Habitualmente a comunicação social avança com prognósticos de como os políticos vêm o novo ano. Como seria de esperar, quer a esquerda e a maioria que apoia o Governo, quer a direita têm visões diferentes para os seus prognósticos. Quanto aos primeiros não vale a pena falar porque são sempre positivos e os partidos mais à esquerda querem “prendas” para 2018 ainda maiores.
Dedico-me, portanto, aos pessimismos da direita que já vêm desde a célebre frase do “vem aí o diabo” quando o atual Governo tomou posse.
O jornal Público colocou algumas perguntas aos candidatos a líder do PSD e à centrista Assunção Cristas sobre como viam o ano que entrou em termos de oposição. Santana Lopes recusou responder, assim, apresento apenas as respostas mais representativas da direita PSD e CDS sobre como pensam vir a fazer oposição em 2018.
Santana Lopes ao formalizar ontem a sua candidatura à liderança do PSD, demonstrou falta de originalidade e colou-se à mensagem de Ano Novo do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa quando disse que “é preciso reinventar o futuro”. Santana, para além de se colar oportunisticamente ao discurso do Presidente, inscreve o termo no texto da sua moção.
Se podemos perceber, ou até imaginar, a mensagem que o Presidente Marcelo pretendeu o mesmo não se pode dizer com o que Santana pretendeu com o “reinventar o país” já que o conceito é aplicado de forma tão pouco clara, vaga e descontextualizada quanto a sua moção o é. Sabemos que “pretende honrar o passado e perspetivar o futuro”. Não sabemos a que passado se refere Santana Lopes, se ao passado longínquo do PSD ou ao passado mais recente. Frases vagas plenas de ambiguidades.
Rui Rio, candidato à liderança do PSD prevê para 2018 um maior desgaste do Governo, uma pressão maior dentro da coligação parlamentar com confrontos ao nível da Assembleia da República assim como ao nível do movimento sindical. E, como seria de esperar, para Rio haverá seguramente um PSD mais atuante depois “deste demasiado longo período de tempo dedicado à substituição da liderança”.
Quanto às prioridades para 2018 “ganhar as eleições internas no PSD. Se tal acontecer,
a construção de uma alternativa de governo à solução parlamentar atual”. Que base serão propostas nessa alternativa de governo é que ficamos sem saber. Será mais do mesmo do passado recente?
Para Assunção Cristas, presidente do CDS-PP, entusiasmadíssima com os 21% alcançados em Lisboa, diz que tem os pés bem assentes na terra e estar “otimista para a construção alternativa para os portugueses”, mas também ficamos sem saber qual é. Ao nível interno diz que 2017 foi um ano trágico e fala, mais uma vez, dos incêndios tragédia de que ela tão bem soube tirar partido. Diz ainda que o país (o deles, lá do CDS, digo eu), “deve estar particularmente atento ao que o Governo vai ou não fazer em matéria de prevenção e combate aos incêndios, nomeadamente se cumpre as promessas que fez”. Veremos quando o ordenamento do território e da floresta forem levados para a frente pelo Governo, se o forem, se o CDS estará na disposição de contribuir paral tal ou se atuará de forma reacionária e conservadora contra as medidas que forem tomadas.
E, para Assunção Cristas o país, (a vigilante do país deles, os do CDS, digo eu, mais uma vez) “deve estar particularmente vigilante em relação às tentações de uma governação eleitoralista, a par de um escrutínio grande da qualidade dos serviços públicos, cuja degradação é notória. Esqueceu-se, esta vigilante em nome do país, de dizer que a degradação dos serviços públicos foi devido ao contributo que o seu partido deu quando esteve no governo de coligação de direita PSD/CDS que originou tal degradação e que, depois da terra queimada, é difícil a reconstrução instantânea.
Vigilante relativamente às tentações eleitoralistas? Dr.ª Assunção lembramo-nos bem do seu eleitoralismo quando das eleições autárquicas em Lisboa.
Para Cristas as prioridades para 2018 à semelhança de Rio “é afirmar-se como uma alternativa sólida e credível ao Governo das esquerdas unidas, através de uma oposição firme e construtiva”. Mas vai mais longe, quer que o CDS seja a primeira escolha dos portugueses. Com que projeto de governação é que também não sabemos. Ah! Já sei, o projeto é “Ouvir Portugal” como ela diz. Desejos há muito, é como os chapéus também há muitos.
Para terminar e numa antevisão do jornal Público O julgamento de José Sócrates poderá
começar ainda em meados de outubro de 2018 ou, na pior das hipóteses, em 2019, como anteciparam em outubro próximo passado vários juristas ligados ao processo Operação Marquês. No final do pré-julgamento o juiz Carlos Alexandre decidirá se leva os arguidos todos a julgamento ou se arquiva o caso, se entender não haver indícios suficientes que possam conduzir à sua condenação pelos crimes que constam da acusação do Ministério Público.
Se assim for esta antecipação mostra que, mais uma vez, está-se a conjugar tudo para a proximidade das próximas eleições legislativas. Ou será mais uma vez uma invetiva da minha parte quando tenho escrito que, no que respeita ao caso Sócrates, há um calendário judicial alinhado com o calendário político?
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