Política

Casos ao acaso


  1. O grande líder


Entre 2014 e 2017 o número total de professores no ensino público passou de 120.784 para 125.493, atualmente serão mais. Os votos destas centenas de milhar de professores são apetecíveis para os partidos, nomeadamente os que explicita ou implicitamente apoiam as greves e exigem aumento de regalias e de salários sob o pretexto de contagens de tempo de serviço e de carreiras cujo corte não foi da responsabilidade deste governo.


A Fenprof, correia de transmissão do PCP para os professores, através do grande educador do professorado, Mário Nogueira, tenta ser o motor do descontentamento na perspetiva da obtenção de dividendo eleitorais. A direita, por sua vez, lá vai tomando uma posição ambígua sabendo de antemão que as reivindicações prejudicariam as finanças públicas e, consequentemente, todos nós.




  1. Enfermeiros e Garcia Pereira


Parece ter surgidos uma espécie de santa aliança entre Garcia Pereira, alguns sindicatos de enfermeiros e a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rica Cavaco do PSD. Garcia Pereira advogado do Sindepor, não afeto à CGTP, vestiu-se de branco e participou no desfile da marcha dos enfermeiros. O advogado Garcia Pereira, agora no papel de advogado especialista em lei do trabalho e sócio da firma Garcia Pereira e Associados-Sociedade de Advogados voltou aos seus velhos tempos de revolucionário, de protestos e ao tempo da metáfora  “Morte aos Traidores”. Voltou à sua linguagem inflamada dos velhos tempos de quando era líder do PCTP/MRPP. Após o 25 de abril foi o partido da extrema-esquerda mais “amigo” da direita por, na altura, atacar a esquerda. Entretanto nada mudou, a sua coerência mantém-se, como no passado, faz o jogo da direita, agora apresentando-se como defensor dos enfermeiros aliado à bastonária que faz oposição ao governo e propaganda partidária pelo PSD, manipulando-os através da ordem.


O regresso de Garcia Pereira à ribalta da comunicação social surge no momento do governo de Costa apoiado pelo arqui-inimigo do MRPP, o PCP, e pelo BE. Durante o governo da direita raramente o ouvimos falar ou a comunicação não lhe terá dado muita voz.


Será que a bastonária da ordem dos enfermeiros irá deixar o PSD e vai passar a militar num MRPP renovado (sarcasmos!)?


Para terminar, a autodenominada marcha dos enfermeiros paga pela ordem está ou não vista como oposição ao governo? Aqui está a prova! Mais dinheiro a tentar que Portugal volte ao antigamente. Isto ajuda a direita ou não?




  1. O Ferraz


Ferraz da Costa o antigo Presidente da CIP – Confederação Industrial de 1981 a 2001 é, atualmente, Presidente do Fórum para a Competitividade, fórum independente focado na melhoria da competitividade externa da economia portuguesa deu uma entrevista ao “jornal i” fez várias afirmações que não espanta quem já o ouviu pronunciar-se várias vezes.


Homem demasiado conservador em tempos um duvidoso democrata que roçou a direita mais radical e sempre foi defensor da exploração da mão de obra. Na entrevista que deu, e agora chamem-me o que quiserem, estou em acordo com ele em alguns, embora poucos, pontos de vista que se relacionam com a ausência de uma regulamentação da lei da greve para que não sejam propícias a serem manipuladas por questões políticas e não só por questões laborais e surjam fenómenos novos como o do crowdfunding. A greve dos enfermeiros e também a dos professores podem ser claramente greves manipuladas com finalidades políticas.


Ferraz da Costa disse ainda que os professores em Portugal "são dos mais bem pagos ou os segundos mais bem pagos em paridade de poder de compra da União Europeia" o Correio da Manhã acrescenta que a declaração é desmentida pelo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) Education at a Glance 2018. Consultei o relatório e verifiquei que Portugal se encontra ao nível de países ricos como a Suécia e a Noruega e próximo do Reino Unido (pág. 369 e seguintes).


Ferraz da Costa acrescenta que: "Não estou a dizer que os salários devem ser altos ou baixos. Acho que para muitas pessoas até são mais altos do que deviam, pois não deviam ser tão altos para os que apresentam maior absentismo ou para os que não se importam com o que se passa ou para os que ficaram em casa.".


Não concorda com o funcionamento da função pública e critica as semanas de 35 horas acusa dizendo que "Toda a gente critica essa medida e não é só as 35 horas semanais. Os funcionários públicos também têm direito a ter reforma mais cedo, trabalham menos anos, menos horas, têm mais feriados e contam com sistemas de avaliação mais ligeiros". "E porquê se trabalham menos horas? É só por questões eleitorais".




  1. O pequenino CDS


O pequenino CDS tem ambições de ser o partido em que Cristas diz estra preparada para governar Portugal. Anda tão ativo na procura aqui e ali de casinhos através dos seus legalmente infiltrados nas autarquias e, para parecer maior, lança agora a grande ideia de querer fazer de Lisboa a Cidade do Mar.


Segundo o jornal Público “a ideia já constava no programa com que Assunção Cristas se candidatou à câmara de Lisboa: "criar uma 'Cidade do Mar', juntando conhecimento e empresas no mesmo espaço de forma a potenciar o desenvolvimento do cluster da Economia Azul". O que está por detrás disto leva a desconfiar que haverá à volta da proposta interesses outros porque, ainda segundo o Público, “a proposta dos centristas pretende requalificar a zona envolvente à Doca de Pedrouços para ali criar um polo empresarial, científico e tecnológico ligado ao mar, que permita a instalação de empresas, organizações e associações, nacionais e internacionais.”.


Quando estava no Governo a apoiar o PSD as ideias eram escassas e apenas num sentido: cortar e prejudicar o cidadão indefeso tal como a chamada lei Cristas, e, ligado ao mar, recordo-me apenas do caso de corrupção dos submarinos em que Paulo Portas terá estado envolvido e que, como de costume, não deu em nada, apenas arquivo, ao contrário do que aconteceu na Alemanha.




  1. Partido Chega


Os partidos de direita todos eles dizem ser de centro direita. Até o partido do líder xenófobo e racista o diz. Chega, chega, mas é para lá…


O Chega, de André Ventura vai coligar-se com o Democracia 21 para as eleições europeias. As declarações públicas de André Ventura contrastam com a declaração de princípios do seu partido.


O que ele escreve


Rejeição clara e assertiva de todas as formas de racismo, xenofobia e de qualquer forma de discriminação contrária aos valores fundamentais constantes da Declaração Universal dos Direitos do Homem


O que ele diz


Quando digo que somos tolerantes com algumas minorias, refiro-me a certos casos em que manifestamente a lei não é cumprida. A verdadeira discriminação é permitir que alguns não cumpram a lei, em detrimento daqueles que vivem com as regras do Estado de Direito.


O que defendo na verdade é que a designação de casamento fique reservada à questão homem-mulher. O que defendo é que as pessoas do mesmo sexo possam ter uma união civil com os mesmos direitos.


A imigração oriunda de certas partes do globo tem de ser mais controlada – há um risco maior de pessoas que vêm da Síria ou do Iraque do que de pessoas que vêm da Venezuela ou da Bolívia. Pode ler mais aqui.


O partido Chega entregou assinaturas irregulares e de menores no Tribunal Constitucional.


O nome do partido faz-me recordar uma canção cantada por Beatriz Costa no filme português a Canção de Lisboa da qual aqui faço uma adaptação.



Ai chega, chega, chega

Chega, chega já me chega

Afasta, afasta, afasta

Afasta o teu partido,

Ó tu, não sejas trafulha

Ó lindo vai, mas é para o teu quintal!

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