Do debate entre António Costa e Rui Rio tirei duas conclusões,
a primeira é que Rui Rio veste dois fatos conforme lhe dá mais jeito. Um dos
fatos é o do político social-democrata que diz querer ocupar o centro político,
é o fato com corte ajustado ao que diz ser o seu ideário. No debate de ontem
vestiu outro fato cujo corte mal-amanhado por um alfaiate que lhe deixou a aba
e a manga do casaco demasiado descaídas para o lado direito.
Baralhou-se e baralhou quem o escutou. Quando António Costa
disse que se demitiria se ficar em segundo, Rui Rio para assustar o povo especula
que com Pedro Nuno Santos, como seu sucessor, a “geringonça” pode ser reativada.
Qual foi o objetivo de Rio? Será concentrar os votos em Costa? Tal lógica de
Rui Rio a a partir das palavras de Costa não se percebe.
A maneira frontal de Rui Rio debater e tentar esclarecer complicou
a análise das suas soluções para o país que poderá ter levado a que parte de
quem o viu e ouviu estivesse menos preparada para compreender os aspetos
técnicos das opções que tomaria para baixar impostos, para não atualizar salários,
para privatizar a TAP e parte do Serviço Nacional de Saúde. Sobre alterações na
justiça não soube explicar ao cidadão comum que não era uma forma subtil com
que pretende controlar os juízes, ao propor a nomeação de portugueses idóneos
(?!!) para ir para o Conselho Superior do Ministério Público ou da Magistratura.
Porventura será algo idêntico ao que está a acontecer com a Polónia e a Hungria
que ameaçam "valores fundamentais" da União Europeia, como a
independência do poder judicial e a defesa do Estado de direito. Para Rui Rio tudo
foi um pouco atabalhoado e cujos resultados são duvidosos quer na sua eficácia,
quer nas vantagens, se aplicados.
A segunda conclusão que tirei é no domínio do “Se”, como no caso
da baixa do IRC e IRS, do crescimento económico. A primeira é que, no que se
refere à economia as empresas terão logo baixa no IRC para a economia crescer
tudo o resto se verá ou adiará. É fácil resolver problemas assim.
Por entre outras soluções tiradas da cartola para resolver os
problemas do país que tenciona aplicá-las se as atuais circunstâncias
se mantiverem. Está a aproximar-se uma crise, consequência da
pandemia C-19, com o aumento das energias, a inflação, aumento das taxas de
juro, etc., daí que é muito fácil prometer apenas e se tudo se
mantiver como está. Mas as incertezas são várias nada pode estar garantido, por
isso Rui Rio ter-se mantido numa atitude de “Se”…
Em quase tudo o que disse Rui Rio a vestimenta que apresentou
com abas e mangas descaídas para a direita são o modelo light do neoliberalismo
do último governo PSD-CDS com a diferença de que um desculpou-se com a crise
financeira e com a troika e Rui Rio irá, se ganhar as eleições, desculpar-se
com a crise energética, aumento das matérias-primas, crise económica e aumento
das taxas de juro. Com Rui Rio é tudo no domínio do se. Nada está garantido se ganhar e for da
responsabilidade dele o novo orçamento que, segundo ele será apenas para sei
meses a contar da data da eventual aprovação.
Estas são as conclusões que tirei e que me interessam para
tomar uma decisão sobre o meu sentido de voto. O que está implícito no modelo
que Rui Rio apresenta é para os cidadãos esperarem dois ou mais anos, dependendo
de que a economia melhor, depois, quanto aos impostos, logo se
verá. Mais um “Se”.
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