Política

Os grunhidos

 


O artigo de opinião de Pacheco Pereira publicado no jornal Público em 12 de julho mostra, claramente, a falta de educação e a estupidez do que se escreve, acrescida de ignorância, que prolifera neste país ao que acresce um absoluto sectarismo.

O ambiente político em Portugal tem assistido a uma polarização cada vez mais acentuada, refletida tanto no discurso público quanto no espaço digital. As redes sociais tornaram-se palco frequente de debates inflamados e, por vezes, de ataques pessoais que extravasam todos os limites do respeito democrático. Exemplos recentes ilustram como a retórica agressiva e as insinuações depreciativas têm sido usadas para minar adversários e alimentar divisões profundas dentro da sociedade.

É uma mostra da estupidez dos que, coitadinhos, não sabendo argumentar com “classe” e racionalidade agarram-se a armas vocabulares sem qualquer critério.  Não pretendo com isto proceder à em defesa do autor do artigo, do qual não pretendo ser procurador, que foi escrito acerca do programa “o Princípio da Incerteza” onde ele interveio.  

Quem faz comentários como aqueles que foram publicados mostra que, supostamente, serão simpatizantes, ou quiçá, militantes que, afinal, servem para descredibilizar ainda mais o próprio partido Chega, tal como tem feito a deputada deste partido Rita Matias. Podemos questionar se terá idoneidade suficiente para ser deputada. Quando abre a boca é como estivesse numa rede social a dialogar com os da sua laia a mentir descaradamente. Quem tem as responsabilidades que lhes foram dadas pelos eleitores e mente em pleno Parlamento devia ser sancionado. Assim, transcrevo do referido artigo os nomes e as frases desses idiotas que escreveram comentários no Facebook da CNN.

O Chega tem verificou que lhe é útil fazer desencadear todo o racismo e preconceito que, no fundo, existia na sociedade portuguesa. Era uma panela de pressão à espera de ter um instrumento que lhe permitisse ficar “à vontadinha”. Tomar uma posição contra a imigração excessiva e abusiva que se permitiu e começar a fazer o seu controle e alterar as leis que tal possibilitam, que nada têm a ver com racismo nem com xenofobia. O problema do Chega é que não se fica por aí.

Aqui vão as mensagens mencionadas no referido artigo que mostram que é uma matilha composta, como afirmei no início inculta, ignorante, estúpida, idiota, que se arrastam pelas redes sociais com grunhidos incompreensíveis.

Segue a transcrição dos grunhidos dos personagens redatores das mensagens sem qualquer correção ortográfica.

 

 A mama e o tacho

Carlos Da Silva
Mais um que pensa que sabe tudo
Acho que estam todos com medo de perder a mama

Carlos Pereira
Outro xuxalista com medo de se acabar a mama

Jose Figueira Dos Santos
Mais um chulo do sistema sempre a mamar a 50 anos

Daniel Calôba
Todo povo que é contra o CHEGA so tenho a dizer 2 coisas , ou anda a a viver as custas dos outros e teem medo da mama acabar ou querem arruinar Portugal , pessoas que nao teem um palmo de testa que nao veem que este Pais esta a ficar perigoso para nossos filhos e netos , cultivem se pessoas

António Silva
O Pacheco mama no sistema e está a ver a teta a acabar se o chega governar a mama vai acabar por isso viva o chega viva ventura viva Portugal sempre

Jose Cardoso
Estavas habituado a mama valia mais estares calado.devias estar na toca

Ribeiro Ribeiro
Vergonha é esse gajo a mamar durante 50anos a conta do povo sem fazer nada

Carlos Calvo
Mais um que andou somente a vida toda a encher o NALGUEIRO á costa do Zé Tuga. Parece que os tachos estão a ficar menores e as tampas a desaparecer

Antonio Margarido
Não consegues ser o último dos últimos.És um inútil faccioso e chupista do sistema.

Xéxé e dinossaúrio

Jose Carlos Conde
Este PP está senil!

Vasco Pina Cabral
PP já não e ouvido em lado nenhum...apenas um caquético velho do Restelo!

Fatimamedeiros Morais
Eu não acredito que estes velhos ultrapassados pela mentalidade tacanha, ainda venham dar palpites.chulos do sistema.

Filipe Silva
Pacheco Pereira, todos temos um tempo, e o teu já passou, estás senil, trata-se, e abstém-te de opinar, a tua geração foi a mais corrupta da democracia.

Mario Pestana
Cala-te velho do sistema,a tua reforma tambem devia ser cortada,para pagar os subsidios aos emigrantes

Charles AP
Este velho a apoiar a estrangeirada.

A nulificação do outro

António Silva
Mais um parasita à procura de poiso…..nunca foi nem fez nada na vida a não ser viver à conta dos papos que manda…agora que começa a ver o cerco apertar está à procura de alguém que acolha…(à esquerda pois claro)

Mario Barreto
Não vales um cigarro

Vitor Almeida
Viveu como um Lord, apesar de pertencer há ocmlp,MRPP, depois procurou o seu sustento, agora destila ódio e protagonismo, qualquer dia cândidate-se a presidente da República

Armando Saramago
Historiador de marretas !

Victor Mendes
Gostaria de saber quanto este senhor recebeu do estado para ter o projeto efemera

A censura

Miguel Ribeiro
Olá. Eu acho vergonhoso certas alarvidades que este senhor Pacheco Pereira brucifera. Não percebo como é que é possível tê-lo como comentador, há semelhança de muitos outros. O nosso dinheiro chega para todos?

Emilia Bastos
Para dizeres umas nugices na TV.

Carlos Silva
Pacheco zurra para outro lado que já não te ouço

Eugénio Assis Alberto
Outro que só está de bem com ele próprio.
Renovem os "comentadeiros". Este já está podre...

Teresa Ferreira
Um ditador comuna disfarçado ,nem deviam ter direito a comentar essa corja ,depois de tudo o que fizeram ao país e aos portugueses,,,sao uns ridiculos

O pseudotudo

Francisco Santos
Eh mano, vai lá limpar o pó dos.teus livros, nao chateies a gente
Pacheco Pereira mais um chulo da política que agora vem dar uma de historiador. Vai nanar, tu e a CNN Portugal.

Vítor Timóteo
Vergonha.,foi teres desrrtado...abandonado os teus homens....e teres teabalhado com o inimigo da altura contta o teu povo

Burro

Jose António Pereira
Fostes sempre um tinhoso ,e não mudas nada!quando foi feita a distribuição da inteligência faltas-te à formatura. ÉS um triste.

Rui Loução
Deviam de ouvir este senhor.
Esse escroque não vale meio tostão furado. Não lhe passei credêcial para dizer que me vem defender
Vá dar banho ao cão

Comunista

Jose Goncalves Ferreira
Pois e um comunistas a cara dele mostra tudo

Henrique Carvalho
CNN tem um padrão nos seus comentadores estão senis ou são comunas. Só falta irem buscar a outra louca que está na SIC. O NOW vai limpar as audiência.

Manuel Gomes
Qur quer esse Cömuna ? Chega sempre Chega

Alexandre Branco
Assim se vê o caráter das pessoas  um Marxista de extrema esquerda que virou "Democrata" a dizer mal da Direita como que a envergonhar o seu passado moralista de vão de escada 

Jose Lima Oliveira
Este Pacheco é comunista está com pena das criancinhas que as leve pra casa dele

Puro insulto

Ligia Fernandes
Pacheco Pereira vai lamber sabão! Ora dá uma no cravo outra na ferradura.

Lelo Alberto Nunes
Se este porco quiser pode ligar-me terei muito gosto em compará-la publicamente com a dele .

Paulo Brito
Este palhaço e os da mentalidade dele deveriam todos ser enviados para Sibéria...

Jorge Nogueira
Pacheco Pereira era so quem te desse com um gato morto nos cornos ate ele miar corrupto , esquerdalha

Vitor Gaspar Lopes
Sanguessuga

Jose Manuel Nunes
Mete menos tabaco

Orlando Ricardo Prata Leal
Quando apalparem uma das tuas netas na primária, assobias para o lado como se nada acontece&se

Jonas Alexandre
Porcoooooooooooooooooooooooooooossssssss este pacheco pereira e este elenco no estudio é so porcoooooooooooooooooooossssssssssssssssssssss

Mmgf Freitas
Este Pacheco que va comer bolota p o alentejo


Eleições legislativas 2025: uma leitura subjetiva e ficcional

 


Há várias perguntas que podemos colocar sobre os resultados das eleições. Quais as interpretações sobre os resultados das eleições? Haverá de facto uma mensagem passada pelos eleitores através do voto? Será que a mensagem coletiva é o somatório do voto individual de cada uma das preferências dos eleitores? Se a houver será mais emocional ou mais racional?

Cada eleitor carrega consigo preferências, valores e aspirações que, ao serem depositados numa urna, mas cujo somatório das opções manifestadas em cada um dos nos votos enviam uma mensagem coletiva que pode indicar o caminho que a sociedade deseja seguir. As eleições para além da escolha de candidatos são também uma forma simbólica de comunicação que pode medir o estado da opinião pública.

Em democracia essa mensagem pode ilustrar o desejo por mudança, a continuidade de políticas que funcionaram ou até a insatisfação com determinados aspetos do sistema político em vigor.

Os resultados eleitorais são assim um indicador que partidos e governantes e a sociedade podem analisar para entender as expectativas, os medos e, principalmente, os anseios de transformações mais ou menos radicais do ambiente social e político. 

O voto, na sua essência, vai muito além de uma simples escolha entre candidatos ou partidos, ele é uma forma simbólica e concreta de comunicação. Mais do que uma escolha individual, o ato de votar reflete não apenas o que cada cidadão pensa, mas também sinaliza, de forma pluri-uníssona, as exigências e as esperanças de duma comunidade.

É importante lembrar que o voto é, sobretudo, uma ferramenta de protagonismo do cidadão. Cada voto é uma afirmação do direito de participar da construção do futuro, funcionando como um meio pelo qual os eleitores expressam não apenas suas preferências imediatas, mas também sua visão sobre a direção que a sociedade deve tomar.

Algumas teorias dizem que votamos de acordo com a classe social, lealdades grupais a um partido ou por motivo de fortes crenças ideológicas. pode ser também uma visão simplista de interesse individual porque se pensa vir a estar melhor com as políticas de um partido do que com a de outro.

O voto sendo unipessoal expressa em cada eleitor uma vontade, uma ideologia, um sentimento, um ressentimento, um protesto, uma aceitação, um descontentamento, um ato de pertença, uma insatisfação, um incentivo à agressividade e um ressentimento, estes dois últimos as principais armas políticas de alguns partidos que terão levado alguns a desistir do partido que antes terá escolhido, alterando o seu voto tradicional que é trocado por um desejo inconsciente de mudança e, por isso, optando pelo desconhecido. O somatório de cada uma destas vontades apresenta-nos um leque variado de opções cuja interpretação não nos leva a concluir que houve uma “mensagem coletiva de escolha” fonte de um desejo generalizado, isto devido à concentração regional de algumas das escolhas a isso leva a concluir.

O somatório dos votos em partidos radicais populistas de extrema-direita são um protesto que resulta, afinal, de votos individuais, consequência duma multidão de descontentes que com nada mais se identificam a não ser no ódio aos partidos do regime que ouvem dizer serem “corruptos” que nada lhes deram e, acrescente-se, algum aventureirismo dos jovens que consideram que os valores da democracia estão mais do que garantidos e que essa história do “25 de Abril” e do regresso ao fascismo “já era”.

Aliás, o voto de protesto e reivindicativo, dos partidos de extrema-esquerda, plenos de palavras de ordem, parece, estar a ser substituído por partidos populistas de extrema-direita.

A influência do tipo de voto de cada um dos eleitores induzido por aconselhamento de outros, pela campanha direta dos intervenientes dos partidos, pelos órgãos de comunicação social, pelas redes sociais e pela imagem de simpatia ou de antipatia que sentem pelos líderes dos partidos. São formas e fontes muito eficazes que, em grande parte, são manifestadas nas redes sociais onde se criam mecanismos para influenciar polarizações e radicalizações que geram o tal confronto entre o “nós” e o “eles” das narrativas populistas.

Poderemos ficcionar a resposta de um certo eleitor a uma pergunta muito direta sobre a razão que o levou a votar em determinado partido sobre o conhecimento do seu programa. A resposta poderia ser: - voto nesse partido e quero lá saber do programa. Basta-me ouvir o que ele diz, ler e ver o que aparece nas redes sociais que, para mim, são mais do que suficientes e até mais “credíveis” do que os órgãos de comunicação. Para além disto as redes sociais também possibilitam que o que eu digo passe a ter um valor maior do que com os que tenho ao meu lado, no emprego, no namoro, no café, em casa e, melhor ainda, possibilita-me culpar o outro, ou os outros, pelo meu insucesso.

Se lermos com atenção e disciplina crítica os comentários publicados a artigos de opinião na imprensa descobrimos afirmações interessantes que nos apontam para as causas e nos sugerem o sentido de voto de alguns desses eventuais e potenciais votantes.  Podemos dar como exemplo jovens votantes inconsequentes que utilizam linguagens guturais e narrativas em que o substantivo “tipo” está presente a cada duas ou três palavras, e captam declarações falaciosas com sound bites, frases cativantes e altissonante que eles ouvem, apreciam e com hipóteses de votar em quem tem discursos dessa espécie.  

Se analisarmos o estudo “As bases sociais do novo sistema partidário português 2022-2025” de João Cancela e Pedro Magalhães verificamos que os votos destas últimas eleições mostram-nos o PS atrás da IL no voto jovem masculino e quase encostado ao partido Livre nas jovens mulheres ficando ainda os socialistas em quarto lugar, atrás da IL, no apoio dos jovens homens (entre os 18 e os 24 anos) e abaixo da AD e do Chega nos eleitores com o ensino secundário. Estão ainda a competir quase ao lado do Livre no voto jovem feminino (na mesma faixa etária dos 18/24) e com a AD pelo voto dos idosos menos instruídos.

Se ouvirmos as dezenas de comentários televisivos, opiniões e análises sobre os resultados das eleições e sobre o que poderá, como consequência, vir a acontecer, o que podemos apurar é que cada um defende as suas teorias, normalmente permeáveis à especulação e oráculos da imperfeição sobre o que resultará após as eleições. No entanto, até ao momento, tudo está em aberto.

Uns dizem que os recentes resultados eleitorais permitem ler um desejo dos eleitores por mudança e inovação na política. Outros defendem teses já gastas de que o eleitorado demonstrou um profundo desencanto com os partidos tradicionais, visivelmente insatisfeitos com um sistema que, para muitos, não tem respondido de forma eficaz aos desafios sociais e económicos. Outros ainda que, pelo facto de a AD - Aliança Democrática ter conquistado uma expressiva percentagem dos votos (exagero, já que, se assim fosse, não se levantaria a questão de poder haver um problema governativo para a AD se não houver acordos).

Facto é haver uma queda histórica do PS que, conforme alguns comentadores da política caseira, pode revelar que os eleitores (como no início referi, são somatórios de várias vontades) exigem alternativas capazes de romper com o padrão antigo e promover realmente uma renovação no cenário político. Isto é, pretenderam uma aposta no desconhecido.

Falar em renovação do cenário político é uma abstração porque o entendimento que a generalidade do eleitorado tem de renovação não é evidente e é multifacetada por estar dependente dos vários partidos por haver uma oferta de opções partidárias com consequente distribuição e dispersão de votos.

Será que, para grande parte do eleitorado, o motor da renovação está no partido Chega por este ter conseguido aumentar a sua percentagem de eleitores? O eleitor não militante ou simpatizante de um qualquer partido defende no seu voto uma atitude de colocar os seus interesses, opiniões, desejos, necessidades em primeiro lugar, em detrimento (ou não) do ambiente social e das demais pessoas com que se relaciona. O eleitorado é volátil. O que vota hoje num partido pode já não votar no mesmo na próxima eleição.

Podemos incluir estes eleitores num grupo central, moderado, que oscila facilmente entre os blocos ideológicos (talvez PSD e PS). Este grupo será o somatório de várias vontades individuais e compõe uma fatia significativa dos eleitores e é particularmente suscetível às variações de curto prazo, pois não se encontra fortemente ancorado em identificações ideológicas profundas. A volatilidade resulta de uma interação complexa de fatores de longo prazo e estímulos de curto prazo.

Para analisar a volatilidade eleitoral em Portugal e, para saber como conquistar eleitores considerados “voláteis”, é importante compreender que há variáveis tais como a conjuntura económica, a imagem dos líderes e os temas da campanha podem exercer forte influência sobre o voto dos eleitores voláteis. A identificação com um partido ou líder pode funcionar como uma âncora que estabiliza o voto. Quando essa identificação é fraca, característica dos eleitores voláteis há uma maior probabilidade de mudança de opinião antes ou durante as campanhas. Essa variável mostra que, mesmo em segmentos com acesso a informações, a falta de um forte vínculo emocional ou ideológico com um partido pode abrir espaço para oscilações.

Enquanto os eleitores mais entusiasmados e com maior envolvimento político têm capacidade para analisar e consolidar uma posição, os menos interessados podem ser facilmente influenciados por fatores que levam à procura de melhor. Essa capacidade para dar resposta rápida aos sinais do ambiente imediato faz com que mudanças rápidas na comunicação ou na situação nacional sejam determinantes para a mudança do voto.

Neste sentido, a volatilidade eleitoral em Portugal é moldada por uma combinação de fatores históricos, sociais e estruturais imediatos. Para perceber a volatilidade dos eleitores há que perceber a fragilidade dos vínculos tradicionais e oferecer, de maneira rápida e consistente, respostas às inquietações desses eleitores e numa personalização do discurso para transformar a oscilação numa conquista eleitoral.

Para finalizar apresento um vídeo da Rádio Comercial interpretado por Vasco Palmeirim que é divertido, muito atual e que nos diz muito sobre a política atual. 



Verdade e ficção em tempo de eleições

 


Há políticos que raramente dizem a verdade, sobretudo em tempo de campanhas eleitorais. Preferem falar em hipotéticas promessas com narrativas próximas da ficção. Isto porque a ficção pode ser mais simples de assimilar pelos potenciais eleitores, enquanto a verdade é tendencialmente complicada porque a realidade que a representa é também complicada. É mais fácil convencerem-se os eleitores de que tudo será simples e fácil com demagogia plena de ficção do que dizerem a verdade porque esta é, por vezes, dolorosa e perturbadora e se a tornam mais reconfortante e suavizadora deixa de ser verdade. Assim, um discurso mais ficcional é mais irrealista, maleável e demagógico e sem qualquer sustentabilidade com a realidade é mais produtivo para a captação de votos. Daqui a necessidade duma análise atenta às suas intervenções.  


Os eleitores a transparência e consciência política

 Os eleitores a transparência e consciência política



Mas há uma coisa estranha: o que levará eleitores a escolher líderes com  suspeita de pouca transparência nos seus negócios  e a votar na AD de Luís Montenegro. É um fenómeno intrigante: eleitores que, mesmo diante de suspeitas públicas sobre a falta de transparência de determinados partidos ou líderes políticos, como é o caso de Luís Montenegro que provocou instabilidade política com receio de um inquérito parlamentar, mas continua a tendência de ser apoiado nas urnas. Qual é a ética desses eleitores  Esta realidade levanta questões sobre os fatores que influenciam o comportamento eleitoral e os limites da moralidade política na prática cotidiana. Faz lembrar que o "quem não se sente não é filho de boa gente".

Não, esta não é uma apologia ao voto no CHEGA, nem pretende desviar o sentido de voto para este partido cujo programa, mesmo que bem espremido, já não deita nada.

 

Luís Montenegro poderá vir a dançar o fandango com Rui Rocha



 

No país das maravilhas da imigração de portas escancaradas

Escrever em Portugal a propósito da imigração excessiva está a tornar-se um tema quase proibitivo desde que não seja para elogiar o excesso de entrada de gente com o já gasto argumento das vantagens que traz para a economia e para a demografia. Quem discordar desta tese fica com o estigma de racista e de xenófobo e, na pior das hipóteses, considerado discurso de ódio.

De facto, escrever nesta altura eleitoral sobre imigração de portas escancaradas pode influenciar indeciso ou eleitores ainda pouco esclarecido sobre alguns partidos radicais como o CHEGA ou ainda pior. Não é essa a minha intenção. Contudo, é um tema que mereceria ser discutido sem preconceitos e com verdade objetiva pelos partidos democráticos e o modo como deverá ser feito o controle para bem dos que cá estão e dos que cá entram para trabalhar, repito, para trabalhar, de modo a desmitificar os Andrés Venturas que por aí andam.

Mas, continuemos, em fevereiro de 2024 uma reportagem numa revista escrevia que “Setores como o turismo, a agricultura ou as pescas não sobrevivem sem mão de obra estrangeira, à falta de alternativas nacionais.”, e que “Os imigrantes são já 7,5% da população, ajudam a equilibrar as contas da Segurança Social e são economicamente produtivos, trazendo um contributo positivo para a riqueza do País.”.

Portugal é o melhor dos mundos para a imigração, sem esquecer o turismo de massas que invade Portugal, mas este será para outra ocasião.

Dizem nessa reportagem que vêm à procura do seu pedaço de sol e que sem a mão de obra do Nepal, Índia e Tailândia, quase não haveria agricultura; sem a da Indonésia, a nossa capacidade de pesca ficaria muito reduzida e, sem a do Brasil, a maioria da restauração fecharia. Enfim ao logo de cinquenta anos de governações de esquerda e de direita foi o que se conseguiu tornamo-nos dependentes de pessoas do antigamente designado terceiro mundo, ou melhor, países em desenvolvimento ou economias emergentes como designação que procura refletir de forma mais precisa as singularidades e os processos de fraco crescimento económico e social vividos por essas nações onde governantes corruptos e exploradores do povo dominam.

Fala-se muito da perceção que a população tem da imigração, mas a perceção é uma coisa e a observação é outra. A perceção é o modo como interpretamos as informações captadas pelos nossos sentidos e é um processo subjetivo que está influenciado por crenças, valores, experiências e emoções individuais de cada um de nós e pode ser moldada por preconceitos e estereótipos levando a conclusões nem sempre baseadas na realidade objetiva.

Noutra perspetiva pela observação os dados são recolhidos de maneira objetiva e sistemática. Envolve prestar atenção aos detalhes e registar informações de maneira imparcial, deixando de fora apreciações e opiniões pessoais que possa interferir no processo. Procura factos verificáveis e mensuráveis o que permite uma análise mais precisa e fundamentada da realidade. É sobretudo nesta última que me baseio para os comentários que pronuncio sobre o tema.

Deslocando-me por algumas artérias da cidade de Lisboa o meu olhar centra-se nas suas características pessoais exteriores da população que as frequenta. A observação diz-me que, em muitos locais de Lisboa, as características europeias incluindo Portugal começam a ser raras e que a dominância pertence subcontinente indiano, do Sul da Ásia onde se situam a Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal e Butão. Para além destes, mas em menor número observamos africanos.

Antes de continuar preciso esclarecer que não sou racista nem xenófobo tento apenas observar a realidade que nos quiseram impor, especialmente a partir do Governo de António Costa.

Tentando tirar fotografias captadas pela memória quem diz que todas estas pessoas estão em Portugal, neste caso em Lisboa, para trabalhar podem estra equivocadas.

Fora das horas de intervalo do trabalho quem percorre alguns locais de Lisboa vê esplanadas ocupadas com asiáticos, grupos sentados em muros, passeando pelas ruas, aparentemente desocupados, ocupando bancos dos jardins e praças pública. Dizem-nos as notícias que se encontram a trabalhar e que Portugal precisa deles.

Deslocam-se de chinelas, sem as regras mínimas de higiene, os locais por ondem passam encontram-se cheios de lixo espalhado e as ruas emporcalhadas. Cadeiras à beira das casas onde se sentam tardes inteiras falando ao telemóvel. O que fazem estas pessoas em Lisboa e talvez noutros locais de Portugal? De que rendimentos vivem? Onde e como moram e quem lhes paga o aluguer? E as lojas e lojinhas que proliferam por todo o lado umas ao lado das outras onde no espaço interior se encontram camaratas de alojamentos destas pessoas que vivem sem dignidade.? Quem lhe possibilita a entrada sem controle quem os leva a esta situação? Os governantes falam, falam, mas nada fazem para evitar e reduzir estas situações desumanas autorizadas complacentemente.

Os centros de saúde sobrecarregados, sobretudo pelas suas mulheres, que, diria, talvez suas escravas, a quem fazem filhos para receberem subsídios.  

Podem aparecer comentadores ou quem quer que seja perorar sobre os imigrantes bem-vindos salientando os seus benefícios que não apagam os argumentos contra a imigração que não podem ser ignorados.

Um dos principais argumentos é a pressão sobre os serviços públicos e infraestruturas. O aumento da população pode levar a uma maior procura por saúde, educação e habitação, o que pode resultar em sobrecarga dos serviços existentes e deterioração da qualidade.

O impacto no mercado de trabalho da imigração pode levar à saturação aumentando a concorrência por empregos e pressionando os salários para baixo, especialmente em setores onde os imigrantes predominam.
Ora aqui encontramos outro ponto que é o de imigrantes a ultrapassarem o número de portugueses sem abrigo e a viver nas ruas conforme relata uma reportagem publicada da revista Visão. Meia dúzia serão portugueses o resto são nepaleses, indianos e ainda muitos marroquinos, não sabemos quantos serão os do Bangladesh.

A visibilidade de imigrantes em espaços públicos, a maior parte deste país pode ser influenciada por hábitos culturais e necessidades económicas. Assim, se os imigrantes do Bangladesh tendem a reunir-se em espaços públicos ou a gerir pequenas empresas que exigem que sejam visíveis, pode parecer que estão mais presentes nessas áreas.

Há uma diferença entre os tipos de imigrantes consoante os países de origem. Enquanto muitos imigrantes africanos podem estar envolvidos em trabalho manual como o de construção ou em fábricas, por exemplo, os imigrantes do Bangladesh ou do Paquistão podem encontrar oportunidades em pequenas empresas por eles criadas, o que não vem resolver o problema de mão de obra que escasseia em alguns setores.

A chegada de grandes grupos de imigrantes tem alterado o tecido social da comunidade, sobretudo em Lisboa, levando a choques culturais e possíveis tensões entre os residentes locais e os recém-chegados que não se compadece com a convivência pacífica entre diferentes culturas que se torna num desafio constante.

É uma evidência que nem todos vêm ocupar postos de trabalho com dificuldades de mão de obra, mas sim estabelecerem-se por conta própria com negócios que à observação podem ser claros, mas que poderão esconder outros menos claros. Quantas lojinhas abertas ao público não esconderão no seu interior uma exploração de pessoas que pagam rendas para poderem pernoitar?

Não menos importante é a soberania e o controle das fronteiras que se relaciona com a capacidade de um país para controlar quem entra e sai do seu território que é vista como um elemento essencial da soberania nacional, se tal não for feito a imigração incontrolada pode levar à perceção, aqui sim, de uma ameaça a soberania.

Posto isto é importante abordar o tema da imigração com uma visão equilibrada e humanitária. Não basta reconhecer as contribuições dos imigrantes e necessário encontrar soluções para os desafios que surgem, mesmo que daí resulta o repatriamento dos indesejados e dos não necessários para o país.

Se os imigrantes garantem mão-de-obra e atenuam o envelhecimento do país, e se isto parece ser importante, por outro lado estamos a seguir e a ajudar a demonstrar a tese dos que defendem estar a haver uma lei da substituição e uma islamização de Portugal como já acontece na Europa em que os seus “naturais” podem estar em risco de extinção sendo substituídos por outras gentes de outras culturas, hábitos e religiões.

Leitura complementar:

https://www.publico.pt/2025/04/09/sociedade/noticia/imigrantes-ajudam-desacelerar-falta-maodeobra-envelhecimento-pais-preciso-integralos-2129176



Perdoai-lhes Senhor porque sabem o que fazem

 


O título deste texto foi inspirado nos evangelhos, mais propriamente em Lucas (23;34), quando Jesus disse: «Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem!».

Assim, no entremeio das eleições para as legislativas de 18 de maio, cinco dias antes do 13 de maio dia de peregrinação ao Santuário de Fátima surge a oportunidade de aproveitamento da religiosidade da população devota daquele dia e Luís Montenegro não poderia deixar perder a oportunidade deste dia e lança a sua esposa para a comunicação social (fica o benefício da dúvida). Montenegro encontra-se com a mulher, em peregrinação a Fátima e, para tal, televisões foram convocadas.

O líder do PSD deixou um almoço de forma discreta e decidiu ir cumprimentar a mulher, que se encontrava algures na zona de Mira negando aproveitamento político. Recordemo-nos quando foi ameaçada uma CPI por causa da SPINUMVIVA Montenegro lamentava que a família fosse envolvida no caso. Enfim são pontos de vista!

Temos um novo Papa e sobre a sua atuação fazem-se prognósticos sobre se seguirá o caminho do seu antecessor ou se irá manter uma postura mais conservadora. Há opiniões sobre o novo Papa conforme as várias visões sobre o Mundo conturbado que estamos todos a viver.

É interessante conhecermos como reagem alguns políticos ou próximos sobre como foi a atuação do Papa Francisco e de como será a do Papa Leão XIV, mas antes recordemos o que alguns deles disseram no rescaldo do falecimento do Papa Francisco.

Começo por uma atriz ressabiada (talvez por ter sido votada ao esquecimento), apoiante do partido Chega, de seu nome Maria Vieira que reagiu numa rede social à morte do Papa Francisco escrevendo “Eu sou cristã, mas nunca simpatizei com este Papa socialista e «wokista» que falseou e atacou os valores ancestrais do cristianismo. Agora é tempo de a Igreja Católica encontrar um Papa conservador e verdadeiramente cristão que recupere a Palavra de Deus e que ponha ordem na Igreja”. É esta uma visão caridosa que de cristã não tem nada.

Esta falsa cristã apenas demonstra a sua ignorância porque um dos valores e pilar do cristianismo é o amor ao próximo desconhecendo que esses ensinamentos são encontrados em várias passagens dos Evangelhos, como o do Sermão da Montanha e nas parábolas de Jesus Cristo que formam a base da ética cristã que se encontra nos Evangelhos.

Deixemos para trás esta senhora e vamos ao que afirmou o seu grande líder André Ventura quando se pronunciou sobre a morte do Papa Francisco. Ventura, que diz ter frequentado o seminário, mostra pelas suas afirmações que também parece desconhecer o fundamento da essência da mensagem pregada por Jesus Cristo.

As primeiras declarações de Ventura sobre o Papa Francisco remontam a outubro de 2020 quando, numa entrevista ao Diário de Notícias, afirmou sobre o Papa Francisco que “Eu acho que este Papa tem prestado um mau serviço ao cristianismo. Acho. Acho que tem mostrado a esquerda revolucionária quase como heroica e a esquerda europeia marxista como a normalidade. Acho que este Papa tem contribuído para destruir as bases do que é a Igreja Católica na Europa e acho que em breve vamos todos pagar um bocadinho por isso.”. André Ventura, nos últimos anos foi repetidamente crítico do Papa Francisco.

O tempo passou, já lá vão cinco anos, e, para Ventura, o Papa Francisco foi um “exemplo para todos os que querem servir a causa pública”. Face ao que antes tinha afirmado ficamos sem perceber qual é o verdadeiro pensamento de Ventura sobre o Papa Francisco, mas, fica confrontado com declarações passadas sobre o líder da Igreja Católica.

André Ventura sempre recusou acolher a mensagem do líder da Igreja Católica porque dizia ele, o Papa Francisco só queria que a Igreja ficasse “bem na fotografia” e acusava o Papa de estar a transformar a Igreja num “partido político de esquerda”.

Na celebração das Jornadas Mundiais da Juventude em 2023, aquando da visita do Papa Francisco a Lisboa, André Ventura foi um dos poucos ausentes. Afirmou então que “Confesso que podia ter estado no CCB (Centro Cultural de Belém) com Sua Santidade e não desejei esse encontro. “Peço a Deus que me perdoe por isso e tenho tido todas as dificuldades com a minha própria consciência” disse. Os hipócritas batem com as mãos no peito quando isso lhes convém. Ventura escreveria depois, numa carta reproduzida no Correio da Manhã que, embora dirigida ao Papa Francisco, que não terá sido enviada ao Vaticano.

Conforme a Agência Lusa, em 21 de abril de 2025, André Ventura citou João Paulo II: “Dizia um outro Papa, João Paulo II, a Europa é cristã, a sua matriz é cristã e não a devemos perder em nenhuma circunstância”. Segundo o DN o líder do partido disse que Francisco deixou a Igreja «diferente», mas não especificou se a Igreja melhorou ou piorou, contudo, afirmou que esta “tem de começar a ter mais posição de firmeza nas grandes lutas", nomeadamente “contra a cultura 'woke' e contra a sexualização das crianças”.

Regressemos agora à eleição do Papa Leão XIV e atentemos no que disse André Ventura aos jornalistas no concelho de Guimarães em declarações em que saudou a escolha do cardeal norte-americano Robert Francis Prevost como novo Papa, manifestando esperança, e achando que “é um nome que nos dá esperança de que no futuro possamos ter uma Igreja interventiva em áreas importantes”, e onde defendeu que é preciso uma “Igreja firme, forte em matéria de convicções, em todas as áreas, desde a espiritualidade, à imigração, ao acolhimento, ao combate à pobreza”, mas acrescenta que  espera que o novo Papa “seja um sinal de reforma para a Igreja” e «de doutrina»”. Será que para Ventura o combate à pobreza deve passar por acabar com o RSI-Rendimento Social de Inserção!

Referindo-se à imigração disse que há coisas que poderiam ser “poderia ser diferente”, como na “questão da imigração na Europa”.

Ao longo da história a religião serviu de alimento às almas e muitos políticos recorreram e ainda recorrem à retórica religiosa para construir pontes de identificação com os eleitores, criando uma sensação de esperança, pertencimento e reafirmação de valores compartilhados. Eles sabem que é um terreno poderoso e convincente para eleitores cuja fé os salva e se políticos estiverem desse lado então a convicção produz os efeitos desejados.  

As lições de Ressabiado Silva

O nome próprio “Ressabiado” não existe, é ficcionado. Tal nome próprio nunca terá sido posto a ninguém, a não ser como alcunha. Já viram como soaria se nos dirigíssemos a alguém com tal nome? «Bom dia, senhor Ressabiado!» ou «Como está senhor Ressabiado? Tem passado bem? Há muito tempo que não o via!».

Ressabiado não é um nome próprio para designar determinada pessoa, isto é, aquela e não outra. É um adjetivo cujo significado é o de alguém que está melindrado, agastado sendo também sinónimo de zangado, por isso mantenho a designação para a personagem. O nome Silva é um apelido, e há muitos!

A estória começa quando, certo dia, Ressabiado Silva, corroendo-se interiormente e clamando por vingança - para explicação deste último sentimento seria a necessário um psicanalista - com o coração pleno de raiva e ódio que tinha contra tudo e contra todos os que com ele não concordam, nem concordaram resolveu destilar publicamente tudo o que sentia contra o seu alvo predileto que, no passado, o confrontou e quase lhe impôs aceitar condições que o contrariavam.

Por vezes vêm-lhe à memória os bons tempos da leitura do conto de Lewis Carroll “Alice no País das Maravilhas”. Recorda-se, sobretudo, da personagem do Coelho (no conto é a Lebre de Março) que, para ele, é uma personagem que possuía a verdadeira sabedoria da governação, mesmo diante dos maiores obstáculos.

Podemos imaginar Alice como sendo o povo que acaba por fazer parte do "chá de desaniversário" sem entender nada que está a acontecer. O Coelho era o fiel companheiro da hora do chá que insiste em provocar e incomodar a convidada. O Ressabiado é uma espécie de personagem como o Chapeleiro Louco que se juntam ao Coelho (Lebre de Março) e convidam Alice, o povo, para beber chá, mas sem açúcar. O Coelho é um personagem de sonho que ainda alguns continuam a procurar que regresse ao país das maravilhas.

Ressabiado Silva não convivendo bem com a imagem que ficou dele enquanto desempenhou cargos políticos, sobretudo no meio dos seus, esforça-se por colorir essa imagem. Mas a História não se reescreve e o que fez mal por erro ou omissão, obscurece a sua postura de infalível e continua a pensar que "ainda está para nascer quem seja mais honesto que ele", mas a sua atitude de ressentimento, ficarão assim inalteráveis por muitos livros que escreva e muitos discursos que faça.

Mesmo assim, Ressabiado Silva insistiu em escrever e publicar um livro, mais um, este último sobre a arte de como fazer política e nela conviver. Ressabiado, revê-se num hábil ético-moralista da política, isto é, avalia severamente os outros de acordo com os seus próprios padrões morais, desdenhando outros que sejam discordantes ou que não sigam os seus princípios político-partidários. Egocentrista convenceu-se e interiorizou o que disse no passado quando salientava que para serem mais honestos do que eles tinham de nascer duas vezes.

Para o esquadrão dos seus seguidores não é um livro qualquer. Para eles estão lá contidos altos pensamentos filosóficos no âmbito da ética política. Talvez seja uma “Bíblia”, talvez seja até um catecismo, poderá até ser um manual de instruções de como fazer e não fazer política.

Há um livro muito conhecido cujo título é “A Arte da Guerra”, obra literária do pensador chinês Sun Tzu, escrito por volta do ano 500 a.C. A obra apresenta-se como um manual estratégico para conflitos armados, mas que pode ser extrapolado para várias aplicações noutras áreas da vida e do confronto político. Terá, por acaso, Ressabiado Silva perguntado a si mesmo: Se aquele tal Tzu escreveu sobre a guerra porque não escrevo eu sobre a política? Mas o livro que escreveu é ainda mais completo, é um livro que ficará na memória do “mundo português”, uma espécie de Bíblia, com um Velho e Novo Testamento aplicados à política, mas tendo como alvo o ataque a vários dos seus inimigos figadais e a uma ideologia em especial.

O livro de Ressabiado Silva tem como base a sua sabedoria infinita. São textos que, para ele, são princípios sagrados e contêm histórias, doutrinas, códigos e tradições que devem guiar os verdadeiros políticos.

Ressabiado Silva, assim como para os seus correligionários, sempre se considerou um símbolo do país onde vive e o maior panteão do partido a que aderiu, talvez por engano, ou talvez porque não teve coragem de aderir na altura da queda do antigo regime a outro com que mais se identificasse.  

Teve sempre uma visão austera, (ainda há quem aprecie), com um perfil que aponta para um autoritarismo que mal consegue disfarçar. Poderia ter sido líder de um partido de extrema-direita, embora sem os chavões populistas inerentes. Poderia até ser líder de um partido com amostras de salazarismo, sem Salazar, em convivência com uma democracia controlada a seu modo. Foi o forno onde ele se cozinhou. A sua postura comunicacional, quer a sua retórica, quer o que defende, fazem parte de um passado que pode não estar longe de poder regressar, não na sua forma primitiva, mas revista e atualizada.

Ressabiado Silva tem uma necessidade egocêntrica e narcisista de se mostrar o melhor, o sábio, o infalível. Faz oposição a um governo cujas políticas não sejam as que ele defende e que pretenderia impor ao país onde vive. Nestas circunstâncias, tem o impulso de sair da concha onde habita, para fazer campanhas de oposição a qualquer governo que não seja o por ele idealizado, sem, no entanto, propor soluções. Dizem os seus correligionários que ele é o símbolo de um período de crescimento no país, mas e as pessoas terão de facto também crescido? Ressabiado Silva é um saudosista do poder, mas dum poder absoluto. Ressabiado Silva parece ter-se esquecido que pensar e decidir quando se está no poder, frente a problemas atuais, concretos e complexos não é o mesmo que escrever para dar lições quando se está por fora do poder e como se o tempo tivesse parado.

 

O rastilho do Presidente da República

 



Como presumo que o Chega, o PSD e a IL, como o Presidente, não se tornaram esquerdistas no despesismo, esta contradição vem muito mais de uma lógica de oposição em todos os azimutes, ou, no caso do Presidente, de exorbitar das suas funções para “pôr o Costa na ordem”, do que de uma posição de fundo. É por isso que a contra-governação do Presidente gera instabilidade social

José Pacheco Pereira

in Jornal Público.

Face a alguns sintomas que se manifestam no nosso sistema de governo, começo a ter dúvidas se se trata, de facto, de um tipo de sistema de governo semipresidencialista em que o Governo, centro da atividade política, responde politicamente perante a Assembleia de República. Alguns falam até em presidencialismo do Primeiro-Ministro no caso de maiorias absolutas monopartidárias.

Esta minha dúvida surgiu-me das justificações do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa quando devolveu, sem promulgação, o Decreto que estabelece os termos de implementação dos mecanismos de aceleração de progressão na carreira dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário, mas apontando a frustração da esperança dos professores ao encerrar definitivamente o processo.

O Presidente parece estar a tornar-se uma espécie de contrapoder e, portanto, a contra governar, umas vezes por tagarelice e agora, parece, também, por palavras escritas. O Presidente fala de mais é o que se tira das suas intervenções.

Marcelo parece estar apostado em querer atear o rastilho de pólvora que poderá resultar em convulsão social e em reivindicações nas carreiras dos vários setores e servidores do Estado. O objetivo será, porventura, ficar nas “boas graças” da classe dos professores e dos seus sindicatos.

O caminho perigoso que o Presidente da República segue ao criar dificuldades à governação de António Costa é que quando, para criticar o Governo, por vezes falando de mais, passou também a fazê-lo nas críticas feitas nas notas de promulgação dos diplomas como se fosse ele o senhor absoluto omnisciente sobre tudo. O discurso do Presidente sobre a governação é mais parecido com um sistema de governo presidencialista.

Podemos estar, ou não, de acordo com o diploma do Governo relativamente às carreiras dos professores, mas a decisão é parte integrante da governação e, como tal, é legitimo, desde que no diploma não sejam detetadas inconstitucionalidades.

O Presidente pode, ou não, concordar com o decreto-lei sobre a carreira dos professores, e está no seu direito, mas que deveria votá-lo desde que esteja no âmbito constitucional e não em função da sua discordância, porque não é ele que governa. Claro que professores e sindicatos elogiam veto de Marcelo. Ao promover um sinal que pode abrir portas à perigosidade social, trata-se de uma opinião sobre como governar cujas consequências não é o Presidente que gere, nem que terá que neutralizar e que gera instabilidade social.

Se o referido diploma não resolve os conflitos com os professores, e não acabará com as greves nas escolas, mas gestão dessas expectativas que nada mais é do que a negociação entre Governo e sindicatos entre o que este último espera e aquilo que será feito que é uma função do Governo e não aquela para a qual elegemos o atual Presidente não foi eleito para isso.

Nota final:

Estará o Presidente da República a querer degradar o seu peso político?
Quando os militares vierem para a Rua gritar, Marcelo saltará de imediato do lugar a defender que as FA´s são uma prioridade; mal os polícias se transformem em "secos e molhados", Marcelo saltará do lugar a dizer que a segurança e as polícias são uma prioridade; mal os Impostos venham para a Rua gritar, Marcelo defenderá que o pessoal dos impostos é essencial para garantir às Misericórdias e ASS ligadas à igreja católica todos os milhões que o OE lhes reserva; quando os todos os trabalhadores do setor público vierem para a rua exigir que descongelem as carreiras desde há dezenas de anos, Marcelo virá a correr dizendo que são todos essenciais, por exigência do Presidente da República e assim por diante.

A caça a pombos e a pombas ou quem não tem cão caça com gato

 


O provérbio “quem não tem cão caça com gato” é usado como significado para dizer que quando falta um recurso para realizar um objetivo usa-se um meio alternativo, o importante é que seja feito. A caça é que não pode deixar de ser feita.  Explicarei em pormenor mais adiante o que pretendo dizer.

Em democracia um qualquer governo é escrutinado por órgãos competentes como sejam a Assembleia da República, as oposições que devem ter também por missão esse papel. A estes os meios de comunicação social ajudam a esse escrutínio, bem como outros atores políticos e mediáticos.

"O Governo entende que o escrutínio da sua atividade pela Assembleia da República é um pilar fundamental do sistema democrático", afirmou o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, no debate do relatório intercalar de escrutínio da atividade do Governo na Assembleia da República.

Normalmente a prática do escrutínio envolve a identificação dos aspetos da atividade governativa, recolhendo e examinando provas, a fim de desenvolver uma compreensão do que o governo está a fazer, (ou não), ao abrigo do mandato democrático que lhe foi conferido pelo eleitorado. Fazem também prática do escrutínio os resultados dessa atividade (ou inatividade), e se o Governo está a desenvolver e implementar políticas que alcancem resultados desejáveis, nomeadamente exigindo explicações aos representantes do governo. Não basta gritar em todas as direções e vagamente que o Governo não faz as reformas necessárias. Sim, mas quais? O público fica sem saber o que estes que gritam entendem por reformas.  A Assembleia da República é outro órgão que, para além de órgão legislativo, desempenha ainda a função política de controlo (inspeção e fiscalização) dos atos do Estado e é o órgão por excelência do debate político a nível nacional.

Há outros intervenientes como os meios de comunicação social e o público que escrutinam e podem influenciar direta ou indiretamente o governo. Porém, em Portugal, nem sempre é assim. Há governos que são mais escrutinados do que outros, sobretudo quando são governos de direita que, tendencialmente, são mais poupados pelos órgãos de comunicação social.  Com o objetivo de captar votos e mudar o sentido das sondagens as oposições de direita unem-se e centram-se em temáticas que não interessam nem resolvem problemas do povo. Buscam casos secundários cuja importância é relativa e nada interessa à maior parte do público, mas que é amplificada pelos média desempenhando uma espécie de papel de mandatários da oposição ajudando ao descrédito do Governo em exercício. Exercem pressão e intoxicação da opinião pública para assim criar condições para a sua queda. Isto é, o que as oposições e a sua “entourage” mediática fazem não é escrutinar a eficácia ou a ineficácia da ação governativa, apenas lançam para a opinião pública casos secundários que, mesmo à luz da transparência, em nada resultam de positivo para as populações.

Como referi no início do texto é neste ponto que entra o gato utilizado para a caça ao Governo. À falta de matéria essencial para o escrutinar dispersa-se em outros casos e casinhos, com as famílias deste e daquele ministro, como os familiares tivessem de desistir das suas ocupações porque um deles resolveu aceitar um convite para ministro. Os media acompanham esses casinhos até interessar às suas audiências, quando concluem que o tema que lançaram não tem fundamento sustentável são retirados da agenda mediática.

Há uma pergunta que se pode colocar: alguma vez os media se preocuparam em investigar situações de familiares de ministro e suas ocupações quando a direita está no poder? Serão os partidos de direita tão virtuosos que a transparência é absoluta e não relativa?

Em democracia, sobretudo os media afetos à oposição de direita têm o potencial para ajudar influenciar os eleitores a responsabilizar os políticos e os partidos do governo. Ao relatar o desempenho do governo e fazendo a cobertura de escândalos e de corrupção, os media oferecem informações aos eleitores que são úteis para decidirem se devem ou não reeleger políticos e partidos em exercício. Por outro lado, os media também podem ajudar os eleitores a combater movimentos em direção ao autoritarismo e a facilitar a ação coletiva contra um governo potencialmente autoritário.

Os media transformaram-se numa espécie de Ágoras a que se junta o complot dos comentadores e líderes de opinião onde não se discutem assuntos ligados à vida dos cidadãos, mas que são focalizados em tricas que a maior parte das vezes não lhes interessa.

Podemos ver os partidos da oposição, sobretudo os da direita mais moderada, que, à falta de conteúdo e de ideias para se impor como alternativa credível, lançam mão de tudo o que lhe possa ser útil apenas com o objetivo de desgastar o Governo, mesmo que tal não lhes traga qualquer mudança às dificuldades e problemas que as populações encontram e que são várias, iludindo-se com uma extrema-direita populista como alternativa para a resolução dos seus problemas.

A oposição é indispensável para avaliar as falhas e os excessos do governo e para o responsabilizar perante o público, bem como para sugerir alternativas de governação, mas os conteúdos e a argumentação utilizada não são as mais eficazes.

Um argumento negativo visa criticar, dissecar e desmantelar uma teoria ou uma argumentação oposta, enquanto um argumento positivo propõe algo novo, uma teoria que defenda propostas originais, ou que enfatize novas razões em favor de um ponto de vista já conhecido. Contudo um bom argumento negativo não implica uma proposta positiva coerente, nem vice-versa. Na política, domínio público da argumentação, também há discursos de ambos os tipos. A oposição política consiste principalmente em argumentos do fórum negativo, o escrutínio do governo, mas coerentes e de interesse para o público e que lhe possibilite a escolha em futuras eleições. A oposição sem critério e seriedade podem empurrar o país para o abismo se o Governo não tiver capacidade de resistência às investidas das oposições, quer de direita, quer da extrema-esquerda.

Se olharmos com critério para falta de as propostas da oposição, nomeadamente por parte do PSD, partido que pode ser uma alternativa de poder, não se observa qualquer proposta concreta que possa levar o eleitor a mudar visto que essa escolha seria um tiro no escuro, como já várias vezes a experiência mostrou.


Os grunhidos

  O artigo de opinião de Pacheco Pereira publicado no jornal Público em 12 de julho mostra, claramente, a falta de educação e a estupidez do...