Hoje partilho um texto escrito por Carlos Esperança que me
parece adequado ao momento do rescaldo eleitoral interno do PSD.
PSD – a disputa de
Rangel a Rui Rio
(Carlos
Esperança, 27/11/2021 in Estátua de Sal)
A moderação de Rio foi a única vantagem que exibiu sobre o
seu acarinhado adversário. Com a derrota, Rangel volta para Bruxelas a acabar o
mandato, a difamar o Governo e a defender as posições mais à direita, mas
arrastou consigo a plêiade de figuras públicas e figurões que não toleram a Rui
Rio a sua autonomia. Até a lei da eutanásia voltará a ser aprovada, depois de o
PR ter pretextado outra reavaliação pela próxima legislatura.
Amanhã nenhum jornal dirá que o PR foi o grande perdedor e
que será obrigado a tecer a Rui Rio as loas de que precisa para proteger o
partido ao serviço do qual interfere nos outros órgãos de soberania.
Para o PS foi um resultado prejudicial, sobretudo agora,
quando na próxima legislatura seria uma utopia contar com os partidos que lhe
chumbaram o OE-2022 na presunção de que fariam agora o que recusaram antes, e a
vitória sobre Rui Rio, a existir, será sempre mais moderada do que sobre
Rangel. Relevante é evitar que se quebrem as hipóteses de reproduzir o apoio
maioritário de esquerda a futuros governos de outras legislaturas.
Hoje vai ser uma noite de insónia para Miguel Relvas,
Marco António, Passos Coelho, Luís Filipe Meneses, Carlos Moedas e Marcelo
Rebelo de Sousa. O obscuro e poderoso líder da distrital de Lisboa é outro
derrotado, o tal que considerava Rui Rio de esquerda, ao contrário de Carlos
Moedas, o que esqueceu quem o propôs para apanhar o comboio dos notáveis ao
lado do eterno perdedor, Paulo Rangel. A tralha cavaquista foi esmagada.
Vai ser bonito ver os líderes distritais que apostavam em
Rangel e no apoio presidencial a justificarem-se aos eleitores que os
desautorizaram e a quem tinham recomendado o candidato perdedor.
Até o antigo sátrapa da Madeira, que apoiou Rui Rio contra
Rangel, se vingou de novo do PR, com quem recusou encontrar-se na Madeira.
Apoiou o candidato de quem o PR não pode dispor.
Tem razão para comemorar com mais umas ponchas.
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