O PS está no seu direito de questionar se esquerda prefere novamente
direita no poder. Todos nos recordamos do tempo em que o PCP e o BE Em 2011, o
Bloco de Esquerda e o PCP juntaram-se à direita para ajudarem a chumbar o PEC
IV de José Sócrates, independentemente de ser ou não uma má governação o facto
foi que contribuíram no todo para que a direita viesse em 2011, com Passos
Coelho e Paulo Portas, ocupar o poder, já lá vão exatamente 20 anos.
Quem está agora a decidir se o momento da direita se
movimentar para tomar novamente o poder com ou sem Passos Coelho é o Bloco de Esquerda,
mas também o PCP, cada um à sua maneira. Mas afinal o preferem estes partidos um
país à esquerda ou à direita?
A possibilidade destes dois partidos poderem, caso haja eleições
antecipadas, recuperar votos são tão-só ilusões ideológicas. Parece-me que que
o país começa a estar farto deles. O PCP tem um grande poder de mobilização e tem
nas mãos os sindicatos e ainda dar o contribuo para conter movimentos
inorgânicos sem lei que por aí surgem. É um partido importante para preservação
da democracia.
É provável que se houver eleições antecipadas a situação
atual de maioria de esquerda se mantenha mesmo com algumas perdas de votos do
PCO e do BE e um PS sem maioria absoluta. Se Rui Rio se mantiver no PSD será
possível um novo alinhamento parlamentar, com o PS a virar ligeiramente á direita
e o PSD a virar ligeiramente à esquerda o que ajudaria à governabilidade do
país. Contudo haveria que esperar uma “retaliação” do PCP com manifestações e
greves a proliferar provocando instabilidade social.
O PCP, e, sobretudo, o BE estão-se a tramar para o país, está
no seu ADN o leninismo para um e o trotskismo para outro. Há palavras de ordem
que eles sabem que atrai as massas: salários, direitos, menos trabalho e mis
férias.
Está em acusa o orçamento para 2022 e sobre isso escreveu ontem
Manuel
Carvalho no editorial do jornal Público:
“A cada orçamento constatava-se
que o PS pagava o mínimo possível para poder executar o máximo possível. O
preço da colaboração disparou. É no Orçamento que mais redistribui e mais
agrava a despesa pública que o PCP e o Bloco mais exigem ao Governo. E, ao
fazê-lo, intensificam a gravidade do dilema da governação para um patamar mais
perigoso. Já não está apenas em causa a navegação à vista, a sempre eterna
promessa do “virar de página da austeridade” ou um programa político
excessivamente concentrado no Estado e nas suas funções públicas. O que está em
causa é exactamente o equilíbrio que o Governo foi conseguindo gerir, entre o
que dá e o défice, entre o que negoceia e executa. Se metade das exigências do
Bloco e do PCP fossem atendidas, quem na verdade governaria eram eles e não o
PS.
O que está agora em causa não é,
portanto, uma natural cedência entre as partes. É o risco de, em nome da
estabilidade, o país ter de pagar uma factura insustentável para o futuro. A
escolha é difícil e é isso que é preocupante: entre um orçamento lunático e o
risco da instabilidade política, o país ficará sempre a perder.”
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