Política

No meio do nada encontra-se o PSD

No programa “Poder Laranja” do último sábado, moderado por Constança Cunha e Sá, foram convidados Feliciano Barreiras Duarte apoiante do Rui Rio, Duarte Marques apoiante de Santana Lopes, António Leitão Amaro sem candidato assumido e Sebastião Bugalho jornalista do jornal i.


Todos eles são militantes ou simpatizantes do PSD. O debate foi um vazio total de ideias, propostas e programas o que já seria de esperar especialmente por parte do apoiante de Santana Lopes. O apoiante de Rui Rio foi o que melhor defendeu a candidatura.


Em vez da defesa das candidaturas e da apresentação das propostas dos candidatos refugiaram-se no ataque ao Governo socialista com argumentos estafados e já por demais utilizados por Passo Coelho, não faltando até a evocação de Sócrates. Mais pareceu um debate sobre a defesa do ainda atual líder e o ataque ao Governo do que a defesa das próprias candidaturas.


A pobreza argumentativa foi evidente centrada na questão da identidade   e na posição do partido dentro do espetro partidário. Não se pode desejar que o PSD seja igual ao partido socialista dizia o apoiante de Santana. Dizia o apoiante de Rui Rio que havia que regressar às origens do partido, a social-democracia. Defendiam-se outros dizendo que o PSD não é de direita, mas do centro-direita ou de centro. No final não se ficou a saber qual é o espetro ideológico do partido. Mas a ideologia não interessa aos portugueses nada lhes diz, como disse o apoiante de Santana, o que querem ver é factos concretos. Já vimos e bastante no passado e o que prometiam para o futuro, diria eu!


Parece que, segundo se pode deduzir pelo debate, ao PSD nada interessa nem sequer a ideologia. A ser assim não se percebe ao que vão nem o que pretendem.


Parece que, segundo eles, lá para a semana vai sair um programa. Como já disse Santana Lopes numa entrevista ainda não há projeto, mas está tudo na minha cabeça.


Apesar de eu já ter escrito várias vezes que o PSD abandonou a sua matriz social-democrata acantonando-se na corrente neoliberal, coisa que refutaram alguns dos presentes no debate. De cada vez que os oiço falar mais me convenço de que não há volta a dar ao PSD, afinal não é social-democrata e não tem vontade de o ser, então, sem dúvida, é um partido de direita e com alguns laivos radicais e populistas que foram nascendo.


Foi um debate de nada, e sobre nada, um vazio total. Quem não estava esclarecido ou tinha dúvidas como eu ainda ficou pior.


Todavia Rui Rio é o único que se afasta um pouco da linha dos outros jovenzinhos que vieram da JSD, agora bem instalados no partido e com cargos políticos que vêm a público dizer balelas ou cantando o refrão do que ouvem por aí. Para mim, uma coisa ficou clara: o apoiante da candidatura de Santana Lopes e Leitão Amaro tentaram fugir ao rótulo de direita que, segundo dizem, lhes foi colocado pela esquerda. Ficámos sem saber no final e apesar de o negarem se não são de direita então o que são afinal…


Hoje a candidatura de Santana Lopes anunciou o seu programa que já tinha dito estar apenas na sua cabeça ao mesmo tempo que um dos elementos que o apoia invoca Deus para vir em seu auxílio ao dizer numa reunião que Santana “graças a Deus vai ser eleito”. É a primeira vez que em política se recorre claramente à religião como fonte aliciadora de almas simples e sãs para uma causa deveria ser estritamente laica.


Não é novidade que a igreja tenta em época de eleições influenciar eleitorado católico para a direita durante as homilias, o inverso para mim é novidade e, tanto mais, que chega já às raias do populismo de baixa ética. Invocar o nome de Deus em vão misturando-o com causas políticas parece ser a transformação duma candidatura dum político que mais parece ser a de uma espécie de seita religiosa.

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