Política

Quando matar o mensageiro






Hoje resolvi recuperar um comentário que escrevi a um artigo de opinião de Raquel Varela para analisar uma crítica que um leitor do referido artigo me fez e que achei interessante sem pretender com isso levantar polémica.





Em 24 de março do corrente fiz um comentário a um artigo da Profª Raquel Varela que pode ver aqui. Foi uma crítica ao artigo e, consequentemente, à atitude da autora relativamente a algumas posições auto abonatórias da sua pessoa que, do meu ponto de vista, continha pinceladas de egocentrismo e autopromoção que me pareceram um pouco desajustado ao tema do artigo.





Pois bem, em relação à minha crítica ao conteúdo do texto da autora foi colocado um comentário que dizia o seguinte: Na falta de argumentos ataca-se o mensageiro, dejá vu!





Não reagi a este comentário na altura no local próprio, apesar de alguém ter reagido no meu lugar e em meu favor. Todavia, achei-o, interessante. Hoje penso que tal comentário não merece uma crítica, mas sim uma opinião sobre mensageiros e mensagens.





O tema pareceu-me ser interessante porque nas redes sociais há cometários colocados por radicais ineptos que por lá “transitam” atacando, quando não trucidando, quem coloca mensagens que, quando não lhes agradam, estes sim, que por falta de argumentos agridem os mensageiros com palavras ofensivas de verdadeiro bullyng.





A origem da morte dos mensageiros que levavam mensagens com más notícias são antigas.  Cerca do século IV antes de Cristo o rei da Pérsia Dario III quando foi derrotado por Alexandre o Grande, tivera sido antes avisado por Charidemos, um seu conselheiro para a guerra, de que poderia vir a cometer vários erros de estratégia de guerra e informou o rei do possível fracasso de suas estratégias. Dario III teria mandado matá-lo por lhe trazer más notícias e ter-lhe transmitido a verdade honestamente por isso mesmo tornou-se incómodo.





No século XIII, também Gengis Khan conquistou um enorme império e tinha um serviço de correio montado em que os mensageiros oficiais podiam percorrer até 200 quilómetros por dia. Ficou célebre a sua sistemática reação quando os mensageiros lhe traziam más notícias: a morte imediata dos mesmos.





Ora bem, face à crítica que me foi feita ao comentário que escrevi sobre o artigo de Raquel Varela parece-me que, eu, ao ser redator da mensagem crítica à atitude da autora enquanto comentadora de política, e simultaneamente o mensageiro, então, segundo o autor que me fez a crítica, eu, como mensageiro, também deveria ser “morto” por quem recebeu mal a minha crítica.





Como se percebe não se tratou dum mensageiro da mensagem de raquel Varela, porque o mensageiro foi ela mesmo, a autora da mensagem. Talvez daí a confusão do meu crítico que não se apercebeu que ambos, mensageiros e mensagem se confundem, são a mesma pessoa. Não estou a matar o mensageiro, a Raquel Varela, mas sim a contestar a sua mensagem.





Por outro lado, é consensual que um autor, quando escreve a criticar ou sustentar uma realidade está pessoalmente envolvido na mensagem porque está também a espelhar-se através do que escreve ficando, por isso, sujeito a críticas de quem acompanhe os seus pontos de vista.





Ao escrever uma mensagem com opiniões que, para o referido adepto do artigo de Raquel Varela foram supostamente más, matei a mensageira que também redigiu a mensagem. A autora da mensagem é também a mensageira, são unas. Está a aqui a simultaneidade que o autor do comentário não pensou.  Fui eu que redigi a mensagem de que ele não gostou, consequentemente também sou o mensageiro e, por isso, também deveria ser morto, em sentido figurado claro está. Ele também matou o mensageiro porque não gostou da mensagem.


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