Política

O grande apostador

Na convenção promovida por Santana Lopes no sábado passado coloca-se a Pedro Passos Coelho e diz ao partido que esteve sempre lá.  Passos Coelho, diz Santana, “não pôde fazer mais e fez um trabalho absolutamente excecional”.


A razão desta colagem, na minha opinião, faz parte da sua estratégia na campanha eleitoral à liderança do PSD. E porquê? Poderá perguntar-se. Primeiro, porque Passos Coelho ganhou as eleições em 2011 embora com maioria relativa pelo qual teve de se coligar com o CDS. Segundo, porque Passos Coelho também ganhou as eleições em 2015, perdendo votos, ficando juntamente com o CDS com minoria parlamentar face à esquerda. Assim, Santana Lopes acha que os “fãs” de Passos Coelho o verão, a ele, Santana Lopes, como um futuro e potencial vencedor nas próximas eleições legislativas. A estratégia de colagem a Passos Coelho por Santana pode ser a de vir a conseguir captar a direita mais conservadora que se afastou para o CDS, contudo, esta estratégia pode ser espada de dois gumes virando-se contra ele porque alguns consideraram que Passos e as suas políticas já não teriam futuro.


Após o frente a frente entre Rui Rio e Santana Lopes, um dos comentadores que analisou o debate, José Manuel Fernandes, afirmou, em determinada altura, que as orientações ideológicas do partido para as eleições não interessam nada porque as pessoas iriam votar em pessoas e não em ideologias. É, também neste ponto, que Santana se apresenta pensando que, quem irá votar, é uma espécie carneirada destituída de qualquer ideologia e que irá votar apenas pelo “look” do candidato. É nisto que Santana aposta. Aliás, parece que apostas são com ele porque aprendeu enquanto esteve à frente da Santa Casa da Misericórdia que, segundo parece, até desempenhou bem a função, exceto no caso da intervenção no capital do Montepio e foi ainda um dos motores para a abertura do Casino de Lisboa.


Para bom entendedor meia palavra basta. Se Santana Lopes ganha o PSD teremos um novo Passos Coelho, mas para pior, se, por mero acaso, vier a ganhar as próximas legislativas. E os neoliberais do PSD estarão nessa. Se, pelo contrário, perder as eleições, o PSD bem pode pedir uma reforma a fundo.

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