Política

Partido para deserdados de pelouros

Todos conhecemos Santana Lopes há muitos anos e pelo menos sabemos tudo sobre a sua vida, a política, a de comentador desportivo, e a outra, a privada que menos interessa. Nós os do povo, o que sabemos tem sido, ao longos dos nos da democracia, através da imprensa, da televisão e também pelas revistas cor de rosa. Sabemos o que conseguiu ser Presidente do PSD entre novembro de 2004 e abril de 2005 e, com a sua mania da originalidade, desastroso primeiro-ministro de Portugal apenas e porque Barroso abandonou o país para ir para Bruxelas após a cimeira das Lajes e ao o ataque de Bush ao Iraque. Santana Lopes sempre foi politicamente ambicioso e gosta da visibilidade dos media e, ao longo do tempo em que esteve no PSD, sempre tentou ser líder do partido pelo menos candidatou-se várias vezes.


Não é a errante biografia política de Santana Lopes que me interessa, mas o a motivação que lhe deverá ter dado a derrota nas eleições em competição com Rui Rio para a liderança do PSD. Desconheço as reais motivações que o levaram a constituir o partido Aliança, nome que me faz recordar a semelhança com os dos partidos de extrema-direita que creio não o vir a ser, podemos, contudo, especular se foi por despeito, por ambição, por uma questão de poder ter mais intervenção nos meios de comunicação social, talvez até como tubo de ensaio para uma futura candidatura à Presidência da República, enfim, de Santana Lopes, podemos esperar tudo e tudo irá depender das próximas eleições que se avizinham.


Há, todavia, algumas questões com que nos devemos preocupar. É o tipo de pessoas, no que se refere ao quadrante ideológico, de que se vai rodear. No congresso do novo partido que está a decorrer está previsto para a vice-presidência a escolha do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Durão Barroso, António Martins da Cruz, que em 2003 pediu a demissão, na sequência do alegado favorecimento da sua filha no ingresso ao ensino superior em medicina. Recorde-se que este ex-ministro saiu do PSD quando Rui Rio ganhou as eleições


Há, todavia, outra questão, ainda mais importante, e com que os que são europeístas se devem preocupar, é com a utilização do partido Aliança para campanha anti U.E. alinhando por questões diferentes com o são o PCP e o BE.


Que é um partido de direita está claro, mas em que quadrante deste espetro ideológico vai alinhar é pouco claro. O que se sabe é que pelas propostas mais ou menos radicalistas sobre a U.E., quem é pela democracia e pela U.E. embora com algumas alterações, não se espera nada de bom. Enquanto o PSD e o CDS tecem têm algumas críticas, não demonstraram até agora um radicalismo antieuropeu ao contrário deste novo partido que tem um discurso demasiado agressivo embora dizendo-se não eurocético sobre a União Europeia.


É por isso que se deve estar alerta porque nem tudo o que é novidade é, necessariamente bom para as pessoas e para o país. Embora não esteja ainda nas expectativas, nós, um país sem grande capacidade de negociação e sem grande força para se fazer impor internacionalmente, nada teríamos a ganhar com uma espécie de Portexit.


De partidos como o Aliança apenas podemos contra com demagogia e populismo barato para levar atrás alguns incautos. Este partido Aliança, no meu entender, é um partido para servir para realização de ambições políticas e pessoais de alguns deserdados de pelouros, especialmente as do seu próprio líder, Santana Lopes.

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