Também pode ler este artigo em https://apropositodetudo.blogs.sapo.pt/navegando-a-bolina-na-politica-a-269262
Navegar à bolina é navegar ora numa ora noutra direção,
obliquamente em relação à linha do vento, de forma que o deslocamento
resultante coincida com o rumo pretendido. Faz parte da arte de velejar. Por
que caminho é que seguimos? Será que sabemos para onde vamos? O vento está de
feição? Para se chegar a bom porto é preciso saber para onde os ventos nos
levam.
Os partidos, organizam-se, reorganizam-se, reconstroem-se,
mudam-se, contradizem-se, puxam pela criatividade, imaginam o inimaginável, quando
sentem os ventos eleitorais a aproximarem-se. Esperam e aproveitam oportunidades
para navegar à bolina, numa
e noutra direção, de forma que o resultado coincida com o rumo/objetivo
pretendido: a obtenção de mais votos. A corrida para a conquista de
presidências e de maiorias para as câmaras já começou e a direita está na linha
de frente das nomeações.
Com
a preparação das candidaturas e das campanhas para as eleições autárquicas, especialmente
na direita PSD, vemos que o candidato deste partido está a orientar as suas escolhas
para a sua campanha em figuras que emergiram nas televisões durante a pandemia com
análises sobre a evolução pandémica covid-19 e as medidas a tomar.
Vejam-se o caso do PSD com Carlos Moedas, cabeça de lista da
coligação PSD/CDS-PP à Câmara de Lisboa, que escolheu para seu diretor de
campanha o médico de Saúde Pública e epidemiologista Ricardo Mexia que tem tido
visibilidade nos ecrãs de televisão como comentador durante a pandemia. Ricardo
Mexia é desde 2016 Presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde
Pública e integra o Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de
Saúde Doutor Ricardo Jorge.
Apesar de Carlos Moedas parecer uma boa escolha para o PSD fica
perante uma tentativa de uma coligação forçada que é de necessidade de facto não
foi uma boa aposta visto que o candidato do PSD/CDS Carlos Moedas tem a marca do
contributo que deixou no Governo de Passos Coelho de coligação PSD/CDS onde a
lei das rendas foi e a privatização da Carris deixou marcas nas populações.
O candidato do PSD promete apresentar “um
plano que prepare Lisboa para futuras pandemias e avança que o documento
será elaborado pelo virologista Pedro Simas”, outro elemento que surgiu nos
ecrãs duramente a pandemia. Veja-se como a candidatura de moedas parece ficar
adulterada aos ser uma candidatura que se baseia na pandemia. Parece que a ciência
está a começar a ser infetada pelo partidarismo e pela ideologia.
A isto Moedas ainda acrescenta o futebol: “Podemos ter uma
cidade na liga de campeões da Europa”. Prevê-se que pandemia covid-19 e futebol
serão apenas os dois grandes trunfos de Carlos Moedas.
No que se refere à extrema-direita o Chega foi procurar no
catálogo de cromos dos tempos idos de apresentadores de programas de
entretenimento e humor me canais de televisão Nuno Graciano que enveredou, há
cerca de cinco anos, pela vida de empresário, com uma marca de queijo regional.
Em março de 2021 Graciano disse: “Fui presidente da
associação de estudantes do meu liceu, fui presidente da associação académica
da Universidade. Portanto, sempre estive ligado à política.” Segundo Fact
Check do jornal online Observador a
frase é errada. E mais, afirmou esta terça-feira que "é cedo"
para falar sobre o projeto político para o concelho, mas defendeu que a cidade
tem "vários problemas muito graves" e precisa de um
"abanão". Mas então, é cedo fazer um projeto, mas é rápido para ver
problemas muito graves para a cidade? Que espécie de charlatão está aqui representado?
A esquerda e a direita preocupam-se a procurar fragilidades
nas embarcações dos adversários para se abalroarem. É uma competição onde vale
tudo. Uma espécie de wrestling de veleiros. A esquerda procura a descobrir
fragilidades nos candidatos da direita. Não terá sido por coincidência que Carlos
Moedas, antigo secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro do governo de
Passos Coelho, vai ser ouvido a pedido do PS na comissão de inquérito do Novo
Banco na terça-feira. Na
segunda-feira, o debate do requerimento do PS para ouvir o antigo secretário de
Estado do governo PSD/CDS-PP e agora candidato à Câmara de Lisboa foi marcado
pela troca de argumentos e acusações, sobretudo entre sociais-democratas e
socialistas. A audição de Carlos Moedas -- marcada para terça-feira,
às 9.30 horas - é uma das três audições desta comissão de inquérito. Surge em
cobertura de Carlos Moedas a ministra das finanças e Passo Coelho, Maria Luís
Albuquerque a fazer de escudo a Moedas no inquérito ao Novo Banco.
Não
importa a forma como se consiga. Com estas velas navegam também no permeio das declarações,
decisões, contradições que apanham aqui e ali os senhores das opiniões publicadas
e os comentadores das políticas do tipo pítia com guiões de novelas do tipo
mexicano, mais ou menos enredadas, que se vão enrolando ou desenrolando consoante
o final de gostariam que acontecesse. Lá vão aproveitando o rumo dos ventos com
determinação. Uns, para alcançarem o poder, outros para ajudarem aqueles outros
a alcançá-lo.
Sem comentários:
Enviar um comentário