Política

Rui Rio líder do PSD: até quando

A liderança do PSD ficou entregue a Rui Rio após as eleições diretas do passado dia 13. Nas televisões comentadores diziam que Rio ganhou por uma maioria folgada. Considero que uma diferença com Santana Lopes de 8,7% nas circunstâncias em que o PSD se encontra não chega para dar volta ao partido. Repare-se que uma sondagem em dezembro dava a Rui Rio 70,5% e apenas 26,8% a Santana Lopes.


Dar a volta não é, como alguns dos apoiantes de Santana Lopes afirmaram durante a campanha, transformar o PSD num partido socialista, mas colocar o partido numa rota da social democracia, do centro ou do centro direita libertando-se do laço do neoliberalismo.


A renovação do PSD vai ser difícil de fazer mesmo com Rui Rio. As pressões internas, vindas de setores que ocupam lugares que Passo Coelho deixou como legado, para que o partido continue na mesma deriva ideológica, mesmo no contexto da atual conjuntura política e partidária, irão tentar sobreviver. Repare-se que alguns dos mais antigos do partido que apoiaram o PSD de Passos que apoiaram Santana Lopes querem manter os cargos e, por isso, irão resistir. Rui Rio foi claro na sua intervenção após a sua eleição ao dizer que "O PSD não foi fundado para ser um clube de amigos ou agremiação de interesses individuais". Aliás um desses dos mais antigos apoiantes num debate sobre o resultado das eleições refugiou-se, mais uma vez, no passado e em elogios a Passo Coelho que dizia foi uma altura muito difícil que atravessou obrigado pela troika. Memória curta premeditada de Carlos Carreiras, atual Presidente da Câmara de Cascais, omitindo que Passos pretendeu fazer vingar medidas, e conseguiu, que foram muito para além da troika.


Não foi por acaso que Miguel Relvas, apoiante assumido de Santana Lopes, um dos braços direito de Passos Coelho e ex-membro do seu governo, afirmou durante a campanha que "Vamos ter um líder do PSD para dois anos, se ganhar as eleições continua, se não ganhar será posto em causa". Deveria estar a referir-se a Rui Rio. Relvas já está a antecipar uma derrota do PSD visto que uma vitória vai ser muito difícil em 2019. Sonha, claro está, com a repetição de uma maioria absoluta para o partido.


O CDS-PP, pela voz de Cristas, qual espécie de fera à espera, já se perfila para futuras alianças direitistas, e vai dizendo que "está empenhada em "contribuir" para "uma alternativa séria ao governo das esquerdas unidas". Quer voltar ás direitas unidas, claro que o poder sabe bem quando se ganha, mas é amargo quando se perde a maioria absoluta.


Disse Assunção Crista que "O CDS não está acantonado, o CDS está a crescer, o CDS está a dar mostras da sua vivacidade, queremos falar mais para todos os portugueses e a nossa estratégia é claríssima, é isso que queremos dizer aos portugueses". Pois é, numa sondagem em janeiro o CDS obtém, 6,2% das intenções de voto, muito abaixo do Bloco de Esquerda e próximo do PCP.


 

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