A direita tem toda a legitimidade para fazer oposição, o que não pode é tentar manipular e esconder a realidade e os factos à sua medida esquecendo o seu passado, ainda recente, e a forma como foi destruindo o país que, depois de destruído torna a sua reconstrução é mais lenta e difícil.
Como habitualmente, após a apresentação em conferência de imprensa do Plano de Estabilidade a apresentar em Bruxelas pelo ministro da Finanças Mário Centeno, os partidos da oposição de direita CDS e PSD, e do BE e PCP, à esquerda do PS, comentaram o conteúdo apresentado.
Como seria de esperar, o CDS pela voz de Mota Soares (não sabemos se após deixar de ser ministro continua a andar de motoreta) não concordou em nada com o plano apresentado. Como seria de esperar para o CDS estava tudo mal e a sua intervenção sem história, resumiu-se a mais do mesmo. E, para testar a esquerda, quer ver votação de resolução no Parlamento. Cinismo do costume!
Quanto ao PSD, cujo comentário foi proferido por essa sumidade, e ainda jovem, Leitão Amaro, 38 anos, resquício da direita liberal radical do PSD que utilizando uma verborreia demagógica, demasiado longa e cansativa, lá foi dizendo, estava tudo errado na sua maior parte. Debitou para o ar uma série de jargões e de falsidades interpretativas já bem conhecidas das suas intervenções sobre a situação financeira e económica do país. E pretendeu com passe mágica verbal fazer-nos acreditar que tudo o que melhorou nas pessoas, e no país, foi devido ao PSD.
Ao ser questionado sobre se previa e pelas críticas que apontava no Plano de Estabilidade esperava que ele recusado por Bruxelas não respondeu e saltitou aqui e ali refugiando-se em partes descontextualizadas do Conselho de Finanças Públicas escolhendo as referências que mais lhe agradam. Quanto a alternativas que teria para apresentar se fossem governo nada disse limitando-se a dizer que seriam outras. Mas nós sabemos quais seriam. Seriam a mesmas que aplicaram durante os seus quatro anos de mandato.
Falou ainda em reformas, que reformas? As que devem ser feitas para as gerações futuras como se as gerações do nosso tempo não tivessem também sido no passado consideradas como gerações futuras. Os portugueses vivem o presente, não vivem do que se deve fazer tendo em vista as gerações futuras, porque essas, quando vierem, muita coisa mudou, entretanto, e, então, serão elas que terão de garantir e tomar as medidas adequadas à sua época. O que as gerações futuras necessitam é que se cuide do ambiente em que irão viver porque, no que respeita às melhores políticas, cada geração saberá cuidar-se e ver o que necessita no momento. Quem é que, no tempo da ditadura do Estado Novo, pensava que as gerações futuras iriam produzir o 25 de abril que acabou com o regime? Salazar bem fez o possível por preparar nesse tempo as gerações futuras para manter o fascismo e o colonialismo.
Algumas das afirmações do porta voz do PSD são hilariantes tais como "a solução do PSD para governar o país é diferente" daquela do atual Governo e de "Não nos conformamos em aproveitar os ventos de costas, queremos melhorar a vida dos portugueses", refere ainda que a opção do Governo é de "insistir em manter em Portugal a carga fiscal mais elevada de sempre". Onde é que nós já ouvimos isto? Leitão deve ter-se esquecido dos cortes que estariam para vir se o PSD daquele tempo ainda estivesse no governo do país, e do "enorme aumento de imposto" que o ministro das Finanças, Gaspar reconheceu durante o governo em que Leitão foi Secretário de Estado da Administração Local no XIX Governo Constitucional, leia-se Governo de Passos Coelho.
Leitão Amaro, vice-presidente da bancada parlamentar do PSD que, como muitos outros, é um dos apêndices dos liberais radicais de Passos Coelho em funções parlamentares fez questão de mencionar que Portugal com o atual Governo é dos países que menos vai crescer economicamente. Mentira descarada por omitir o contexto real, é que as previsões intercalares de inverno de 2018 da Comissão Europeia para o
crescimento em Portugal durante em 2018 e 2019 embora desacelere fica alinhado com o dos países da zona euro e os que mais influenciam a economia da U.E. e outros comparativamente mais ricos como se pode ver no mapa e no gráfico que se apresenta abaixo.
O que Leitão Amaro não mencionou é que os países que mais crescem com exceção da Irlanda são aqueles onde a direita está a impor-se e a exploração do trabalho apresenta níveis salariais muito baixos. São os países do leste europeu como se verifica quadro abaixo marcados com asteriscos os que não pertencem à zona euro e com dois astericos o que integram a zona euro.
Também não salientou que, devido a uma previsível alteração da conjuntura internacional as previsões da mesma comissão para 2019 são de baixa de crescimento para todos aos países.
Comissão Europeia: Previsões de crescimento de outono 2017 | |||
Países | 2017 | 2018 | 2019 |
Italy | 1.5 | 1.3 | 1.0 |
United Kingdom | 1.5 | 1.3 | 1.1 |
France | 1.6 | 1.7 | 1.6 |
Belgium | 1.7 | 1.8 | 1.7 |
Denmark | 2.3 | 2.0 | 1.9 |
Germany | 2.2 | 2.1 | 2.0 |
Portugal | 2,6 | 2.1 | 1.8 |
Euro area | 2.2 | 2.1 | 1.9 |
EU | 2.3 | 2.1 | 1.9 |
EU27 | 2.4 | 2.2 | 2.0 |
Austria | 2.6 | 2.4 | 2.3 |
Greece | 1.6 | 2.5 | 2.5 |
Spain | 3.1 | 2.5 | 2.1 |
Netherlands | 3.2 | 2.7 | 2.5 |
Finland | 3.3 | 2.7 | 2.4 |
Sweden | 3.2 | 2.7 | 2.2 |
*Croatia | 3.2 | 2.8 | 2.7 |
Cyprus | 3.5 | 2.9 | 2.7 |
**Lithuania | 3.8 | 2.9 | 2.6 |
*Czech Republic | 4.3 | 3.0 | 2.9 |
**Estonia | 4.4 | 3.2 | 2.8 |
Latvia | 4.2 | 3.5 | 3.2 |
Luxembourg | 3.4 | 3.5 | 3.3 |
*Hungary | 3.7 | 3.6 | 3.1 |
**Slovakia | 3.3 | 3.8 | 4.0 |
*Bulgaria | 3.9 | 3.8 | 3.6 |
*Poland | 4.2 | 3.8 | 3.4 |
Ireland | 4.8 | 3.9 | 3.1 |
**Slovenia | 4.7 | 4.0 | 3.3 |
*Romania | 5.7 | 4.4 | 4.1 |
Malta | 5.6 | 4.9 | 4.1 |
Fonte: Comissão Europeia - https://ec.europa.eu/info/business-economy-euro/economic-performance-and-forecasts/economic-forecasts/winter-2018-economic-forecast_en#winter-2018-interim-economic-forecast-a-solid-and-lasting-expansion
A direita tem toda a legitimidade para fazer oposição, o que não pode é tentar manipular e esconder a realidade e os factos à sua medida esquecendo o seu passado, ainda recente, e a forma como foi destruindo o país que, depois de destruído torna a sua reconstrução é mais lenta e difícil.
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