Depois do
primeiro impacto devido à surpresa comentadores, desenhadores de opiniões,
jornalista e especialistas em política internacional que a tudo estão atentos e
que de tudo sabem recuperaram da surpresa e, cá vai disto, lançam artigos desde
os mais curtos aos mais extensos, recorrem à história que escrevem à sua
maneira com propaganda contra a NATO, a União Europeia, o regime ucraniano que
dizem sustentado por esquadrões da morte nazis saudosos de Hitler. Seguem a
nomenclatura lexical de Putin desculpabilizando-o. Muito deles com afinidades
com as extremas-esquerdas que, dizendo-se contra o capital e o imperialismo
ocidental, apoiam o capitalismo-imperialista-autocrático de Putin e que nada
tem a ver com o povo russo. Para estes
senhores parece que, quem estiver a apoiar a Ucrânia são uma cambada de nazis.
Ser-se anticapitalista
e anti-imperialista e, ao mesmo tempo, defender outro tipo de capitalismo e de
imperialismo como o de Putin, apenas, porque ideologicamente se é contra
organizações e uniões que apenas servem para defesa de países que se sentem
ameaçados por outros imperialismos, isso é prevenção contra-ataques de outros. São
pelo regresso de uma nova e mais complicada guerra fria que ninguém quer. Defendem
a paz sem entenderem a incoerência porque, ao mesmo tempo parecem estar do lado
do que recorrem à guerra para ocupação do povo da Ucrânia personalizados pelo tirano
Putin. Esses bem podem cantar hinos à paz que ninguém os ouve porque a
alternativa que eles apoiam é a guerra. Ainda há muitos que preferem a guerra,
que nunca viveram, na expectativa de que Putin possa eliminar o eixo do mal a
que chamam NATO, EUA e a União Europeia.
Será o
capitalismo russo de esquerda? O PCP parece achar que sim, embora no seu
comunicado tente enganar o povo, assim como Putin tem feito com as suas
intervenções. Segundo se pode ler num comunicado do PCP “a Rússia é um país
capitalista, o seu posicionamento é determinado no essencial pelos interesses
das suas elites e dos detentores dos seus grupos económicos”, mas apesar
disso o PCP defende que a Rússia não é um agressor, mas uma vítima para a qual
não é aceitável que um inimigo “esteja acampado nas suas fronteiras” que faz
“um cerco militar por via de um ainda maior alargamento da NATO”. Já que o PCP
gosta tanto do passado o que dizia na altura quanto ao Pacto de Varsóvia, uma
aliança militar firmada entre os países comunistas do leste europeu ocupados (Hungria,
Roménia, Alemanha Oriental, Albânia, Bulgária, Checoslováquia e Polónia) com a
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Aliás o
PCP deve estar no mesmo registo de “Os países ocidentais que tentam implementar
sanções contra a Rússia são um "império de mentiras", disse o
presidente Vladimir Putin numa reunião dedicada à crise económica na Rússia segundo
o PRAVDA.
A perda de
alguns países chamados do Leste após a queda do regime soviético está
atravessada na garganta de Putin e de alguns partidos comunistas. Esses países
passaram a ser livres e, como tal, puderam fazer as suas opções de aderiram á
U.E e à NATO, até como defesa para sua própria sobrevivência enquanto países e
nações.
Putin com
a sua ânsia de poder absoluto que carateriza os ditadores, não terá percebido
que teria mais a ganhar negociando antes da guerra. Como ele já houve outros que
também quiseram ser donos da Europa e do Mundo, mas acabaram por finar.
Numa
entrevista ao “Politico” Fiona Hill, uma das mais claras especialistas russas, que
estudou Putin ao longo de vários anos trabalhou com administrações republicanas
e democratas afirmou que “Putin esteve nos arquivos do Kremlin durante a Covid a
olhar para mapas e tratados antigos e todas as diferentes fronteiras que a
Rússia teve ao longo dos séculos. Ele disse, repetidamente, que as fronteiras
russas e europeias mudaram muitas vezes. E nos seus discursos, ele foi verificar
vários ex-líderes russos e soviéticos, assim como Lenin e dos comunistas,
porque na sua opinião eles romperam com o império russo, perderam terras russas
na revolução, e sim, Estaline trouxe de volta alguns deles novamente para o
grupo como os Estados Bálticos e algumas das terras da Ucrânia que haviam sido
divididas durante a Segunda Guerra Mundial, mas que foram novamente perdidos com
a dissolução da URSS. A
opinião de Putin é que as fronteiras mudam, e assim as fronteiras do antigo império
russo ainda estão em jogo para Moscou dominar agora.”
A questão
que se coloca é a de saber se alguma vez se esperaria que países da NATO fossem
alguma vez atacar a Rússia? O que está em causa é o ocidente poder defender-se
do imperialismo expansionista russo, ou melhor, de Putin, porque o povo não
entra nessas aventuras.
As
intenções expansionistas de Putin estão claras. Segundo a Rus-News de 1 de março de 2022 o
presidente Vladimir Putin disse em 5 de dezembro do ano passado que “Nas
próximas décadas, a Rússia crescerá, é claro, com o Ártico e os territórios do
Norte, são coisas completamente óbvias” o que incluía a exploração mineira. O
anúncio foi feito durante uma reunião com voluntários e finalistas do concurso
“Voluntário da Rússia”. Salientou ainda que mais de 70% do território da Rússia
está localizado nas latitudes do Norte e tudo o que acontece no Norte é de
"interesse e valor especial". “Nem estou a falar o desenvolvimento da
Rota do Mar do Norte”, acrescentou. O Norte para Putin é indefinido pode ir até
ao norte da Finlândia. O desenvolvimento nessa direção, segundo o presidente, é
o futuro da Rússia em termos de extração de recursos naturais para o país. Só
não ouve e não percebe quem não quer.
Parece não
haver dúvidas de que Putin está a ser apoiado por grupos de extrema-direita
Putin não
tem aliados só à esquerda. Na Europa, há partidos que podem ter recebido
financiamento por investidores russos ligados a Putin. Marine Le Pen, líder
da Frente Nacional francesa da extrema-direita francesa foi recebida pelo
Presidente russo Vladimir Putin, encorajando a sua candidatura às
presidenciais para a primeira volta a 23 de Abril de 2017. É acusada de ter
recebido fundos de um banco russo para financiar a sua campanha eleitoral.
Matteo
Salvini, líder da Lega, partido italiano de extrema-direita, é também apoiante
de Putin, surgindo numa ocasião com uma t-shirt vestida que ilustrava a cara do
Presidente russo. O mais recente é o do aliado nos tempos é Jair Bolsonaro,
presidente do Brasil, que se reuniu com Putin no mês passado, em Moscovo, e que
não condenou, tanto quanto se saiba, as ações do presidente russo face à
Ucrânia.
Todavia, Europa
alguns partidos da mesma extrema-direita ficaram numa situação desconfortável pelo
ataque de Vladimir Putin à Ucrânia. A líder do RN - Rassemblement National, antiga
FN - Front National (Frente Nacional), e Matteo Salvini, da Liga de direita da
Itália, que passaram anos a divulgar a sua afinidade com o presidente russo,
aceitando empréstimos russos à medida que a Rússia reunia tropas ao redor das
fronteiras da Ucrânia, alguns desses amigos de Putin minimizaram a ameaça ou
acusaram o Ocidente de aumentar as tensões. Ainda outros como o Presidente da
República Checa, o primeiro-ministro da Hungria, quando Putin declarou guerra à
Ucrânia e mísseis balísticos caíram sobre alvos ucranianos, essa atitude
tornou-se mais difícil o que levou muitos a recuar a sua simpatia e apressaram-se
com declarações a condenar o ataque.
As dúvidas
se é que as havia no apoio e simpatias das extremas direitas por Putin e pela
invasão da Ucrânia foi dissipada. “A imagem de "homem forte" do
presidente russo e o desdém pelos liberais transformaram-no num herói para os
nacionalistas brancos”, escreve Sergio
Olmos no The Guardian em 5 de março de 2022.
Num evento
nacionalista realizado na semana passada na Florida, EUA, um organizador e líder
supremacista branco pediu “uma
salva de palmas para a Rússia", no meio de um rugido de aplausos para
o presidente russo, poucos dias depois de este invadir a Ucrânia e muitos
participantes responderam gritando: "Putin! Putin!".
A WABE uma
estação de televisão pública de Atlanta na Georgia no dia 1 de março de 2022 pode
ler-se que líderes republicanos no Congresso estão divididos sobre o que fazer
com a deputada Marjorie Taylor Greene depois desta congressista ter discursado
num evento de fim de semana organizado por um nacionalista branco em que se
dizia maravilhada com a invasão da Rússia à Ucrânia enquanto a multidão eclodiu
em cânticos de "Putin!”
A guerra
na Ucrânia expôs a afinidade da extrema-direita americana com Putin. Como também
já escrevi
no anterior blogue, aquela afinidade é complicada e mostra a dificuldade
que os líderes republicanos têm para combater a tendência do partido em direção
ao autoritarismo ao estilo de Trump em abraçar o extremismo de direita.
A
esperança do ocidente, Europa e EUA, de que após a queda do regime soviético e
do muro de Berlim tudo iria ser um mar de rosas foi um erro tremendo. A
desmilitarização do ocidente leia-se U.E. foi um erro de cálculo e de
estratégia de que Putin, após ter tomado o poder, veio a aproveitar-se. O
autoritarismo e as ambições imperialistas de Putin surgidas após a queda do
regime soviético podem agravar-se.
Putin com
o êxito da tomada da Ucrânia que irá ser seguido pela substituição de um
governo fantoche a soldo de Moscovo, não irá parar. Países que saíram do
domínio soviético e que aderiram á U.E. estarão na mira de um autocrata com a
paranoia do poder e da riqueza.
O
ceticismo deve ser nestas alturas a atitude mais sensata. O comentário político
nos órgãos de comunicação, podem não ser absolutamente credíveis porque há
muitos comentadores políticos e personagens muito conhecidas que publicam na
Internet informações que não são propriamente mentiras, mas imprecisas, e cabe
a quem as lê abordar cada mensagem com cuidado.
Recorre à
evocação da história e a outros contextos para justificar a ação de Putin de
hoje de invadir a Ucrânia, ou apara atacar os imperialistas do ocidente, os
EUA, a NATO e a U.E. Num desvario sectário alegam com o belicismo do ocidente
justificações para de agressões e da guerra desde tudo seja contra o ocidente.
Recorrem a outros conflitos descontextualizados para o justificarem. Nãoo
compreendo estes pontos de vista.
Na
verdade, o Partido Comunista Português (PCP) à semelhança de Putin ainda não conseguiu
ultrapassar, e acho que jamais ultrapassará, o trauma do fim da União Soviética
e vai morrer com esse pesar. Por outro lado, já alguém do PCP, há muito tempo, classificou
a Coreia do Norte como uma democracia. Também sabemos que Hitler e Estaline
fizeram um pacto por via do qual invadiram e dividiram entre eles países como a
Polónia. Mas os tempos passaram, a História condenou essas atitudes e hoje as
atitudes das nações e dos povos são outras, mas neste outro contexto surgiu,
qual reencarnação, um novo apocalíptico que pretende restaurar os velhos tempos
da guerra. Apesar disso, alguns como o PCP, nada mudaram e, mesmo às portas da
morte, dá-nos este espetáculo.
Sem comentários:
Enviar um comentário