Pelo que se escreve na imprensa, nas redes sociais e se diz nas televisões podemos ter uma visão aproximada do que se pensa ao decorrer desta campanha eleitoral. Assim, sintetizei algumas opiniões e comentários que circulam e que compus de forma coerente utilizando critérios de aproximação ou de afastamento de acordo com as minhas. Os pontos que se seguem não são uma transcrição de citações, são as minhas opiniões expressas em coerência com os meus pontos de vista, suscetíveis, como é óbvio, de críticas.
1. Todos termos visto nos diferentes órgãos de a comunicação social reivindicações de organismos privados e públicos que passam pelos agricultores, comércio, indústria, saúde, justiça, etc. Acredito que estas reivindicações por mais aumentos, mais meios, mais pessoal e mais subsídios sejam justas e necessárias. Todavia, se pensarmos que ao satisfazer-se a justeza das exigências apontadas logo concluiríamos que se iria cair num descalabro financeiro do Estado com altos défices nas contas públicas e elevadas dívidas externas, conduzindo a situações idênticas ou piores às que nos trouxeram a troika. Face a isto, começo a pensar se não estarão todos desejosos que tal aconteça para justificarem uma subida ao poder da direita neoliberal que logo recorrerá, mais uma vez, a severas medidas de austeridade e outras idênticas para equilibrarem as finanças e agarrarem a oportunidade para culparem o partido do governo o causador desse descalabro.
2.
Começo pelo que tem sido mais comentado e
criticado, a maioria estável pedida pelo Partido Socialista. Entenda-se por
maioria estável uma maioria absoluta e, como consequência, António Costa ser
primeiro-ministro. Com António Costa numa maioria absoluta é possível conviver
sem receios. O mesmo já não se poderá dizer duma maioria de direita PSD e,
ainda menos, se coligado com outros partidos como por exemplo o partido da
extrema-direita Chega cuja hipótese não foi convictamente afastada por Rui Rio.
Lembremo-nos dos Açores.
3.
Acordos parlamentares de esquerda do PS com o BE
e PCP em princípio e no meu ponto de vista são soluções a afastar devido à
perda de confiança consequente da irresponsabilidade pelo chumbo do Orçamento
de Estado para 2022 alinhados com a direita. Assim, só uma maioria absoluta do
PS poderá evitar pressões parlamentares que aqueles partidos farão para
condicionar a governação, causando instabilidade.
4.
Há por aí quem pergunte se Rui Rio fizesse tudo
o que está a prometer não poderá conduzir o país a uma nova crise. A resposta é
afirmativa. Como ele próprio esclareceu em vários debates tudo o que promete é
condicional justificado com uma possível aproximação de uma crise que se
vislumbram, pelo que reconhece a possibilidade de adiamento das promessas que
será inevitável, desconhecendo-se durante quanto tempo. Ora, como se avizinha
uma crise económica e social devido a contextos exteriores o pretexto para o
não cumprimento das promessas tem as portas entreabertas.
5.
Outra pergunta interessante que se coloca é a de
saber quem é o grande inimigo do BE e do PCP que é preciso abater? É a direita?
A resposta é imediata – Não, é o PS. Interessante a resposta até porque podemos
fazer uma outra pergunta: Quem é que o BE e o PCP estão a ajudar nesta campanha
eleitoral? A resposta é inequívoca: são a extrema-direita e a direita PSD,
claro! A extrema-direita e o PSD agradecem a ajuda do BE e do PCP. Isto já foi
visto no passado quando BE e PCP provocaram a queda do governo PS dando lugar à
maioria de direita.
6.
A coordenadora do Bloco de Esquerda é uma atriz
extraordinária acusou André Ventura do Chega. Ao que lhe diz respeito ele
saberá porquê. No meu entender, e se bem me lembro, Catarina Martins passou da
extrema-esquerda antissistema, revolucionária e contestatária a mostrar-se agora
com uma faceta de política sedutora e calma que se quer afirmar como cooperante.
Pelo meio vai acusando outros (leia-se PS) de que se não existe mais cooperação
é porque esses outros não querem, diz ela. E porquê? - Perguntam vocês. Porque
em primeiro lugar gostaria de submeter o PS à execução de políticas destrutivas,
em segundo lugar para caçar aqui e ali uns votinhos de alguns indecisos e de descontentes
com tudo e com todos. Não podemos afirmar com convicção que Catarina Martins é falsa.
Faz parte do seu número de teatro a que a obriga a caça ou à dispersão de potenciais
votos no PS, com o objetivo único de evitar uma maioria absoluta do PS.
O BE e o PCP pretendem que a votação no PS seja
a mais baixa possível, ainda que os votos vão para a direita, desta forma terão
mais margem de manobra para, no contexto da Assembleia da República, pressionar
o PS para impor políticas radicais. Sem uma maioria muito significativa do PS
fica-se novamente na dependência das extremas-esquerdas do BE e do PCP com as
inerentes dificuldades de governação pior do que a “geringonça”, ou, então,
caminha-se para o país ficar na dependência da direita.
8.
Na campanha que a esquerda anda a fazer, não tenho
a certeza se foi João Oliveira do PCP, andam por aí a dizer que se a direita
ganha poderão vir campanhas de contestação socia e a instabilidade. Mas que
raio de ponto de vista. Os portuguese não gostam que os ameacem e, quando assim
é, vão mesmo para o outro lado. PCP e BE vejam se se acalmam. Estão muito agitados
por debaixo dessa calma que aparentam.
9.
Há ainda os que falam e relembram com saudosismo
o tempo de Salazar, (André Ventura recuperou a matriz do modelo do regime
salazarista “Deus, Pátria, Família” ao qual acrescentou “Trabalho”). O regime de
então utilizava todos os meios para neutralizar e difamar quem se lhe opunha. Atualmente
a extrema-direita e a direita democrática utilizam a mesma estratégia da difamação.
10. No caso de Ventura a suas narrativas populistas e demagógicas para baralhar a população são abissais. Então André Ventura não se tem afirmado contra a quantidade e qualidade de pessoas que recebem o RSI? Pois é! Mas a última dele foi negar agora o que afirmou poucos dias antes. Vejamos a resposta que deu ontem quando um jornalista lhe fez uma pergunta sobre o número de casos de “subsidiodependência no país”, à qual respondeu baralhando, para confundir, o que disse com o que não disse: “Como é que quer que eu tenha dados concretos sobre pessoas que recebem o RSI e que não devem? É você que os tem? As pessoas só veem e sabem que é assim. Sabemos quantas pessoas recebem RSI. Não sabemos, infelizmente, quantas pessoas o recebem indevidamente”.Podemos deduzir que André Ventura passou do ser contra o RSI para o “fiscalizar a sério”. Isto é, quer saber das quarenta e tal mil pessoas que recebem RSI para quais são as “dezenas de milhar” (?) que o recebem indevidamente. Para saber quantas pessoas recebem aquele tipo de apoios, basta consultar AQUI. O problema de Ventura é o de saber quais os que o recebem e têm Porches à porta. Por outro lado, isso da fiscalização todos os partidos, da esquerda à direita a querem! Deixemos por agora o troca tintas.
11.
Voltando a António Costa. Em 20 de setembro de
2019 a revista alemã Der
Spiegel escrevia sobre a “receita” do “confiável socialista” António Costa.
Considerava assim como confiável o primeiro-ministro de Portugal. A autora, Helene
Zuber, escrevia então: “Ele sabe como tirar um país da crise. O
primeiro-ministro de esquerda, António Costa, salvou Portugal da falência.
Enquanto isso, a economia está a crescer. Agora está prestes a ser reeleito.
Qual é a sua receita para o sucesso? Quando António Costa conhece pessoas olha-as
diretamente no rosto e sorri. Curioso, o primeiro-ministro português aproxima-se
de colegas como Angela Merkel, aperta as mãos educadamente antes da entrevista
ao vivo na televisão, ouve atentamente os cidadãos que se dirigem nas ruas ao seu
chefe de governo. Parece estar sempre de bom humor, com o olhar levemente irónico
dos olhos escuros por trás dos óculos sem aro. O simpático governante Costa,
com seu governo de minoria socialista, tolerado pelos comunistas e pelo bloco
de esquerda trotskista, resistiu por quatro anos - um feito que quase ninguém
esperaria que ele fizesse. Dando-lhe o epíteto de "Geringonça", a
oposição zombou da aliança quando assumiu o cargo há quatro anos. Costa tem um
mandato bem-sucedido”.
12.
Quanto a Rui Rio Rui ele é um político popularucho
que fala para o povo entender. Sem papas na língua diz o que pensa o que às
vezes o prejudica. Daria um grande propagandista de feira com receitas para
todas as maleitas. Nas entrevistas e nos debates mostra-se um exímio vendedor
de um qualquer produto que alguém, se não pensasse, não hesitaria em comprar. Há,
todavia, um problema. É que, depois do comprador abrir o embrulho e ao acabar
de verificar que o produto verificaria que estava com defeito e que a devolução
do material era impossível.
13.
Próximo de eleições a direita cata casinhos e tudo
o que seja desfavorável que transformam e exageram para parecerem importantes.
Esmiúça tudo para desviar o vazio apresentado nas suas propostas.
14.
O que Rui Rio diz e disse no passado não têm
muita relevância para o atual contexto por ser uma incógnita o que se irá
passar se ele ganhar as eleições e se uma potencial crise se confirmar. O que
ele disse em 2017 quando candidato à liderança do PSD, ao responder a uma
pergunta sobre a mudança de linha de rumo do partido, caso fosse eleito, assegurou
que não vai haver mudança de estratégia e deu o exemplo da ex-ministra das
Finanças, Maria Luís Albuquerque, com quem teve divergências mas que, no
seu lugar, seguiria a mesma linha, e que faria "igual" ou faria
“pior” do que a governante.
15.
Então dr. Rui Rio, ir para o Governo e encontrar
contas certinhas era tão bom não era?
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