaria para outros patamares de limitação de liberdade e direitos”.





Argumenta ainda que diversos eventos culturais estão a acontecer ao longo do Verão: Jazz ao ar livre em Leiria, o Jardim de Verão na Gulbenkian, programação do CCB, "Noites do Palácio", no Porto, entre tantos outros. Pois é verdade, mas não comparemos escassas dezenas ou centenas pessoas com um evento onde é difícil “disciplinar” por questões de segurança sanitária de controlar com dezenas de milhar de pessoas, mesmo constituindo espécies de carreiros de formigas.





A “festa” do Avante que sempre foi uma festa passou agora, graças a subtileza lexical, a “evento político-cultural”. Mas, eventos culturais também houve vários que foram cancelados. O PCP sempre se transformou num partido pequeno em termos de votos, mas cuja importância é crucial para a nossa democracia e defesa das liberdades e que contribuiu para o derrube do Estado Novo cuja ideologia ainda há por aí quem a perfilhe cada vez menos às escondidas.  Não podemos é confundir as coisas. E se há algo que ao longo dos anos é a sua congruência que, por isso talvez lhe tenha valido a perda de alguns votos por defender a sua ideologia com uma admirável força que às vezes nega a própria realidade.





Se alguns defendem que o PCP precisa como de pão para a boca para angariar fundos não seria difícil, para a criatividade com que faz movimentações, contestações e eventos políticos, imaginar uma outra forma de angariar esses fundos.  





O problema começa a residir nas incoerências que minam os alicerces da confiança entre os cidadãos e quem os representa. Há cada vez mais incongruências, sem qualquer explicação racional que só podem ser ditadas por ocasionais conveniências seja políticas ou económicas.





Por isso não se compreende o caso de Mário Nogueira que defende um ponto de vista num caso, mas não olha para a sua casa matriz da política omitindo os perigos que pode trazer para a saúde pública neste momento um evento que dizem ser político-cultural. Não importa o que lhe queiram chamar, nada faz mudar a realidade que vivemos.





Em última hora e segundo o jornal Público o Governo vem dizer que Constituição não permite proibir Festa do Avante! Perante novas perguntas dos jornalistas, a ministra fez questão de insistir que “fora do estado de emergência não existe nenhum poder ou competência que o Governo tenha à luz da Constituição e da lei sobre a realização de atividades políticas”.


Ofensa a quanto obrigas


Ao fim de alguns meses cá volto ao João Miguel Tavares que  nos prenda com os seus comentários de opinião, por vezes jocosos, por vezes sem jeito, por vezes ridículos, por vezes parciais, por vezes temperados com azedume, por vezes sem interesse, por vezes com oportunidade.





Desta vez ficou enxofrado com o comentário pouco abonável, e posso dizer até ofensivo, como veremos adiante, com o que Secretário de Estado da Energia João Galaba fez em relação a um tal Clemente Pedro Nunes apresentado por JMT como engenheiro químico, especialista em energia e professor jubilado do Instituto Superior Técnico. Apresentação feita para que mereça credibilidade e respeito. Como se o merecimento do respeito estivesse apenas nas cátedras e nos cargos que se ocupam.





Há aldrabões em todo o lado nem precisamos de uma lanterna como o fez o filósofo grego Diógenes que aparecia pelas ruas de Atenas em pleno dia, segurando uma lamparina gritando que estava à procura de um homem honrado e que não encontrava nenhum, e ia afastando os que se cruzavam no seu caminho, dizendo-lhes que não eram mais do que escombros.





Desconheço quem seja o douto professor do Instituto Superior Técnico nem tão pouco irei tecer considerações, juízos de valor e de intenção sobre ele, mas cingir-me-ei apenas ao comentário do artigo de opinião de JMT.





A questão ocorre a partir duma entrevista dada por Clemente Pedro Nunes, professor do Instituto Superior Técnico (IST) na SIC Notícias onde acusou o Governo de querer “dar mais dinheiro aos do mesmo” com a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (ENH) que foi aprovada em Conselho de Ministros, na passada quinta-feira.





João Galamba reagiu de forma dura dizendo que “É um aldrabão e um mentiroso do pior. Não há outra forma de descrever esse cavalheiro. Chama-se Clemente Pedro Nunes e é um aldrabão encartado.”, respondeu João Galamba num twitte. Não concordo com este tipo de linguagem como argumento político o que mostra falta de qualidade que se exige a um político em exercício





João Galamba quando é confrontado com críticas aos seus pontos de vista torna-se irritante e irritadiço especialmente para muitos que não se acomodam com a sua exagerada assertividade com os tiques que JMT acusa de serem iguais aos de José Sócrates. É uma espécie de clone.





Neste ponto todos temos os nossos pontos fracos porque com mais ou menos relevância os nossos gestos ou atitude podem ser uma característica de aproximação e parecença com a de outras pessoas que fomos adquirindo inconscientemente ao longo na nossa vida por aprendizagem vicariante, isto é, por aprendizagem social, o que foi demonstrado por Albert Bandura. Aprendemos assim a observar os outros. A observação de “modelos” exteriores acelera mais a aprendizagem do que se esse comportamento tivesse de ser executado como aprendentes.





Sendo um acérrimo crítico de José Sócrates, a quem tem aversão de vária ordem, JMT transfere para Galamba essa espécie de ódio de estimação por encontrar nele atitudes e comportamentos idênticos.





O artigo de opinião de João Miguel Tavares centrando-se apenas na análise do comportamento na atitude de João Galamba. Não lhe interessa o cerne da questão, não se preocupa em saber da validade da Estratégia Nacional para o Hidrogénio e qual a validade dos argumentos dos dois protagonistas e se, neste processo, a questão de facto que ambos apresentam é circunstancial ou de evidência e se a dita estratégia trará, ou não, prejuízos ao país.





Não é novidade que especialistas das mesmas áreas do saber quando chamados a comentar certas decisões sobre projetos dos governos tomam posições diferentes sobre matérias da sua especialidade. Tem sido assim nas questões dos aeroportos, dos incêndios, do ordenamento das florestas, pontes, ferrovias, barragens e agora sobre a estratégia energética.





Quando se trata de questões que envolva decisões de ordem política as divergências entre especialistas das mesmas áreas científicas os argumentos a favor ou contra têm mais a ver com questões ligadas a pontos de vista de ordem partidária e ideológica. Procuram-se e defendem-se argumentos de ordem científica que possam contrariar ou facilitar os pontos de vista das decisões políticas dos governos sobre os quais estão a favor ou contra. Tais cientistas ficam tão cheios dos seus argumentos que esperam que todos concordem com eles e atacam-se uns aos outros sem dizerem o que era ou o que havia de ser. Em respostas à fraqueza dos argumentos apenas se obtém frases de lixo, coisas como as que os ministros respondem quando não têm resposta nenhuma.





Escreve Miguel Tavares imbuído de um êxtase axiológico: “São declarações absolutamente inaceitáveis, e num país mais exigente com o comportamento dos seus governantes ele estaria no dia seguinte no olho da rua.”. Que elementos de governos, mesmo fora de Portugal, que estariam no meio da rua se atendêssemos ao que eles propagam nas redes sociais. Esquece-se JMT que as redes sociais estão a ser o lugar privilegiado para governantes tecerem e justificarem os seus pontos de vista, ofenderem políticos, propagar ideias antidemocráticas, deixarem recados aos seus adversários políticos e fazerem comentários e críticas não raras vezes lançarem notícias falsas cujo exemplo manifesto é o do presidente dos EUA Donald Trump. Infelizmente parece que este tipo de políticos acha serão mais admirados pelos “outros”, aqueles a quem se dirigem, que terão a mesma linguagem.





As afirmações de Galamba sobre Clemente Nunes no Twitter são, de facto, uma traulitice verbal no Twitter, mas muito pior vê-se neta e noutras redes sociais. Miguel Tavares acha que “para além do insulto descarado, essas declarações importam sobretudo enquanto método de impor um pensamento único à sociedade portuguesa, que era típico dos tempos de José Sócrates, e que Galamba procura agora emular”. Achar que criticar o que alguns dizem, mesmo não correspondendo à verdade, utilizando o insulto, o que é reprovável, é pensamento único é mergulhar no exagero e no caricato.





No confronto e no discurso politico-ideológico é suposto que a argumentação dos opositores vá no sentido de que o seu pensamento é o único e verdadeiro e que ambos se tentam impor. Nas redes sociais há cada vez mais lixo informativo, falsas notícias, insultos e instigação ao ódio propagado também por responsáveis governativos. Há quem as utilize com desmesurada falta de ética que conduzem e coagem a uma espécie de pensamento único em que os discordantes são assediados com ameaças e insultos.





Este caso não merece o tempo que JMT lhe dedicou, caso tivesse ocorrido com alguém ideologicamente preferencial não lhe teria valido o tempo de escrita que lhe ocupou.


Queremos debates diários com os primeiros-ministros já!


É caricato que nos digam que uma verdadeira democracia é aquela em que um primeiro-ministro, seja ele quem for, vá com frequência ao parlamento.





E, de repente, eis que se levanta um clamor vindo de comentadores, responsáveis escrevedores de opiniões e jornalistas contra algo que, para eles, é lesa democracia acabarem os debates quinzenais com o primeiro-ministro. Talvez porque vão deixar de ter tema e espaço para as habituais “cachas” jornalísticas, comentários e opiniões e “bocas” oportunas ou não que irão passar a ter apenas de dois em dois meses.





Uns levantam-se clamando que os partidos, PS e PSD, que aprovaram o fim dos debates quinzenais com o primeiro-ministro – com o atual e com os que a seguir vierem – “têm ADN salazarista”. Pois claro, a comparação é mesmo a mais indicada e encaixa-se perfeitamente na nossa democracia com ou sem debates com o primeiro-ministro, então, não é? Outros afirmam que é um “dia negro para a democracia”. Estamos a entrar em plena ditadura, só falta esta. Tretas digo eu! O que irão sentir é a falta das tricas do costume para comentar casos e casinhos, quais vizinhas calhandreiras que falam umas das outras entre janelas e varandas e que com nada contribuem para a melhoria dos problemas do país e dos cidadãos.





Aqueles senhores e a comunicação social vão sentir a falta das tricas e questões de lana caprina que transformavam debates que deveriam ser feitos para escrutinar a ação do governo e dignificar o Parlamento com assuntos que interessem às pessoas e ao país  e não uma espécie de fantochada quinzenal com perguntas e perguntinhas sobre coisas e coisinhas que na maior parte das vezes não interessa aos cidadãos e em nada contribuem para a melhoria o estado da nação. Tricas de partidárias que na maior parte das vezes apenas servem para ter a visibilidade nos noticiários televisivos de alguns dos senhores deputados sem qualquer utilidade prática na governação.





Não me venham com essas de a democracia ficar mais pobre por os debates com o primeiro-ministro serem de dois em dois meses. Se assim for então quem está contra esta ideia tem de assumir que o então primeiro-ministro José Sócrates ao resolver criar estes debates quinzenais foi o pai do enriquecimento da democracia pois antes deste modelo nenhum outro primeiro-ministro o fez.  





Quem pensa que os debates quinzenais com os primeiros-ministros são importantes o que pretende é espetáculos ao vivo para terem assunto no dia seguinte e durante os seguintes quinze dias.  Eu não fico mais informados com o que o primeiro-ministro quando vai ao parlamento quinzenalmente. Onde apenas se questionam as tretas do costume que, na maior parte das vezes não se refletem posteriormente em resultados práticos.


As lições de Ressabiado Silva

O nome próprio “Ressabiado” não existe, é ficcionado. Tal nome próprio nunca terá sido posto a ninguém, a não ser como alcunha. Já viram com...