Durante esta crise pandémica a nível global, que é grave, à
qual não escapámos para reduzir os seus efeitos acompanhámos dentro do possível
as medidas de saúde pública que outros países iam tomando, no meio da
desorientação que tinham e tínhamos face ao desconhecido, aguardando dias após
dia o que a ciência ia divulgado sobre as evoluções e reações dos agente
patogénico que a todos nos afetava.
Os médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde estiveram na
primeira fase na frente da batalha contra o inimigo invisível que nos irá contaminando
a todos por contágio de proximidade caso não tenhamos o discernimento necessário
cauteloso que é devido, estão agora também na frente daquela que parece vir a ser
a crise mais grave do que a primeira.
Os profissionais de saúde e especialmente os enfermeiros são
os participantes ativos que estão na linha da frente em todos os serviços periféricos
de apoio. Não lhes faltou vontade nem entraram em desespero apesar das
contaminações que lhes couberam e dos riscos que correriam. Todos lhes louvámos
e agradecemos o zelo e a dedicação pelo cumprimento do seu dever, um dever profissional
que e chega à raia do sacrifício.
Pelo seu trabalho exaustivo, quer físico quer psicológico, a
que são expostos diariamente médicos e enfermeiros teriam direito a mais, a
muito mais, a que uma mera justiça obrigaria, para além do mero agradecimento.
Mas há o SINDEPOR - Sindicado Democrático dos Enfermeiros de
Portugal, jovem sindicato formado em setembro de 2017, que, nesta fase crítica,
lança uma greve de cinco dias, claramente oportunista, cujo objetivo é provocar
o caos nos hospitais, como forma de pressão para as suas reivindicações, agravando
as dificuldades que muitos deles já vão sentindo, colocando em risco os doentes
que lá se encontram internados.
Já é por demais conhecido que um qualquer sindicato que tem
na sua denominação a palavra “democrático” ou “independente” é um sindicato que
sai fora do baralho e é controlado sabe-se lá por que ordem ideológica. Veja-se
o caso da greve dos camionistas no verão de 2019 feita pelo Sindicato
Independente dos Motoristas de Mercadorias, sindicato que surgiu naquela altura
como que de geração espontânea e com uma direção constituída à pressa.
Na greve dos enfermeiros convocada pelo SINDEPOR até poderá
estar na retaguarda a bastonário da ordem dos enfermeiros o que seria um déjà
vu. Isto não é mais do que uma
especulação da minha parte porque não há, até ao momento, provas disso, mas é derivada
por antecedentes que já se verificaram como as posições
favoráveis da bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, para com uma
anterior greve nos blocos operatórios.
Haveria que aguardar pela oportunidade e não fazer da crise
sanitária um oportunismo que não é mais do que uma atitude para procurar
aproveitar as circunstâncias pandémicas de manifesta gravidade para atingir objetivos
mesmo que, para tal, tenha de sacrificar princípios éticos ou violar normas de
conduta.
Ao contrário de milhares de outros trabalhadores, pequenos
empresários e empresários em nome individual que ficaram sem trabalho, sujeitos
a despedimento forçado devido ao encerramento, falta de recursos e falência das
empresas onde trabalhavam que, para se manterem devido ao confinamento, estão agora
sujeitos, para sobreviverem, ao regime do lay off. Os enfermeiros do
Estado têm o seu ordenado e o posto de trabalho garantidos. O que mais pretende
neste momento o dito sindicato?
Não me venham dizer que no momento tão grave que estamos a
atravessar, quando está em debate a aprovação do Orçamento de Estado para 2021,
não há da parte daquele sindicato oportunismo para aproveitar algum
descontentamento devido ao stress, cansaço por excesso de trabalho a que
estão sujeitos os enfermeiros para os utilizar politicamente.
Senão vejamos: segundo o jornal Público o
sindicato exige o descongelamento das progressões da carreira, a atribuição do
subsídio de risco para todos os enfermeiros e, sendo “uma profissão de
desgaste rápido”, a aposentação aos 57 anos.
O dirigente deste sindicato notou que os enfermeiros tinham
grandes ambições em relação à nova carreira, a qual, defendeu, “acabou por ser
uma falácia, porque foi uma imposição do Governo e não trouxe nada de novo”.
Carlos Ramalho o líder sindical realçou ainda que “a grande
generalidade” dos enfermeiros que estão a ser contratados para o SNS ficam
com “contratos de quatro meses”, considerando que “os contratos com termo não
dão garantias nenhumas” aos profissionais. “A capacidade de resposta é muito
limitada e os enfermeiros estão extremamente exaustos. Na primeira
fase da pandemia, já foi complicado para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e
para os enfermeiros e agora ainda está a ser mais complicado”, referiu o líder
sindical.
Ninguém nega este facto que já referi anteriormente e não
haverá quem não o reconheça a pressão a que os enfermeiros estão atualmente
sujeitos devido às condições excecionais derivadas da covid-19, mas não são apenas
eles.
Coloca-se a então questão: ENTÃO, É AGORA, NUM MOMENTO EM
QUE MILHARES DE PORTUGUESES ESTÃO A SOFRER NOS HOSPITAIS, ALGUNS EM RISCO DE
VIDA, O MOMENTO PARA FAZER REIVINDICAÇÕES? QUE ÉTICA É ESTA?
NÃO BRINQUEM CONNOSCO!!
Sem comentários:
Enviar um comentário