Regressado duma viagem por Espanha e por França deparo-me mais uma vez com as reivindicações duma classe, dita de professores da função pública, manipulados pelo seu grande educador e líder sindical Mário Nogueira que já nem se recorda do que é dar aulas. É o exemplo do líder sindical, que leva os professores a serem uma espécie de mercenários da educação que querem trabalhar o mínimo por mais dinheiro. Lutam pela manutenção de alguns dos seus privilégios, mas têm aos poucos vindo a roubar à profissão o prestígio, a autoridade e a simpatia que ela deveria ter junto da comunidade que é suposto servir.
Temos ainda tantos setores sociais, como o da saúde, educação (salários dos professores não incluídos) carenciados que necessitam de verbas e exigem-se agora verbas astronómicas para manutenção de privilégios que poderia ser feita gradualmente.
Quantas famílias vivem neste país que trabalham com um ordenado mínimo e fazem os possíveis por manter o seu emprego trabalhando horas a fio observam, atónitos, aqueles que deveriam estar mais preocupados e centrados nas avaliações dos alunos em vez de reivindicações impossíveis de satisfazer de momento. para conseguirem ainda mais dinheiro obtido com a contagem integral do tempo de serviço desde há nove anos, que até poder ser legal e de justiça, mas esquecem-se, estes intitulados professores, de que estamos ainda a sair duma crise que sacrificou muitos trabalhadores e que, decerto, não foram eles, os do ensino público, os mais atingidos. Reconheço e dou valor ao trabalho dos professores, os que merecem esse epíteto e que são, felizmente, a grande maioria, cujo trabalho não é muitas vezes devidamente reconhecido por alunos e encarregados de educação.
Não discuto se a luta reivindicativa de reconhecer os 9 anos 4 meses e 2 dias é ou não legalmente justa. Naturalmente sê-lo-á. Mas há nove anos estávamos em 2007 e no governo encontrava-se José Sócrates como primeiro-ministro, que continuou até 2011. De 2011 a 2015 esteve no poder o governo de coligação de direita PSD-CDS chefiado por Passos Coelho e Paulo Portas. O senhor Mário Nogueira, tirando uma escaramuça aqui e ali durante todo aquele tempo, não abriu a boca sobre o tempo de serviço que lhes foi retirado, mas agora reclama. Porque só agora esta luta desenfreada, com ameaças de greves a exames e prejuízo da abertura do próximo ano letivo que apenas prejudica alunos, encarregados de educação e famílias?
A classe dos professores é aquela que, quer em regalias, quer em remuneração média, é das mais elevadas na função pública e até do setor privado. O manipulador sindical Mário Nogueira faz mover os professores acenando-lhe com mais euros para os seus bolsos e arrasta agora outros para a sua luta de prestígio pessoal e sindical que o leva já ao culto da personalidade pelos ditos professores ululantes no que toca à obtenção de mais dinheiro.
A classe professoral sabe que tem um patrão, o Estado, que não os pode despedir por mais que prejudiquem a educação. O outro patrão, o da política, é o Nogueira, é a ele que prestam vassalagem para obterem o possível e o impossível. É uma espécie de ditadura professoral que não tem quem lhe faça frente. Quem poderá vir no futuro tirar vantagens com este tipo de movimentações?
Só alunos, pais e encarregados de educação poderão barrar atitudes de ditadura professoral colocando de lado opções políticas e partidárias e unindo-se numa grande manifestação nacional contra o boicote que Mário Nogueira e outros como ele pretendem fazer aos exames, às notas e à abertura do ano letivo levando consigo uma classe que deveria ser um prestígio para o país. Pais e encarregados de educação são os únicos que poderão travar este boicote e acabar de vez com atitudes ditatoriais de um líder sindical que desprestigia uma classe.
Embora esteja sempre, ou quase sempre, em desacordo com os pontos de vista e as ideias políticas de João Miguel Tavares vejo que, mais uma vez, estou de acordo com o que escreveu no jornal Público que podem ler aqui.
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