O que vou escrever não foi movido pela inveja porque nada
tenho a invejar a Cristina Ferreira, não sou da profissão, nem que o fosse, não pertenço ao seu grupo de amizades, não a conheço
pessoalmente o que dela sei é somente e apenas pelos programas que ela
protagoniza e o que a comunicação social vai dizendo sobre o que se passa nos
bastidores dos canais onde trabalhou ou trabalha.
Pacheco Pereira pessoa que considero ser séria como escritor
e que também admiro pelo seu estilo de comentário de opinião escreveu
no jornal Público um artigo em defesa de Cristina Ferreira. Em epígrafe escreve
“O ódio dos covardes que anda por aí” e “Sim, este elogio da denúncia de
Cristina Ferreira é para vosso escarmento, vosso opróbrio, vosso desluzimento,
vossa vergonha e, se tiverem de ir ao dicionário para perceber algumas
palavras, ao menos ganha-se alguma coisa.”
Concordo com Pacheco Pereira unicamente enquanto elogio da
denúncia que Cristina Ferreira faz no seu livro do esterco de comentários por alguma
gente que se movimenta pelas redes sociais. Devemos, todavia, separar algumas
águas quando se trata de pessoas a que se resolveu chamar figuras públicas, que,
por princípio, têm mais visibilidade através dos canais televisivos porque a carência
de protagonismo que é o seu alimento poderá conduzi-las aos mais variados e falsos
altruísmos que, apesar de tudo não deixam de ser altruísmos quando praticados.
Pacheco Pereira elogia Cristina pelo seu livro porque também
se indigna, com plena razão e direito, com os discursos de ódio, grosseria, de
ameaças, de violência que passam impunemente pela rede sociais
O título deste meu texto “Oportunismo com oportunidade” vem
mesmo a propósito e vem a propósito da publicação do livro “Pra Cima de Puta” da
autoria de Cristina Ferreira, (tê-lo-á escrito?), editado em novembro de 2020
pela Contraponto Editores. A esta publicação seguiu-se, quase de imediato, a
petição contra o cyberbullying para levar à Assembleia da República o que
ao mesmo tempo veio servir de marketing para a promoção do livro e,
sobretudo, da sua autora. Parece-me ser uma motivação exclusivamente pessoal,
mas que pretende transvasar para a generalidade. Enfim, coincidências! O título
do livro é sugestivo e pode levar muita gente não apenas as que frequentam as redes
sociais a comprá-lo, e é isso que interessa.
As audiências dos programas por ela geridos, e alguns também
apresentados, estão em baixa, pelo que
todo este movimento marketing à volta de Cristina possa vir a exercer uma
espécie de alavancagem para os seus programas televisivos na TVI que tem vindo a ter maus resultados devido à sua
interferência e que, por isso, encontra-se fragilizada segundo consta nos
bastidores da estação televisiva.
Os seus sorrisos para as câmaras e a aparente simpatia, que seduzem
muitos espectadores, não são mais do que mera representação porque, dizem, ao
vivo e em trabalho de bastidores é do piorio gritando e insultando os seus
colaboradores.
O livro, ao transcrever comentários a ela dirigidos e por
ela transcritos para o seu livro poderá ser uma forma de Cristina Ferreira se vitimizar
perante o público. Transformar ameaças e crises numa boa oportunidade de negócio
é atributo de empreendedorismo e praticado em algumas empresas, e Cristina é
uma empresa. É isso que Cristina Ferreira tenta fazer.
As ameaças que advêm da utilização imprópria das redes
sociais não é de hoje, embora se tenha agravado, vem desde o seu lançamento.
Ameaças, ciberbullying, notícias falsas,
difamação, falsidades, maledicências, maldade, machismo, mulheres que rebaixam
mulheres e outros impropérios idênticos, para tal a imaginação não falta têm
sido várias vezes denunciados e objeto de debate. Esta situação tem vindo a
gravar-se e o exemplo é encorajado por alguns altos responsáveis de alguns
países bem conhecidos de muitos.
Não é de hoje que as redes sociais têm sido utilizadas para
fazer ataques pessoais em que as emoções, boas ou más, extravasam o limite do
possível. O tema ciberbullying não é novo e tem sido debatido
internacionalmente, nomeadamente na União Europeia cujo Parlamento tem abordado.
Tentar resolver ou mitigar o problema dos conteúdos nocivos ou ilegais online e,
ao mesmo tempo, proteger a liberdade de expressão é uma das questões fundamentais
que os eurodeputados querem abordar assim como a da proteção dos utilizadores
contra aquele tipo de conteúdos.
A legislação sobre a informação que circula pelas redes
sociais vai apresentar até final do ano uma nova legislação (‘Digital Services
Act’ – Lei de Serviços Digitais) para regulamentar melhor os gigantes tecnológicos,
em termos de gestão de dados, desinformação e discurso do ódio, em particular.
A Comissão Europeia está a trabalhar numa legislação para
garantir que os conteúdos ilegais sejam retirados com as salvaguardas
necessárias para proteger a liberdade de expressão porque o ódio não conhece
fronteiras. A União Europeia tem, desde 2016, um código de conduta contra o
discurso do ódio, de base voluntária, que foi assinado pelos grupos e redes
sociais Facebook, Microsoft, Twitter, Youtube, Instagram, Snapchat, Dailymotion,
Jeuxvideo.com e Tiktok.
Na Internet e nas redes sociais há gente infame ou que sofre
de alguma psicose que difama e se alimenta destilando ódio, agredindo com
facilidade e sem pudor pessoas que consideraram tomar como alvo, quer sejam políticos,
quer sejam outros que se expões publicamente e Cristina Ferreira é uma dessas muitas
pessoas que se expõe assumida e publicamente nas redes sociais.
Fico perplexo quando famílias e muita outra gente que, mesmo
não sendo figuras públicas, se expõem através de imagens em família estimulando
até os filhos a promoverem-se através de fotografia nas redes sociais. Assusta-me
perceber que isso acontece sem qualquer controlo e autocrítica e que depois de
serem alvos lamentam-se e julgam-se agredidos.
Não sei se o que mais preocupa Cristina se será sentir-se
“Pra cima de Puta” ou se é sentir que está abaixo de puta nas redes
sociais. Não percebo a metáfora, mas eis que descobri uma interpretação. Ao
escrever aqui abaixo de puta, pensei que teria sido original, mas não
fui porque há quem já utilizasse o termo no mesmo contexto que passo a citar e
que também podem ler
aqui:
“I. Que Cristina
Ferreira use a expressão como título de um livro seu, eis uma escolha
inevitavelmente curiosa, tendo em conta que a autora quer evitar qualquer
arbitrariedade metaforizante, esclarecendo que se trata de uma "provocação",
no sentido em que o seu objetivo primordial é uma "chamada de
atenção". Atenção para quê? Para uma "análise sociológica" das
"agressões" nas "redes sociais" — a começar por aquelas a
que ela tem sido sujeita, incluindo a classificação "pra cima de
puta".
III. Somos todos pavlovianos, eis a questão. Por um
lado, Cristina Ferreira é uma personalidade pública do espaço televisivo, em
grande parte apoiada nas chamadas redes sociais, o que ajudará a explicar o seu
natural interesse pela sociologia. Identidade, sistema moral e estratégia
empresarial, tudo nela existe arquitetado e exponenciado através de tais
circuitos. Por outro lado, pressente agora que a utopia "social" que
tão empenhadamente tem protagonizado pode ser uma ilusão cruel, convocando os
seus seguidores "para percebermos que mulheres e homens atacam ferozmente".
Cristina é em grande parte
apoiada nas chamadas redes sociais, mas desconhecem tudo quanto faz a
não ser os risos e sorrisos para as câmaras, mas, do que tem vindo a público (consultar
revista Sábado de 25 de novembro), é sintoma nítido de megalomania
egocentrismo.
Pegar no que lhe chamam nas redes sociais, convencida,
traidora, vergonhosa, manipuladora, exibicionista, gananciosa e tentar colocá-los
como vantagem para si própria é o objetivo de Cristina para se vitimizar. A
vitimização por vezes dá resultados face à queda das audiências.
Quem frequenta redes sociais como o Instagram pode confirmar
que Cristina se expõe a tudo quanto sejam abutres do cyberbullyng e ela
sabe disso porque não é nem parva, nem estúpida.
O discurso de ódio algumas vezes tem motivações induzidas
por quem é o alvo movidas por comportamentos, atitudes, opções partidárias e
ideológicas e que se revelam em ataques de todas as espécies que servem aos
seus autores de escape que a liberdade de expressão das redes sociais
proporciona.
O que me parece estranho é que Cristina Ferreira só agora tenha
descoberto os ataques verbais de que tem sido alvo ache também agora que vem em
auxílio de outros estão a ser alvos da mesma situação. Estranho é ainda que só
ao fim alguns anos venha a insurgir-se contra as injurias, e muitas outras
formas de ódio de que tem sido vítima através do cyberbullying e se atribua
a si própria a grande defensora de todos e todas que dele têm sido vítimas
quando o tema na sua generalidade tem sido abordado não raras vezes.
Há pelas redes sociais milhares de figura públicas, ou não,
que são insultadas, enxovalhadas e vilipendiadas que não se queixam e que, com
elevação moral não dão resposta a essas provocações que circula nas redes
sociais, em vez de se focarem e darem valor a essa gente abjeta que se embrenha
no anonimato. Todavia não são apenas insultos há também manifestações de indignação.
Há os que se põem a jeito e Cristina põe-se demais a jeito.
O que dizer de quem publica vídeos e fotografias no seu Instagram fotografias
com um seu protegido por ela relançado passeando-se num iate apresentando a ideia
de alguma cumplicidade entre ambos para alimentar a imprensa. “Na montra do
Instagram apresenta sorrisos e uma vida despreocupada financeiramente que
contradiz o que se passa nos bastidores. Quem tem contacto com ela na estação descrevem
a tensão que se vive na estação. Em público Cristina disfarça a desolação com
as derrotas e não baixa a guarda… As fúrias são à porta fechada, fora dali…” Ler
aqui.
A megalomania e declarações de “eu é que mando”, “eu é que escolhi”
é uma necessidade de transmitir para se auto compensar revelam um egocentrismo
patológico. Aquando da XXIV cerimónia dos Globos de Ouro da SIC recorde-se o
seu discurso que recebeu críticas vindas de vários setores: "Cristina, a
rainha da humildade"; "Presunção e água benta..."; "Que
convencida e arrogante", foram alguns dos comentários ao discurso da
apresentadora, que ganhou o prémio 'Personalidade do Ano' na área do
Entretenimento.
Num fragmento do discurso que não está descontextualizado afirmava
que "Eu dizia não quero, isto não faz sentido nenhum, estou lá a
apresentar e depois vou lá receber o prémio... e depois percebi que quero. E
quero, porque é justo", afirmou, como autoelogio e arrogância que lhe é
habitual.
Ser figura pública e ambicionar por visibilidade e
protagonismo para benefício próprio tem, e sempre teve os seus riscos, mesmo
antes das redes sociais. Publicações como tabloides e revistas cor de rosa e
outras lançavam para o público, amores, casamentos, escândalos e outros “tesourinhos”
sobre vedetas ou personalidades mais conhecidas.
Portanto, não nos admiremos, Cristina Ferreira não é a vacina
que vai salvar o “mundo” do discurso de ódios nas redes sociais.