Tudo o que Rui Rio promete em redução de impostos como o IRS é lá para 2025 e 2026, data das próximas eleições. Até lá o pagode que aguente. Não se pode dizer que está a mentir, mas… está a enrolar-nos com promessas que na altura poderá não poder cumprir face à evolução da economia internacional. Demagogia da melhor.
A experiência que nós temos tido com governos do PSD e CDS
não têm resolvido os problemas que todos, cada um seu modo, gostaríamos de ver
resolvidos, antes pelo contrário. Com o PS também não, dirão alguns, piorou,
dirão outros, talvez estejam certos, mas o que não podemos esquecer é que, se
hoje vivemos melhor do que no passado também é certo e foi com a esquerda
moderada que o conseguimos.
Esta campanha eleitoral tem sido muito pouco esclarecedora quanto
ao que pretendem fazer se ganharem as eleições e os partidos com
responsabilidades governativas, com exceção do PS que já é de todos conhecido o
que pretende fazer. É o único que poderá oferecer algumas garantias de mudanças
ajustadas, atempadas e progressivas.
O PSD com Rui Rio e as suas propostas vagas, por vezes
ambíguas no sentido da sua fundamentação ideológica, irá seguir um modelo
social neoliberal, modelo desacreditado depois da crise financeira
internacional de 2008. Muitas organizações internacionais como a OCDE colocaram
esse modelo em dúvida. Não sei se alguma vez Papa Francisco apelidou este
sistema como “economia que mata”, mas isso é o que menos importa.
O projeto económico de Rui Rio baseia-se na redução de
rendimentos das pessoas, quer por redução de salários, que por redução das
funções sociais do estado; é um modelo estruturalmente baseado na austeridade
para a generalidade da população; um modelo que beneficia os mais ricos e que
agrava drasticamente as desigualdades sociais. Aliás o próprio Rui Rio não o
escondeu e os seus apoiantes do partido já o afirmaram por palavras pouco
entendíveis para a maioria das pessoas, é que o tão almejado crescimento só
acontecerá anos depois de aplicado e se as condições internas e
internacionais assim o permitirem. Para bom entendedor meia palavra basta.
Veja-se o que Rui Rio propõe com a baixa do IRS: redução em
400 milhões de euros em 2025 e 2024. Isto é, daqui a três a quatro anos numa
lógica de proximidade de novas eleições. Mais, redução para 0,25% do limite
inferior do intervalo da taxa do IMI, também a partir de 2024. Onde vai ele
buscar o dinheiro se o crescimento da economia não estiver em correlação com o
crescimento da receita necessária para reduzir os impostos, mesmo que a despesa
diminua um pouco? Está a fazer troça do pagode!
E na saúde? No SNS Rui Rio ataca com a diferenciação, uma saúde
para os pobrezinhos e outra a ser paga com os impostos de todos para os que podem
pagar, veja-se: contratualização com o privado e social de consultas e acessos
a médico assistente (não confundir com médico de família). Quem paga os impostos
irá contribuir para os que podem pagar terem acesso aos privados de forma gratuita
ou parcialmente pago; para Rui Rio o SNS deve assentar em três pilares: público,
privado e social, mas o acesso ao privado, deduz-se, será pago com os impostos
de todos para benefício de alguns que podem pagar.
Não basta ler o vago programa do PSD que Rui Rio apresenta,
temos que ler nas entrelinhas as armadilhas que contém. O programa que Rui Rio
apresenta é o mesmo que Montenegro ou Paulo Rangel apresentariam se ganhassem
as eleições internas no partido e estivessem agora nesta corrida.
Rui Rio tem fé, é uma crença que dando os maiores benefícios
às empresas, redução de impostos, não fala em redução de salários, mas fala em
aumentar se a economia crescer, assim, elas, as empresas, vão produzir mais e
criar mais riqueza. É uma velha assunção liberal que com os acontecimentos da
última crise internacional provou estar errada levando as entidades
internacionais a alterar as medidas de combate à crise.
Não basta criar produtos é preciso rendimentos para que tais
produtos sejam consumidos, a fuga de Rio diz ser nas exportações, esquecendo
que haverá sempre lá para a Ásia que produz a custos mais baratos com mão de obra
baratíssima. Isto numa lógica de que só o maior rendimento das pessoas pode
originar maior consumo, maior procura de bens que necessariamente fomentam uma
maior produção das empresas. Numa ótica de consumo interno é a procura que gera
a oferta e não a oferta que gera a procura em que com fezada Rui Rio acredita com
ajuda das exportações.
Para dinamizar a economia pouco significa injetar dinheiro
nas empresas se não existir um aquecimento do consumo, este por seu lado pode
gerar inflação que desvaloriza salários. E as medidas de austeridade complicam,
mas fazem parte do breviário do modelo neoliberal. O que o modelo de Rui Rio a
ser fosse implementado iria gerar uma redução do nível de vida das pessoas e
agravadas desigualdades sociais.
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