Política

A palavrosa arte circense santanista e o equilibrista

O frente a frente entre Rui Rio e Santana Lopes na passada quinta feira foi duma confrangedora exibição e pobreza. Ambos estiveram mal e o jornalista moderador pelas questões colocadas contribuiu para o desinteresse também não esteve melhor. As questões que colocou interessavam-lhe. Terá sabido previamente como Santana iria atacar? De qualquer forma o papel dum jornalista nestas situações é sempre ingrato, mas, neste caso, Vítor Gonçalves também não esteve bem.


Santana refugiou-se em assuntos do passado para atacar Rui Rio com temas que apenas revelaram a sua fraqueza, fragilidade, contribuindo para a falta de nível do debate e o desinteresse pelo esclarecimento do futuro do partido e do país caso venha a ganhar as eleições. Baseou-se apenas em críticas ao seu adversário concorrente.


Santana Lopes, ao referir e criticar Rui Rio por ter aceite um convite para participar num evento na Associação 25 de abril, conotou esta como se fosse uma associação de malfeitores.


Santana faz lembrar os que fazem política e comentário à mesa de cafés ou à frente de imperiais em cervejarias.  Faz lembrar os propagandistas das televendas que fazem tudo para vender o produto com publicidade enganosa. Estes ao menos centram-se apenas no seu produto e não falam da concorrência.


A prestação de Santana Lopes, enquanto candidato a líder de um dos maiores partidos portugueses, fez política baixa mostrando que não tem qualquer projeto definido. Todavia, pelos comentários de alguns jornalistas parece-me que a direita neoliberal dentro do PSD está do seu lado e tenta ver Santana Lopes como o herdeiro do pensamento de Passos Coelho e da sua turba. Cola-se à direita passista talvez para captar votos que se desviaram desde as eleições autárquicas para o lado do CDS. É nisso que ele está a apostar já que parece claro que é um admirador do ainda atual líder do PSD e da sua política.


Santana é um fiasco político e quer vir a ser primeiro-ministro para continuar a ser fiasco como já mostrou ser no passado. Gerir um país não é o mesmo que gerir uma instituição privada ou pública e já tivemos oportunidade de o confirmar no passado. É senhor de uma conversa fiada, com palavreado por vezes doce, por vezes amargo, por vezes confuso e desarticulado, muito ao seu estilo pessoal. Santana Lopes fala muito, mas concretiza pouco. Santana gosta de espetáculo, gosta que o admirem, gosta que o adulem, disponibiliza-se e está sempre disponível para falar sobre tudo e sobre nada frente às câmaras da televisão e para elas fixa o seu olhar. É um narcisista nato.


Sabemos por anteriores afirmações que Santana Lopes diz hoje o que irá desdizer amanhã. Fala dos erros dos outros esquecendo os seus. Com Santana Lopes, como líder do PSD, e caso venha a ganhar as eleições em 2019, para o que diz estar preparado, vamos ter mais do mesmo à direita.


Pelo contrário, Rui Rio é objetivo, pragmático e diz o que pensa. É um homem do Norte, sem papas na língua, e, para o bem e para o mal podemos saber com o que contamos. Diz o politicamente correto e politicamente incorreto.


Não vai ser fácil para Rui Rio poder remodelar o partido visto que os neoliberais alimentados e protegidos por Passos Coelho estão bem assentes e não vão deixar que lhes tirem o tapete. Por outro lado, o país também não pode estar sossegado se Rui Rio vier a ser eleito e ganhar eleições em 2019. O PSD com Rui Rio não deixará de ser de direita, talvez seja mais moderada. Uma coisa é certa, Rui Rio tem propostas mais concretas que podem, ou não, ser concretizáveis, ao contrário de Santana Lopes que é um vazio confuso.


Parece-me que a direita, que domina em grande parte os media, parece ter uma preferência por Santana Lopes, talvez porque alinha pelo liberalismo do passado recente e talvez também porque lhes poder vir a dar material e palhaçada para temas a publicar.

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