No post anterior teci algumas considerações exploratórias sobre eventuais movimentos que a direita faz por caminhos tortuosos traduzidos em fugas de informação, conluiada com uma espécie de jornalismo que por aí prolifera. São razões baseadas em suspeitas especulativas sobre a direita. Mas, tendo em consideração o aproveitamento de casos e casinhos que a direita tem utilizado com populismo oportunista há motivos subjetivos para tal.
A corrupção é um mal que está a destroçar o país e a colocar perante as pessoas desconfianças em tudo o que seja política e políticos e o modo como as instaurações de processos-crime são executadas na sequência de notícias publicadas. Daí a desconfiança também na justiça.
A chamada investigação jornalística sobre casos de corrupção anda à frente da investigação judiciária que pode ser explicado pelo acesso a fontes e ou denúncias que são efetuadas, não às polícias competentes, mas a certos jornais ou televisões, possivelmente com origem nos próprios órgãos judiciários caindo no âmbito do segredo de justiça que apesar disso passa diretamente para a opinião pública com a condenação publica e imediata de pessoas e instituições na praça pública muito antes até das investigações se iniciarem. O caso de jornalistas se encontrarem nos locais sabendo que a polícia irá aí aparecer não deixa dúvidas.
A corrupção sempre existiu com a diferença de que, no tempo da ditadura, quando envolvidos altos cargos públicos ou empresariais era desconhecida do público porque as notícias eram de imediato silenciada pela comissão de censura. É natural, portanto, que, em democracia, surjam mais casos noticiados. No entanto informar é uma coisa, outra é os órgãos de comunicação social ao anteciparem à justiça procedam, através de títulos ou noticias insidiosas, à "perseguição" jornalística de cidadãos com objetivos meramente sensacionalistas.
As notícias vindas a público nas últimas duas décadas sobre diversos tipos de corrupção na maior parte estão associadas aos dois partidos de alternância no poder já que desconheço presença relevante na comunicação social de corrupção em que tenham intervindo elementos direta, ou indiretamente, ligados a partidos à esquerda do PS.
Têm sido o PS, e o PSD e CDS, estes sós ou em conjunto os mais abrangidos por problemas relacionados com corrupção. Contudo, a ênfase dessas notícias sensacionalistas é mais relevante quando se trata de elementos com ligações diretas ou indiretas ao PS estão envolvidos, numa espécie de continuo ad nauseiam.
Outra situação verifica-se quando a imprensa sensacionalista lança para a rua títulos de primeira página sobre determinado cidadão relacionados com possíveis casos de corrupção e o ministério público considere não serem matéria objeto de crime e arquive o processo, essa mesma imprensa, presumo que intencionalmente, omite o facto e não a mesma relevância de primeira página. Um dos exemplos é o recente caso do Correio da Manhã cuja primeira página de hoje omite o arquivamento do processo a que Mário Centeno esteve sujeito.
Como é possível que se proceda a instauração de um processo-crime apenas pela publicação numa primeira página ou noticiário de um qualquer órgão jornalístico impresso ou audiovisual. Lança-se uma notícia e o ministério público corre para buscas em certos locais (onde antecipadamente já se encontram jornalistas), sem validar a notícia e os seus fundamentos. Como é possível que tudo isto passe impunemente e a quem poderá interessar? Se não é assim, é o que transparece a quem está de fora e cuja informação é conseguida apenas pelo que jornais e canais de televisão nos fornecem para consumir.
Quando se trata de corrupção em que intervenham elementos ligados a partidos de direita as notícias divulgadas não são repetidas, nem com a mesma ênfase, nem com a mesma proporção em tempo e em repetições sucessivas dos atos presumivelmente praticados; vão-se diluindo ao longo dos dias até ao esquecimento. Isto é, para a comunicação social deixam de ser notícia e raramente voltam à arena jornalística a não ser episodicamente.
Podem representar-se estas premissas através dum diagrama interpretativo e subjetivo de noticias na imprensa e nas televisões sem se ter qualquer intuito quantitativo.
Repare-se que as cores a azul mais escuro na interseção com o círculo da comunicação social são diferentes em função da presença temporal da notícia. A dimensão dos círculos laterais que o intercepta representam a extensão e repetição das notícias.
Uma conclusão possível, mas enganosa, é a de que a corrupção à direita é menos relevante e menos frequente que à esquerda. É precisamente esta conclusão que os produtores e fornecedores de notícias sobre corrupção e partidos nos querem fazer acreditar.
Agra mesmo o jornal Público noticia 20H26M que:
Aberto inquérito à violação do segredo de justiça
Joana Marques Vidal considera "grave" nova violação do segredo de justiça e pede uma reflexão profunda de todos os intervenientes processuais. Jornalistas incluídos.
Acho que isto não vai dar em nada, há poderes que estão bem protejiods. A ver vamos.
Notas finais: É apenas uma opinião que necessitaria de estudo mas aturado para ser tomada como hipótese.
Sobre cunhas e corrupção o jornal Público publicou um artigo em 2011 que pode consultar aqui ou um artigo sobre o mesmo tema aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário