Estamos todos a falar demais do partido Chega o que agrada especialmente
a André Ventura que aprecia que falem do partido e, sobretudo deles e das suas
ambivalências no âmbito das suas entremeadas políticas e ideológicas que o
caracterizam. Para ele o que é hoje pode não o ser amanhã e muito menos depois.
O que me baralha sobre a ideia que tenho do Chega é o que se
passou após as eleições na Região Autónoma dos Açores. O apoio
do Chega ao governo dos Açores é para durar toda a legislatura e nele estão
contidas aprovações tais como moções de confiança, moções de censura e
orçamentos regionais que foram negociados entre a coligação PSD/CDS/PPM e o
Chega. A estes juntou-se também o Iniciativa Liberal que também divulgou as
medidas acordadas com o PSD.
Segundo o Jornal
de Notícias “O presidente do PSD disse que o acordo entre os
sociais-democratas e o Chega nos Açores só foi possível porque o partido de
André Ventura se "moderou". E que Rui Rio não descartou acordos à
escala nacional com o partido de André Ventura, mas apenas se este se comportar
como no arquipélago.
Para tal, e segundo o jornal Público, foram quatro as
exigências do Chega. “Redução do número de deputados regionais; criar um
gabinete regional de luta contra a corrupção; reduzir a elevadíssima
subsidiodependência na região; e promover o aprofundamento da autonomia
política no quadro do Estado Político-administrativo dos Açores e da
Constituição da República”.
Quanto à redução da elevadíssima subsidiodependência na
região um artigo de Francisco Louçã, (com quem várias vezes discordo das suas
opiniões), argumenta no semanário Expresso desta semana que: “Para proteger
essa escolha, Rio veio explicar que ocorreu o ansiado milagre da moderação de
Ventura. E que concorda com o objetivo de reduzir o apoio aos pobres por via do
RSI (para metade, diz o Chega). Porquê metade ou como se vai garantir esse
corte? Mistério. Se se perguntar se há um estudo que diga que essas pessoas
recebem o que não deviam, ou se o PSD tem ideia de como criar dez mil empregos
açorianos num ano, a resposta é o silêncio”.
E acrescenta: “Em 2019 havia nos Açores uma taxa de
desemprego superior à média do país (7,9% para 6,5%). É natural: com duas
exceções, são ilhas pequenas, com poucos recursos produtivos, com escasso
emprego na agricultura e em serviços, em que a solução tem sido a emigração.
Assim, a privação material severa, a pobreza extrema, atingia 13,1% da
população, quando a média nacional era de 5,6%. Das 32 mil pessoas pobres,
somente dois terços recebiam o RSI, cerca de 21 mil. Parece que o objetivo do
governo das direitas e extrema-direita é retirar esse pequeno apoio (a média do
RSI é de 120 euros) a dez mil pessoas. Porquê? Porque não se justifica a
prestação, porque essas pessoas têm alternativas, porque são ciganos? A
explicação é que convinha anunciar esta crueldade contra os pobres. Para quem
alcança o poder prometendo criar miséria, é sempre fácil assinar a sentença.
Como explicou Justino, é tudo uma questão de encher o peito, na linha de
Tocqueville, e recusar “os extremismos de nicho”.
O jornal Expresso escrevia em 12 de novembro que os líderes
dos dois partidos estiveram envolvidos nas negociações desde que o PS perdeu a
maioria absoluta no arquipélago e surgiu a hipótese de se formar um governo
regional de direita chefiado por José Manuel Bolieiro.
bate um ponto que me baralha, Ventura que se autointitula um
lutador contra a corrupção e para quem é tudo “uma vergonha, uma vergonha…” alia-se
ao PSD Açores com o beneplácito do líder nacional do PSD, Rui Rio.
Apesar de Bolieiro, Presidente do governo regional, segundo
notícias vindas a público “está a ser investigado pelo Ministério Público (MP)
pelo crime de insolvência culposa quando presidia à autarquia de Ponta Delgada.
Em causa está a alienação da empresa municipal Azores Parque (AP), que se
encontrava falida, com mais de 11 milhões de euros de passivo e que a autarquia
se preparava para extinguir e integrar. Em março de 2019, num volte-face
inesperado e após um curto concurso público, a sociedade, com 500 mil metros
quadrados de terrenos de património, passou para as mãos de uma entidade
privada desconhecida e sem contas registadas por 500 euros” e por isso está a
ser investigado por insolvência culposa.
André Ventura também nunca falou em corrupção no futebol,
pelo que parece ser seletivo no que se refere à corrupção.
Mas desenterremos o que já se disse sobre o que à corrupção se
refere a Ventura.
Ventura em 2019 foi questionado sobre
casos como o de “um
porta-voz do Chega que recebeu a subvenção vitalícia” dada aos ex-políticos, um
“candidato às europeias que é arguido” num processo de fraude, e sobre
“quando a PJ lhe bateu à porta para o questionar sobre o caso de corrupção tutti
frutti e a contratação de um assessor fantasma”
A revista Sábado no passado mês de outubro Carlos Lima chamava
Ventura cavaleiro
andante da moralidade pública, “homem íntegro e com uma folha, melhor,
quatro folhas de serviço limpo, André Ventura já foi tão corrupto como aqueles
que – ainda que sempre em generalizações – ataca. O passado do líder do Chega
como inspetor tributário deixa muito a desejar, sobretudo no papel que
desempenhou na Autoridade Tributária para ilibar a empresa Intelligent Life
Solutions (ILS), do senhor Paulo Lalanda de Castro, de pagar mais de 1 milhão
de euros em IVA. A história está toda nos autos do processo Vistos Gold”.
Sem comentários:
Enviar um comentário