Política

Redes sociais e legiões de fracos transformados em fortes






Hoje venho para aqui falar de imbecilidades e de imbecis que  frequentam as redes sociais, fazem comentários nos jornais online e que, comoeu, escrevem em blogs. Isto por me ter lembrado de Umberto Eco, vulto enorme dacultura europeia, filósofo, escritor, semiólogo, linguista de famainternacional que em junho de 2015, quando recebeu o título de doutor honoriscausa em comunicação e cultura na Universidade de Turim, afirmou publicamente que“As redes sociais dão o direito à palavra a uma legião de imbecis que antes apenasfalavam num bar depois de um copo de vinho sem prejudicar a comunidade e agoraeles têm o mesmo direito à palavra do que um Prémio Nobel, é a invasão deidiotas ". Declaração que podem consultaraqui.





Numa primeira leitura diria que Umberto Eco estava a
chamar-me idiota e imbecil a mim e a outros milhares e com alguma razão. Embora
em Portugal não tenha sido dada muita relevância ao facto, mesmo assim muitos
se indignaram quando aquelas afirmações foram proferidas e, claro, muitas idiotices
também se escreveram nos comentários na imprensa online e sites de canais
televisivos como podem
confirmar neste exemplo
.





Jornalistas e intelectuais que tinham os seus blogues e contas
em rede sociais reagiram e indignaram-se. Eu que também escrevo para um blogue
e não sou Prémio Nobel, segundo o ponto de vista do próprio Umberto Eco, também
estaria incluído no conjunto dos imbecis, mas não me indignei e até concordei
com ele. As interpretações que foram dadas ao que ele disse é que foram erróneas.





Umberto Eco não se referia aos que escrevem e defendem opiniões
pessoais ou partidárias, confrontam ideias, cada um à sua maneira, com
narrativas e argumentos melhores ou piores, bons ou maus, discutíveis,
concordantes ou discordantes de outros pontos de vistas. Referia-se ele aos selváticos
imbecis que proliferam nas redes, profissionais da ofensa, da difamação, da mentira,
da calúnia, da asneira, das informações falsas que, não sabendo redigir argumentação
inteligível, utilizam uma linguagem obscena, grosseira, ofensiva, apenas e
porque não concordam com outras opiniões que não sejam as da sua própria inabilidade
argumentativa. Outros há, ainda, que utilizam uma linguagem intelectualoide numa
amálgama de ofensas e obscenidades para que deem crédito à sua voz
estupidificante.





A troca de comentários e a avidez de novidades estruturam a
participação nas redes sociais. As pessoas já estão acostumadas a comentários
rápidos e superficiais sobre tudo e todos. É fácil ver nesses comentários a
preocupação de cada um em simplesmente dar sua opinião, mais do que ouvir a
alheia. A opinião do outro é apenas a oportunidade para expressar a sua própria
através de linguagem do mais baixo nível. São os “bullies” e os hooligans das
redes sociais.





Era a todos estes que Umberto Eco se referia quando antigamente
estavam silenciados por falta de canal e agora são percursores de campanhas de notícia
falsas e outras idiotices para captar cidadãos bem-intencionados, mas incautos,
para as suas debilidades e posturas mentais. Umberto Eco terá sido o percursor
da adjetivação dessa gentalha que prolifera nas redes sociais. Felizmente que, atualmente,
cada vez mais comentadores e jornalistas de vários quadrantes ideológicos têm a
mesma opinião.





O caso é tanto mais preocupante quanto mais essa imbecilidade
que Umberto Eco menciona interfere pela distorção, invenção e falseamento de factos
e notícias arquitetados e engendrados premeditadamente com finalidades e efeitos
perversos. A estas estratégias, utilizadas em redes sociais, é dada cobertura com
o exemplo dado por altos responsáveis de países com importante influência na
política mundial como são os EUA. Quando o próprio presidente deste país, Donald
Trump, manda manipular imagens de um facto captado e testemunhado presencialmente
por várias pessoas e divulgadas mundialmente é evidente que outros farão o
mesmo. Quando um presidente utiliza uma rede social para divulgar notícias falsas
para combater órgãos de comunicação credíveis e responsáveis e lhes abre uma
guerra aberta, não podemos estranhar que outros façam o mesmo com as mais
obscuras intenções.





No caso do presidente do EUA a mentira e a manipulação sobre
factos são validados pela ignorância de quem os lê, ouve ou vê sem qualquer necessidade
de conferir. O que lhes é dado é uma presumível verdade assente na
credibilidade da proveniência numa tese de: é emitida pelo próprio poder logo é
credível, mesmo que falsa.





O vídeo abaixo é o original do canal CNBC.




[youtube https://www.youtube.com/watch?v=zFWvLj2wq2Y]








Pode
ler aqui a notícia completa
.





O vídeo seguinte é o vídeo manipulado pela Casa Branca publicado
no jornal
online espanhol El Pais
.




[youtube https://www.youtube.com/watch?v=LJCjKhmtndI]

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