Política

Mais do mesmo e o bluff da maioria absoluta

Neste blog já abordei o tema do temor de maiorias absolutas manifestado pelo PCP e pelo BE. A propósito entrou na calha a vez a Jorge Cordeiro, membro da comissão política do PCP, defender, quinta-feira 11 de novembro, que uma maioria absoluta aproximaria o PS de uma política de direita e premiaria o partido que "devia ser castigado" ao mesmo tempo que acusa António Costa de apropriação de propostas apresentadas pelo PCP.

Acusa e tenta descredibilizar António Costa ao afirmar que ele fez bluff nas negociações porque queria eleições legislativas antecipadas e acusa ainda o PS de se apropriar “indevidamente” de propostas do PCP para as incluir no programa eleitoral com que se apresentará ao eleitorado nas eleições de 30 de janeiro. Permitam-me duvidar de Jorge Cordeiro. Será que o bluff vem só de um lado? Durante todo o debate sobre o OE para 2022 o bluff partiu do PCP.

Como pode ler aqui as maiorias absolutas são, para o BE e para o PCP, uma obsessão fóbica. Estes partidos e os seus dirigentes têm um medo patológico de carácter obsessivo de que se possa vir a concretizar uma maioria absoluta do PS o que se torna evidente quando Jorge Cordeiro concretiza que “o PS tinha um objetivo: alcançar a maioria absoluta, porque imagina que com essa maioria absoluta pode ficar mais livre para fazer aquilo que quiser”.  

A pergunta que também que se pode colocar é: e se a direita conseguir uma maioria absoluta já não há problema? A atitude anti PS é uma visão das esquerdas radicais que parece indiciar que, para elas, é pior uma maioria absoluta do PS do que uma maioria absoluta da direita PSD sem ou em coligação com outros partidos como já se verificou no passado quando o BE e o PCP votaram ao lado da direita abrindo alas ao governo de Passos Coelho.

O empenho em recuperar votos perdidos é tal que o bom senso se perde na verborreia partidária do PCP e do BE. Uma coisa é fazer campanha para fazer passar uma mensagem com propostas concretas ao eleitorado para captar votos, outra é fazer campanha com ataques sistemáticos, sem fundamento válido. É evidente o objetivo. O partido donde poderão captar votos por algum descontentamento é o PS.  A atitude anti PS do PCP não é nova. No passado o seu alvo de ataque era também o PS. Aliás, Jorge Cordeiro não se acanha em afirmar isso mesmo: “as eleições são uma oportunidade para o reforço da CDU com a garantia de que com mais deputados poderemos ter melhores condições para assegurar uma trajetória política no país que valorize salários, direitos e o SNS”. Nada de novo, as ferramentas mobilizadoras do PCP para melhorar e fazer crescer o país são os sucessivos aumentos de salários, aumentar direitos e ao mesmo tempo reduzir deveres e menos horas de trabalho. A demagogia no seu melhor. Tudo isto é socialmente justo desde que isso não possibilite debilitar empresas, aumentar o desemprego e quebrar o país. Quanto ao SNS, o BE e o PCP nada concretizam, a direita também faz oposição utilizando os mesmos argumentos, portanto, também aqui nada de novo o que nos apresentam aqueles partidos.

Quando há eleições, como os portugueses já se habituaram, o objetivo assenta na tónica do ataque ao PS. Para aqueles partidos o alvo não é a direita. A direita, para o PCP e o BE, transforma-se então numa aliada.

Tal e qual como diz Fernando Rosas num artigo de opinião com o título Tempo dos Oráculos onde critica comentadores que, segundo ele, “sentenciam que a esquerda consumir-se-á no fogo dos infernos e o regresso ao bloco central ou à direita desenha-se certo nos despojos da razão.” Nem a propósito,  porque para se ter o voto dos eleitores o que importa são as intervenções que o intimidem e manipulem. O voto pelos projetos para o país, muitas vezes inexequíveis, ficam para segundo plano.  

 

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