Quando leio afirmações de chefes de partidos populistas da
extrema direita a dizer que pretendem mudar o sistema e, para isso,
servirem-see da democracia e das suas instituições, que dizem estar
contaminados e corruptas para os seus objetivos, lembro-me de Donald Trump que
durante a campanha presidencial em 2016 que falou do pântano da Casa Branca,
não consigo evitar um sorriso de gozo e, ao mesmo tempo, de inquietação ao
saber o que se passou posteriormente quando chegou à Casa Branca, chegou-se à
oposição entre a decência e a falta de escrúpulo. Também não é por acaso que
partidos da direita xenófoba europeia vêm na vitória de Trump um bom augúrio.
Disse Trump na altura da campanha presidencial de 2016 que
iria “Secar” ou “drenar o pântano”. O sentido era acabar em Washington com os lóbis,
com a troca de favores e misturas de interesses públicos e privados em Washington,
dizia querer limpar o sistema.
No dia 10 de outubro do corrente ano o conceituado diário
Newyork Times, jornal preferido pelos liberais, num jornalismo de investigação colocava
em título “O pântano que Trump construiu” e em subtítulo “Um
presidente-empresário transplantou a busca de favores em Washington para os
hotéis e resorts de sua família - e ganhou milhões como guardião de sua própria
administração”. O facto era sustentado pela investigação do jornal referindo-se
aos antecedentes do império de Trump esclarecia que, quando ainda não era
presidente, o império empresarial de Trump era bem mais frágil do que parecia:
hotéis, resorts e outras propriedades a passar severas dificuldades
financeiras, em muitos casos com perdas acumuladas de várias décadas.
Com a chegada à Casa Branca do presidente Trump foi ótima
para a sobrevivência do empresário Trump. Depois das eleições, os negócios
familiares passaram a ter uma fonte de receita até então inexistente: o
dinheiro de todos aqueles que queriam algo do líder do mundo livre.
Segundo o Newyork Times assim que Trump chegou à Casa
Branca, a empresa da sua família descobriu um novo e lucrativo fluxo de
receita: eram pessoas que queriam algo do presidente. Uma investigação do The
Times encontrou mais de 200 empresas, grupos de interesses especiais e governos
estrangeiros que patrocinavam as propriedades de Trump enquanto colhiam
benefícios dele e da sua administração.
Não se consegue perceber o que está a acontecer quando vemos
um Presidente da maior potência do mundo decide de forma errática e oportunística.
Donald Trump “já
antes tinha atacado as instituições americanas, mas nunca tão abertamente Trump
atacou as instituições da democracia, mas nunca tão abertamente como fez
durante a noite, diz o Washington Post.
Sua falsa alegação de vitória, grito de “fraude” e ameaça de
ação legal atingem o coração das eleições livres.
Será isto que o povo americano irá querer para seu
Presidente?
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