Política

O tempo da justiça beneficia o infrator


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Para além do mais o processo João Rendeiro traz-nos a propósito a criminalidade que fez escola nos últimos anos e a benignidade da forma como a justiça portuguesa muitas das vezes trata os crimes perpetrados por poderosos da alta especulação por atividades financeiras especulativas e ilícitas. A corrupção passiva e ativa de políticos, banqueiros e seus satélites deixa-nos a perceção de impunidade desses senhores arrogantes que nos fazem de parvos.

Os senhores da alta finança sabem e acreditam ou, se preferirem, acreditavam, que o seu estatuto e os meios de que dispõem os tornam intocáveis perante um poder político e uma justiça que se vai arrastando passinho a passinho.

Quando apanhados não ficam sem chão, com o dinheiro ganho em negociatas, recebimentos de luvas ou subtraído a outrem, recorrem aos melhores, mais caros e mais conhecidos escritórios de advogados especialistas na área que os vão “safando” e protelando o final da chatice, por vezes até às prescrições dos processos. Acreditar na justiça e deixar a justiça fazer o seu trabalho sim, mas há limites! Veja-se por exemplo o caso do julgamento de Duarte Lima, antigo deputado do PSD, acusado pelo homicídio de Rosalina Ribeiro, ocorrido no Brasil em 2009, vai iniciar-se só em 9 de março de 2022 no Juízo Central Criminal de Sintra, 12 anos depois.

E não deverá ficar por aqui, surgirão “pauzinhos na engrenagem” para continuar a empatar. Nada disto passa em branco numa sociedade que contempla tudo isto. Dizem-nos que há o tempo da política e o tempo da justiça. A sério?!

Ainda a propósito de João Rendeiro tem-se falado e escrito muito na última semana, mas e outros casos que não fugindo andam por aí, aguardando ou adiando julgamentos e possíveis condenações o passa para a opinião pública a ideia da demasiada complacência para com esses senhores.  Deram-lhe tempo para tudo inclusivamente para fugir.

Conforme tem sido divulgado pelos órgãos de comunicação social Rendeiro teve tempo para vender bens imobiliários, obras de arte, engendrou moradas falsas na Polónia e até teve tempo de sobra para preparar a fuga com tal desplanto que parece um filme de uma série policial em que, no final o criminoso consegue escapar-se indo passar os seus dias numa praia de um qualquer paraíso. Não terá sido apenas João Rendeiro que sozinho arquitetou todo plano, decerto que teve como conselheiros advogados estrategos nestas andanças.

Os populismos da extrema-direita sabem bem aproveitar tudo isto lançando desconfianças acerca da justiça em Portugal devido à disparidade de acesso e de tratamento entre arguidos com mais ou menos posses. 

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