Política

Oportunismo político ou indignação?

O populismo tem vindo a crescer nos países da UE sendo mais marcante dos partidos da extrema direita. Em Portugal o fenómeno começa a estrear-se pela voz da direita conservadora que é representado pelo CDS com apoio clericalista. A exploração política e oportunista através da tragédia dos incêndios e das suas vítimas foi demonstrada já mais do que uma vez culminando com a notícia com grande pompa da moção de censura ao Governo que aquele partido vai apresentar no parlamento.


Não deixou respirar a nação, havia que não deixar refrear as emoções, aproveitar o momento, para fazer uma ofensiva política, era crucial sem o que não teria mais oportunidades. Esta seria a sua prova de vida após ter subido uns pontitos nas eleições autárquicas à custa do revés que o PSD causou a si próprio. E assim será até que a situação interna do PSD se clarifique e apresente um novo programa ao país se assim for.


O CDS encontrará no populismo a arma com que irá espadeirar em todas a direções. É assim que os conservadores democratas-cristãos, que de social e cristão nada têm, sabem agir. Têm atrás de si a força clerical que os poderá ajudar a levar a água ao seu moinho.


A Assunção Cristas coube-lhe a sorte de poder estar a capitalizar a perda do eleitorado que temporariamente saiu do PSD assim coimo a tragédia dos incêndios, fazendo de Paulo Portas um menino de coro. Fala alto e põe-se em bicos dos pés e diz: - Olhem! EU estou aqui!


O PSD está, por razões justificáveis em fase de hibernação até à escolha de novo líder e, talvez por isso, vai andado a reboque do partido de Cristas. Pelo menos é que se depreende da posição tomada sobre a moção de censura ao Governo. Não se conhece ainda o teor da moção de censura do CDS, mas prevê-se que será mostrar uma atitude de manifesta indignação pelo sucedido e pelas mortes provocadas pelos incêndios. Apesar disso nega ser oportunismo político. Se não fosse uma situação tão trágica daria lugar a sorriso.


Falso argumento, uma moção de censura pressupõe a queda de um governo pois que as indignações não se manifestam por atos deste tipo que tão pouco resolvem os problemas das mortes de pessoas. Se a moção de censura não fosse só um ato de oportunismo político então deveriam dizer claramente aquilo que o governo não fez e não apenas que é um mero ato de indignação. Por outro lado, deveria apresentar alternativas, coisa que não fez. Quando uma moção de censura é apresentada deve dizer ao que vem não sendo assim temos o oportunismo.


Houve um debate sobre o tema na Assembleia da República destinado ao tema dos trágicos acontecimentos e para se escutar o que se poderia fazer. Qual foi a atitude do CDS e de Assunção Cristas? Nada a apresentar. Curiosamente veio ontem dizer que tem propostas, as que se ouviram são as mesmas que já foram propostas pelo Governo. Talvez falta de inspiração!


O PSD desorientado apressou-se a dizer que apoia o CDS. Acho que fez muito bem em mostrar-se colado ao partido que lhe retirou uma parte significativa do eleitorado, pelo mesmo em Lisboa. A estratégia do CDS parece ser a de isolar ou arrastar o PSD aproveitando a fase ambígua que está a atravessa.


Talvez o PSD já se tenha apercebido porque hoje em conferência de imprensa o vice-presidente do partido afirmou: "O grupo parlamentar do PSD e o PSD gostariam de saudar o Governo pelas medidas que foram ontem [sábado] anunciadas de combate a estes flagelos que nos têm assaltado, que são os incêndios. O Governo tomou estas medidas e pode contar da parte do PSD com toda a colaboração necessária para que as mesmas sejam levadas a cabo", afirmou Abreu Amorim segundo o jornal Público.


O que acho estranho é esta reviravolta do Amorim que sempre foi um dos radicais que mais se opôs ao Governo e à "geringonça" e defendia sem hesitação Passos Coelho. Será que ele do grupo que entra no ditado que diz Só os burros é que não mudam, frase atribuída a Mário Soares para justificar o facto de ter "metido o socialismo na gaveta" e de lá nunca mais o ter tirado.


 

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