Depois do dia 24 de fevereiro de
2022 um frémito de indignação percorreu o país de norte a sul que se consubstanciou
nas redes sociais e na comunicação social numa espécie de libertação dum sono
ou na indiferença.
Cabeças que se prezavam de ser friamente
raciocinadoras também despertaram da letargia. Para grande surpresa minha fiquei
a saber que essas cabeças pensantes, algumas deles dizendo ter lido uma “porrada”
de livros, não sabemos escritos por quem, tinham uma reserva de força capaz de
querer impor, sem resistências, pensavam, um pensamento político único sobre as
circunstâncias que naquela data ocorreram e manifestam contra a maioria que achou,
e acha, ser vil a invasão da Ucrânia, sem aviso, pelo senhor Vladimir Putin. Uma
ilusão agradável para alguns uma desilusão para outros.
Poucos dias bastaram para
evidenciar que não haveria uma força donde pudesse vir um movimento indubitável
e unívoco anti invasão. A invasão do dia 24 de um país que alguns nem sequer
saberiam onde ficava não foi abalo suficiente para libertar mentes empedernidas
pelo ódio que fez saltar o fogo das suas entranhas contra todos quantos
alinhavam em favor de quem se opôs à invasão e à decisão de Putin e lhe fazia
frente e alinhavam com o chamado ocidente, EUA, NATO, e E.U.
Estendiam um véu translucidamente
púdico sobre o agressor, notório nas discretas, para lhes disfarçar discretamente
com falsas e injustificáveis conveniências políticas e ideológicas os perigos humanitários
que estavam a acontecer patenteados pela agressão. Lançaram-se e lançam-se à
defesa e ao disfarce de um mal manifestamente certo. Defender ou justificar a
realidade de uma agressão à soberania de um país com alusões a males praticados
no passado por outros é um “crime” de lesa racionalidade e de facciosismo
ideológico. Refugiam-se em afirmações como a liberdade de expressão de
pensamento única racionalidade que os assiste. São uma espécie de ideólogos
isolados vaidosos do seu isolamento e da sua independência e isenção(?) em
relação aos que designam por rebanho.
Acham-se com a superioridade
intelectual que as suas ideias lhe dão, ou lhes parecem dar, mas pouco
respeitadores, parece, do regime onde vivem optando pela defesa do totalitarismo
em confrontação com países democráticos. Há uma obsessão alucinante para com o
objetivo dos EUA, dizendo que após o fim da URSS querem dominar a Eurásia,
alargar a NATO e a União Europeia, “neutralizar” a Rússia, etc., e outros disparates.
Os discursos de Vladimir Putin não se afastam muito disto. Omitem que os
antigos países de leste após a queda da URSS aderiram voluntariamente à NATO e
à U.E., ninguém os invadiu para lhes impor fosse o que fosse.
Este “clube”, espécie de
associação dos amigos de Putin que existia pelo território da ideologia antidemocracia
parece ter-se fortalecido após a invasão da Ucrânia. A ele aderiram alguns
intelectuais das letras e das ciências famosos pelas suas ideias democrática parecem
agora ser famosos pelas suas ideias próximas de um autoritarismo terrorista. A
sumula dos seus escritos, embora sem o referirem explicitamente, parecem estar
do lado da tirania e não da liberdade.
De resto a atividade narrativa desse
clube, para além de núcleo de propaganda, trata mais de estimular o ódio ao ocidente
e de ajudar a fortalecer a legitimação de poderes autocratas invasores de países
soberanos, que nem os ideais liberais e neoliberais aceitam, do que apelar à
fraternidade humana. Espécie de “clube” de ideólogos isolados e vaidosos do seu
isolamento, sobretudo vaidosos do que eles chamam da sua independência e “isenção”
que as suas ideias lhes parecem dar. O sentido do “clube” é, ainda, tentar mostrar
que os objetivos do Presidente russo, Vladimir Putin na Ucrânia são “nobres” e
que a invasão lançada sobre o país vizinho era “inevitável”.
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